Servidora busca doadores voluntários para hemocentro do HU

A partir de projeto de extensão, Eunice Alves corre atrás de voluntários para salvar vidas


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Eunice Alves relata que maior parte das doações é para reposição de estoques
Eunice Alves relata que maior parte das doações é para reposição de estoques

Jhonathan Pino - jornalista

Na próxima quinta-feira, 14, comemora-se o Dia Mundial do Doador de Sangue. A data é uma forma de divulgação da importância que o ato tem para a vida de todos. Foi pensando em mais uma forma de atrair doadores para o Hemocentro do Hospital Universitário Alberto Antunes (HUPAA), que a servidora Eunice Alves, apresentou o projeto “Doação em Ação: formação de agentes multiplicadores para captação de doadores de sangue”, no Encontro do Servidor do ano passado. Desde 2008, o projeto tenta familiarizar os estudantes e servidores à doação voluntária de sangue.

Nos três anos de atividades do projeto, 57 estudantes já atuaram como multiplicadores e foram estimulados a disseminar a consciência sobre a doação de sangue no universo acadêmico. Os alunos são de vários cursos e o objetivo deles é dobrar o número de doares mensais. Atualmente, o Serviço de Hemoterapia do HU realiza em média 200 coletas de sangue por mês, mas conforme Eunice, o ideal seria de ao menos 20 doadores por dia, ou 400 ao mês.

“Em períodos de campanhas, principalmente vésperas de feriados, os doadores voluntários se mobilizam. Nos outros períodos, os doadores de reposição garantem o estoque. Verificamos ainda que no inverno e férias escolares o número de procedimentos no hospital cai e, em consequência, o número de doadores”, relata Eunice.

Atividades dos multiplicadores

Os multiplicadores fazem exposições em espaços coletivos de grande circulação de estudantes, como a biblioteca, restaurante universitário, hall do hospital e unidades acadêmicas; abordam o público em salas de aula; participam de caravanas, em parceria com o Hemocentro de Alagoas (Hemoal), e divulgam a necessidade de reabastecer os bancos de sangue por meio da internet, com os blogs, e-mail, e outros instrumentos on-line, como forma de chamar a atenção do público universitário para a questão.

Em pesquisa realizada pelo Serviço Social do Núcleo de Hemoterapia do HU ficou apontado que 66,72% dos doadores eram de reposição, ou seja, eles doavam para repor o estoque, após este ser utilizado pelos parentes e amigos. Entre os dados também ficou constatado que apenas 7% dos doadores eram alunos da universidade.

O número ainda fica menor com as restrições de atendimento no hemocentro. Por motivos estruturais, além do baixo número de servidores, a coleta no HU só funciona no período da manhã, das 7:30h às 11h. Para Eunice, a limitação financeira do hospital também o obriga a aplicar os poucos recursos em atividades curativas, deixando de lado atividades educativas e preventivas, como o Doação em Ação.

A servidora ainda relata que apesar de vasta, a legislação em torno da questão não é capaz de garantir o abastecimento de sangue no Brasil e para isso são exigidas estratégias que visem ampliar a quantidade de doadores. “Acredito que falte a cultura de doação regular de sangue em nosso País. Outro motivo é a falta de condição física de muitos candidatos à doação, que são considerados inaptos por diferentes motivos. Para doar, o indivíduo tem que estar saudável e isso elimina muitos do processo”, esclarece.

Resultados

No Banco de Sangue, em conjunto com Eunice, atuam duas médicas, uma enfermeira, uma bióloga, além de estagiários e a equipe de estudantes que faze parte do projeto. De certa forma, todos eles comemoram o aumento no número de doadores voluntários e um envolvimento maior da comunidade universitária com a doação de sangue.

“A pesquisa e cadastro de doadores de sangue da Ufal têm nos permitido verificar a contribuição do projeto para melhorar o índice de doação. Tem sido um trabalho árduo, pois como já disse é uma tentativa de mudança em uma cultura de não doação, e acredito que isso leve tempo”, relata Eunice.

No momento, os participantes do projeto fazem encontros semanais e entrevistas e tiram as dúvidas dos possíveis doadores. Os encontros presenciais são nas tardes das quintas-feiras.

Quem pode doar

Os interessados em se candidatarem à doação de sangue devem ter no mínimo 18 anos, 50 kg e portar um documento de identificação com foto, a exemplo da Carteira de Identidade. Os voluntários devem estar alimentados e não podem ter contraído doença de Chagas, aids, sífilis e hepatite após os 10 anos. As gestantes e lactantes também são impedidas de se candidatarem à doação.