Docente do Cedu estuda a aplicação das TICs no ensino superior
Tecnologias da Informação e Comunicação criam novos espaços de aprendizagem
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Jhonathan Pino – jornalista
Quando a professora Maria Aparecida Viana, do Centro de Educação (Cedu), apresentou o trabalho “A Inovação na Formação de Professores Iniciantes no Ensino Superior”, no Encontro do Servidor, em novembro do ano passado, ela expôs o conhecimento adquirido nos últimos nove anos de ensino na Ufal. Os desafios na sala de aula, provocados pelas tecnologias, sempre estiveram arraigados nos objetos de estudo dela.
Apesar de ser nomeada em 2009 na Ufal, o relacionamento com a Universidade começou quando entrou no mestrado em Educação. À época, o contato com o professor Luís Paulo Mercado fez com que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) nas atividades de ensino virassem ponto central em seus estudos.
Para a professora, numa realidade em que a internet está muito presente na sociedade, possibilitando a criação de novos espaços de aprendizagem e a troca de experiências entre diferentes comunidades, ganha mais corpo a ideia dos professores como eternos aprendizes.
Independente da graduação, os docentes se veem obrigados a utilizar novos recursos disponíveis na rede, como o Youtube e o Wikipédia, ao mesmo tempo em que cai o conceito de que o aluno só aprende prestando atenção naquilo que o professor fala. “O aluno deixa de ser um ser passivo para atuar em conjunto com seu professor”, enfatiza Aparecida.
“Hoje é possível ao aluno, via internet, fazer excelentes pesquisas, assistir a um bom vídeo, realizar visita a um grande museu, sem sair de casa. A partir de um ambiente virtual de aprendizagem, é possível interagir, partilhar, contribuir com os colegas e ainda discutir e construir juntos, por meios de interfaces de comunicação”, acrescenta a docente.
Falta familiaridade com as TICs
Mas toda essa revolução que as TICs trouxeram veio acompanhada de um problema bem comum: a falta de preparo dos professores para lidar com os recursos. Foi pensando nisso que a Universidade começou a trabalhar a capacitação de professores do ensino público.
Conforme Maria Aparecida, durante a última década, na Ufal foram oferecidos cursos de mídias na Educação para os professores da rede estadual e municipal, também com vagas destinadas aos professores da Ufal. “Infelizmente não tínhamos muita adesão dos professores, não era dada atenção às tecnologias”, lembra.
Maria Aparecida ainda relata que apesar da oferta dos cursos, o número de interessados cresceu lentamente. Alguns deles foram oferecidos pelo Programa de Formação Continuada Mídias na Educação, ofertado em todo o Brasil, pelo Ministério da Educação, e que já formou mais de cem professores, por meio do curso de especialização em Mídias, ofertado pelo Cedu.
A partir da experiência obtida nesses cursos, surgiu o convite para que a docente trabalhasse no setor de Formação Continuada, da Pró-Reitoria de Graduação, durante a gestão da professora Maria das Graças Medeiros. “Na época, fizemos um levantamento com os colegiados dos cursos e os seus respectivos alunos sobre as principais necessidades. Foi constatado que havia uma lacuna na formação dos professores, no que diz respeito às metodologias inovadoras”, relata.
Institucionalização da educação a distância
Em 2007, a Pró-Reitoria de Graduação respondeu ao edital da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e implantou a educação a distância na Ufal, “Nesse período, ficamos com a formação dos professores que iriam atuar nos cursos na modalidade à distância: Física, Pedagogia e Sistema de Informação”, relata Maria Aparecida, que também acompanhou o curso-piloto de Administração de Empresas a distância, coordenado pela Faculdade Economia, Administração e Contabilidade (Feac).
Mas o trabalho da docente na formação de professores não se restringiu a Alagoas. Por meio da UAB, foi possível a Maria Aparecida capacitar professores da Universidade Federal da Bahia e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE).
Ao mesmo tempo, a Coordenadoria Institucional de Educação à Distância (Cied) oferece cursos de formação continuada para os professores interessados em participar dos cursos na modalidade à distância, e os docentes recém-ingressos são convocados a se engajar em uma formação na Ufal.
“Os maiores entraves, até o momento, giram em torno da questão estrutural da EAD na Universidade. Podemos dizer que nos últimos anos muitos avanços têm ocorrido, como a Plataforma Moodle, que passou a ser mais estável, colaborando com o processo de interação e apoio didático pedagógico às disciplinas que se habilitaram a usar os 20% de suas cargas horárias no meio on-line”, revela a docente.
Ao verificar as dificuldades dos professores na aplicação das TICs, Maria Aparecida expôs essas experiências em seu doutorado, que está em estágio de produção da tese. Nesse trabalho, ela faz um levantamento sobre o tipo de formação que os novos docentes têm, ao entrar na Universidade, como também analisa os cursos já oferecidos pela Ufal, a fim de apresentar uma proposta de formação dos professores iniciantes na docência superior, em ambientes virtuais de aprendizagem.
Casos de sucesso
Conforme Maria Aparecida, existem vários professores que incluíram as TICs em suas práticas pedagógicas. Os cursos da área de Saúde, Administração, Arquitetura, Educação, Física e Matemática apresentam casos de sucesso. “Temos um caso que nunca esqueço: quando um professor de Letras e outra da Pedagogia, que participaram dos primeiros cursos, discordavam sobre o uso das tecnologias na sala de aula. Hoje eles são considerados excelentes usuários destes recursos. Utilizam blogs educativos em suas disciplinas”, relata.
A aplicação das TICs na sala de aula não ficam só na teoria de seus trabalhos científicos: Maria Aparecida também as utiliza em seu dia a dia: “Elas estão presentes em minhas aulas, em meus estudos, nos projetos que me envolvo, na formação dos colegas, na orientação dos tutores do curso de Pedagogia a distância. É um caminho sem volta. Não dá mais para dar aulas do jeito que recebi, quando aluna dessa instituição. Na minha época prevalecia o ditar e falar do mestre. Hoje é bem diferente: construímos e somos corresponsáveis pela construção do conhecimento, junto aos nossos alunos”, finaliza.