Da folha datilografada às laudas de processo cível
“Juíza Mirandinha” prova como a relação com a universidade acompanhou mudanças em sua vida
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Bruno Cavalcante – estudante de Jornalismo
A data é 13 de maio de 1974: início da história de Maria do Carmo com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal). De datilógrafa à advogada no escritório modelo do Fórum Universitário José Cavalcanti Manso, a servidora coleciona momentos importantes na vida e de contribuição à instituição nesses 38 anos de atividades. Dedicação ao trabalho e vontade de crescer são expressões que se associam à Maria do Carmo. Ela soube aproveitar as oportunidades que a Ufal lhe ofereceu: ascensões internas e formação superior em Serviço Social e Direito.
Micarmo, como é chamada pelo colegas de trabalho, ingressou na instituição como datilógrafa, depois passou a ser assistente administrativa e, por último, ingressou no quadro como assistente social. Passou 26 anos na Pró-reitoria de graduação (Prograd), mas saiu em 2000, quando teve uma rápida passagem pela Pró-reitoria de gestão (Progep). Em 2001, a convite do juiz e professor do curso de Direito Wlademir Paes, passou a integrar a equipe de advogados do escritório modelo.
Maria do Carmo acompanha os alunos nas diligências de processos na área de família e do consumidor. Embora tenha chegado o tempo para aposentadoria, a servidora não pensa em parar. “Quando completei o tempo para me aposentar, optei por continuar trabalhando; não quis parar porque a oportunidade de vir para o fórum foi importante tanto para contribuir com a Ufal, como também uma soma de conhecimentos para mim. Foi uma chance que tive, incentivada pelo professor Wlademir”, confessou.
Formações acadêmicas
Após fazer concurso para a Ufal e ser efeitivada como servidora, Maria do Carmo conseguiu se graduar em dois cursos superiores. Em 1981, concluiu Serviço Social e, 14 anos depois, iniciou o curso de Direito. Essa última graduação tem uma história de bastidores interessante. Uma experiência negativa em sua vida despertou a vontade em cursar Direito. A falta de ética de um advogado durante um processo acabou a motivando.
A vontade de trabalhar na área familiar também foi um incentivo à Maria do Carmo; foi uma maneira de relacionar suas duas graduações. “O curso de Serviço Social é como se fosse um binômio de Direito, já que ambos buscam amenizar o sofrimento das pessoas, lidam com os desassistidos e buscam a paz social da pessoa”, disse. Ela não chegou a exercer profissionalmente o Serviço social, mas atuou voluntariamente no planejamento da igreja católica e do Centro Social Urbano (CSU) do bairro de Santo Eduardo, em Maceió.
Cantina da amizade
Nesses anos como servidora da Ufal, Maria do Carmo tem várias histórias marcantes. Dentre elas, a cantina da amizade, que teve início há cerca de 16 anos. Uma turma formada por 14 servidores se reunia no horário do almoço. “Como trabalhávamos os dois horários, trazíamos nossa refeição de casa. Reuníamo-nos na cozinha do gabinete do reitor (na gestão do professor Rogério Pinheiro) e compartilhávamos a comida. Era uma reunião prazerosa, um momento de desconcentração e relaxamento”, contou.
Foi nessas reuniões diárias que Maria do Carmo ganhou o apelido carinhoso de “juíza Mirandinha” (personagem da novela A Indomada, da TV Globo). O codinome era uma brincadeira das amigas da cantina em alusão à sua formação em Direito e por ela ter aceito o convite para trabalhar no Escritório Modelo da Ufal.
Cantora e compositora
Além das atividades administrativas, Maria do Carmo adora música e é por isso que participa do coral da Ufal, o Corufal, desde 1998. Além de cantar ela também compõe. Ela conta que está em fase de finalização um CD voltado para o público infantil, cujas composições levam sua assinatura. Além de músicas, ela também escreve poesias para homenagear amigos em datas marcantes como aniversários, casamentos, bodas de prata e de ouro, por exemplo. Nas festas para as amigas e agregados da Cantina da Amizade, ela sempre compunha versos para homenageá-las. Foi assim para Conceição, da Progep; Maria do Carmo Viana Cavalcante, do DRCA; professor Rogério Pinheiro e Eliene, hoje aposentada.
Em 2010, ao concluir o curso Planejando para o futuro, realizado pela Progep, Maria do Carmo escreveu uma poesia para deixar marcado o momento. As atividades eram voltadas para os servidores que estavam próximos da aposentadoria. A “juíza Mirandinha” consultou sua memória e fez um balanço do seu caminho na universidade.
Ela garante que do início, desde que entrou na universidade, até agora valeu a pena tudo o que trabalhou na Ufal. “Eu acredito ter contribuído muito. Todo funcionário tem que ter em mente que seu trabalho é seu sustento. E eu sempre tive o zelo por tudo o que faço”, traduziu com olhos vibrantes.
Mãe coruja
Micarmo é mãe coruja assumida. Sempre lutou para garantir a educação e encaminhar os três filhos: Carlos Everaldo, Carlos Eugênio e Chiara Maria. Eles e sua netinha Maria Beatriz são sua razão de viver, como confessa orgulhosa. Os três fizeram graduação na universidade e Carlos Everaldo fez mestrado na área de Administração e, hoje, é professor concursado da Ufal.