Fábio Marroquim completa 70 anos sem planos de deixar a universidade
Professor diz que interesse pela educação é herança de família
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Jhonathan Pino - jornalista
Em Alagoas, sempre ouvimos falar de famílias de médicos, advogados, engenheiros e de outras carreiras tradicionais que representam status e, em alguns casos, riqueza. Dificilmente somos lembrados de gerações de professores. E foi justamente essa a profissão escolhida pela família Marroquim. Ao completar 70 anos, o professor aposentado e assessor jurídico da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Fábio Marroquim, nos fala um pouco sobre o interesse pela educação.
“Costumo dizer que o ensino foi uma herança deixada pela minha família. Meu pai, Mário Marroquim, foi professor da Faculdade de Direito de Alagoas. Minha irmã, Miran Marroquim, foi professora do curso de Geografia e coordenadora de centro de ensino. Outra irmã, a Sílvia, é professora aposentada do Estado”, relatou Fábio Marroquim.
Mas a lista não para por aí: outros sobrinhos assumiram cadeiras nos cursos de Odontologia e Medicina. Trata-se de uma tradição que teve início com o seu tio-avô, Adalberto Marroquim, talvez o primeiro da prole a vir morar em Alagoas. Este assumiu o cargo de diretor de Instrução Pública, equivalente a Secretário de Educação do Estado, no início do século XX.
Dupla atuação a serviço do Direito Público
Na vida de Fábio Marroquim o magistério entrou apenas dez anos após o término de sua graduação. O servidor entrou na Ufal como professor auxiliar do Departamento de Economia, Administração e Contabilidade e logo assumiu cargos de coordenador de curso e diretor de departamento. Cinco anos depois ele voltaria à Faculdade de Direito de Alagoas, agora incorporada à Ufal, como docente.
Ao mesmo tempo em que lecionava, o servidor assumiu cargos de procurador, assessor jurídico e consultor geral do Estado de Alagoas, sempre atuando na área de Direito Público. “Essas experiências foram muito importantes no desenrolar da minha carreira acadêmica, pois desenvolvi as duas visões: prática e teórica”.
Quando se aposentou como professor, em 2005, Marroquim foi convidado pela reitora Ana Dayse Dórea, para atuar como assessor jurídico da Ufal, devido ao seu vasto conhecimento em Direito Público e, desde então, vem atuando com o assessor jurídico na instituição. “É impossível saber tudo. Você sabe as bases, mas com a parafernália da legislação pública, sempre sendo atualizada, é impossível ficar a par de tudo. É justamente para o trabalho de pesquisa que a assessoria serve”, explicou.
Para Fábio Marroquim, ele sempre conseguiu conciliar a atuação como professor e como assessor jurídico. “Nunca tive dificuldade de lidar com os alunos, sempre estive próximo a eles, sem estar junto deles. Nenhum deles faltou respeito comigo. Naturalmente tive sorte porque encontrei neles os meus amigos”, mencionou.
Os anos passaram e muitos dos alunos amigos tornaram-se colegas de trabalho, alguns magistrados, outros docentes da universidade, como Gabriel Ivo. “A vantagem do professor, que também é desvantagem, é a semelhança com o ofício de ator, seja de teatro, cinema, ou televisão. Porque independentemente do humor, quer esteja contente, triste, inspirando ou não, sempre tem que atuar e dar a aula dele. Quando as circunstâncias lá fora não favorecem, o contato com a turma faz com que se recupere a motivação”, comparou Marroquim.
Talvez seja por essa vontade de unir teoria e prática, amizade e coleguismo que Fábio Marroquim tenha sido homenageado como Professor Emérito da Ufal, título que o iguala a nomes como Ib Gatto Falcão e Gilberto de Macedo. “O trabalho é parte da qualidade de vida. Ninguém pense que deixar de trabalhar, ou ficar inerte seja bom negócio. Não é. O que nos mantém vivos é justamente isso. É manter a sensação de que ainda estamos vivos”, ressaltou o professor, ao responder sobre sua previsão de data para deixar a Ufal.