Ufal realiza ações de prevenção às doenças do trabalho
Progep trabalha para evitar danos físicos e psicológicos nos servidores
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Myllena Diniz – estudante de Jornalismo
O índice de profissionais que apresentam doenças ocasionadas pelo ambiente de trabalho cresce em todo o País. Na Universidade Federal de Alagoas, a Pró-reitoria de Gestão de Pessoas e do Trabalho (Progep) desenvolve medidas preventivas que alertam os servidores sobre possíveis danos físicos e psicológicos, como Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/Dort).
As ações dentro da instituição fazem parte do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (Siass), vinculado ao Ministério do Planejamento. O programa previne sobre diferentes transtornos que podem surgir devido a má adequação dos modos de trabalho. De acordo com o fisioterapeuta Deivson Oliveira, os casos mais comuns são as LER/Dort- conjunto de doenças relacionadas ao sistema osteoarticular, que abrange problemas musculares, nervosos e de articulações.
“Esse sistema é uma estrutura do corpo responsável por produzir movimentos. Então, qualquer disfunção apresentada por ele relacionada à interação entre o indivíduo e seu local de trabalho recebe esse nome. Em geral, isso ocorre devido ao desajuste postural ou funcional e pode ocasionar tendinite, bursite e outras doenças ortopédicas”, destacou.
Segundo o fisioterapeuta, o local da universidade com os maiores índices de profissionais que apresentam lesões desse tipo é o Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA). ”Em geral, o setor de Enfermagem possui elevado número de queixas, devido às atividades que envolvem o carregamento e a transferência de pacientes, e a carga horária com plantões”, informou. Ele ressaltou que os setores administrativos da instituição também merecem destaque pois muitos servidores trabalham sentados e em frente ao computador, o que expõe a coluna e membros superiores.
Combate e prevenção
A Progep oferece oficinas que orientam os servidores sobre as doenças, os tratamentos indicados, prevenções e direitos dos profissionais. O trabalho engloba fisioterapeutas, psicólogos, médicos e assistentes sociais. Além disso, atividades de ginástica laboral em, parceria com o curso de Educação Física, auxiliam o projeto. Esse conjunto de ações implica em aspectos produtivos e sociais, visto que evitam o afastamento do servidor de seu ambiente de trabalho e permite que ele desempenhe atividades de lazer.
Os servidores da instituição que apresentarem algum sintoma devem recorrer, primeiramente, à equipe médica do trabalho. A perícia indicará - de acordo com a análise do ambiente, a aplicação de questionários e outras pesquisas - se as lesões foram adquiridas pelas condições do setor e se há necessidade de afastamento. Caso o serviço seja o responsável por alterações na saúde do trabalhador, a equipe elabora um laudo médico que sugere as modificações necessárias.
Causas e sintomas
No Brasil, as LER/Dort correspondem a 45% dos benefícios concedidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo o fisioterapeuta, as três principais razões para o surgimento e a frequência das lesões são os fatores físicos, organizacionais e psicossociais. “O esforço físico exigido por determinadas atividades, a repetição de movimentos e o excesso de tempo com contração muscular que, consequentemente, causa a sobrecarga e a postura inadequada do indivíduo, acarretam desconforto e dor. Longas jornadas de trabalho, excesso de metas e problemas interpessoais também são responsáveis pelas LER/Dort. Além disso, há as predisposições individuais, como a depressão, a ansiedade e a insatisfação com a escolha profissional”, alertou.
Essas condições acontecem juntas ou isoladamente. No entanto, ao contrário do que a maior parte da população pensa, as questões psicossociais e organizacionais são os maiores agravantes para o desenvolvimento do distúrbio. “O ponto físico, muitas vezes, mascara outros fatores. Em geral, os indivíduos atentam para a mobília, mas esquecem que deficiências organizacionais e psicológicas são mais difíceis de serem resolvidas”, revelou Deivson Oliveira.
Para o combate e a prevenção, o fisioterapeuta Deivson Oliveira deu algumas instruções. “O hábito do alinhamento da postura é importante. É preciso evitar a permanência em uma determinada posição por tempo prolongado. Mas, caso não seja possível a variação da postura, ele sugere que intercale as jornadas de trabalho em micropausas de cinco a dez minutos, a cada uma ou duas horas. Além disso, os benefícios são possíveis ao manter o monitor na altura adequada e realizar exercícios de ginástica laboral durante os intervalos”, informou.