Pesquisa aponta avanços e dificuldades do Campus Arapiraca

Levantamento sobre principais características da interiorização foi feito pela servidora Liliane Oliveira


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Liliane Oliveira revela os resultados de cincos anos do Campus Arapiraca
Liliane Oliveira revela os resultados de cincos anos do Campus Arapiraca

Jhonathan Pino - jornalista

“Mudar”, conforme o dicionário Silveira Bueno, significa “transferir de um lugar para outro; desviar; substituir; variar; transformar-se”. É um verbo pronunciado repetidamente por todos nós, mas que dificilmente ganha o sentido pleno de transformação, que lhe é de origem. Desde que Arapiraca, município localizado a 122 quilômetros de Maceió, ganhou o campus da Universidade Federal de Alagoas, essa palavra ficou mais presente no vocabulário da comunidade acadêmica da instituição.

Cinco anos após o início das atividades, completados em agosto de 2011, o Campus Arapiraca vem sendo avaliado sobre a qualidade dessas mudanças. O tema é fruto da pesquisa de uma servidora, a técnica em assuntos educacionais, Liliane Oliveira Brito, que acompanhou todo o processo de interiorização da Ufal. O objetivo foi fundamentar o Trabalho de Conclusão de Curso de Liliane, na especialização em Docência do Ensino Superior, pela Faculdade Educacional de Araucária, com o tema “A Interiorização da Universidade Federal de Alagoas – Campus Arapiraca: da intenção à realidade”.

A pesquisa (disponível em anexos abaixo) foi realizada no período entre agosto de 2010 e abril de 2011. Foram ouvidos 60 discentes, 20 docentes e dez técnico-administrativos, que trabalham no apoio do processo de ensino-aprendizagem do campus. Liliane procurou responder se as metas do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) foram atingidas.

A pesquisa se limitou ao Campus Arapiraca, sem incluir suas unidades de ensino, instaladas em Palmeira dos Índios, Penedo e Viçosa, e abordou a efetivação das metas do Reuni quanto à política de interiorização. “Esses objetivos estão diretamente ligados à ampliação da oferta da educação superior pública, à reestruturação acadêmico-curricular, à renovação pedagógica, à mobilidade intrainstitucional, ao compromisso social da instituição e ao suporte da pós-graduação, com o desenvolvimento e aperfeiçoamento qualitativo dos cursos de graduação”, detalhou Liliane.

Com os resultados obtidos, ficou constatado que o Campus Arapiraca ainda precisa alcançar alguns dos objetivos pensados no Reuni, mas que a universidade vem conseguindo atender às expectativas da comunidade acadêmica, pela qualidade com que a educação superior chega ao interior alagoano.

“Muitos discentes, mesmo antes de terminar o curso, conseguem aprovação em concursos públicos e em mestrados. Essa situação só vem confirmar, que apesar de haver impasses, a instituição vem conseguindo imprimir um diferencial na vida dos muitos jovens do Agreste alagoano, que, até então, nem se permitiam sonhar com uma profissão respaldada pelo diploma do ensino superior”, destacou Liliane.

Temáticas levantadas

Os docentes da Universidade foram questionados quanto à frequência das aulas práticas, à participação deles em atividades extensionistas, à flexibilidade da matriz curricular, à formação pedagógica e à articulação da graduação com o ensino médio. “Ficou constatado que dos professores pesquisados, 100% estão envolvidos, junto com os alunos, em atividades de extensão; 45% caracterizaram o currículo da instituição avançado junto às metas do Reuni; 60% dos professores estão envolvidos em projetos que visam à articulação das ações da Universidade com as atividades da educação básica”, resumiu Liliane.

Por outro lado, a pesquisa também constatou alguns pontos negativos: “40% dos professores pesquisados apresentaram objeções à organização curricular da unidade, pois afirmaram que a matriz organizada por eixos e troncos de conhecimentos, ao invés de gerar uma interação entre as disciplinas dos cursos, acaba engessando os conteúdos; 80% afirmaram nunca ter participado de cursos de formação continuada no âmbito da instituição”, relatou a pesquisadora.

Origem dos estudantes

No caso dos estudantes, a técnica analisou se eles são oriundos do ensino público ou do privado; a renda familiar; a conciliação entre estudos e trabalho; e a participação em programas de assistência estudantil. Ficou constatado que 72% dos alunos são oriundos de escolas públicas, consequência da implantação de políticas afirmativas e medidas para acabar com vagas ociosas, adotadas pela Ufal; 75% dos discentes não estão envolvidos em atividades de assistência estudantil.

Com os técnico-administrativos, foram pesquisados os motivos de evasão da instituição; das vagas ociosas; a formação profissional e a autoavaliação das atividades. Com relação à evasão, os técnicos disseram que dos alunos que abandonam o curso, 40% deles fazrm isso para trabalhar; os outros 60% são motivados pela reprovação em disciplinas. No entanto, 60% desses servidores acreditam que a instituição toma as medidas necessárias para combater essa evasão.

Para Liliane, a relevância que os projetos de extensão ganharam no Campus Arapiraca é a demonstração de que a instituição tem buscado mudar essa difícil realidade. “Isso revela que a universidade vem trilhando a política de formar profissionais comprometidos com o desenvolvimento humano, já que a maioria desses projetos se volta para realidade social”, concluiu.

A servidora também relata que medidas estão sendo tomadas pelo próprio Campus Arapiraca. “As discussões são constantemente realizadas na busca da qualificação da instituição, pois a comunidade acadêmica tem a consciência de que o acesso foi dado, mas é preciso militar pela consolidação da Ufal no Agreste alagoano”, disse.

O trabalho também foi apresentado durante o Encontro do Servidor da Ufal, promovido em 2011. Para realizar a pesquisa, Liliane contou com o apoio da pedagoga e aluna do curso de Serviço Social Angêla Maria Ferreira. Confira gráficos da pesquisa abaixo.