Servidor e padre: conheça a história de Márcio Manuel
Servidor da Ufal e padre da Paróquia Divino Espírito Santo participou da JMJ
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Myllena Diniz – estudante de Jornalismo
Uma história de dedicação à fé e ao conhecimento marca a trajetória do nosso personagem de hoje. Basta cruzar com o técnico em assuntos educacionais Márcio Manuel Nunes pelos corredores do bloco de Psicologia para ver sua devoção ao cristianismo. No bolso da camisa, um pequeno crucifixo revela o perfil de um homem que trilhou seu caminho, ao lado da ciência e da religião.
Pela manhã, o técnico acompanha atividades pedagógicas da pós-graduação em Psicologia, assina papelada e trabalha em frente ao computador. À tarde, a roupa social e as atividades acadêmicas dão lugar à batina e ao serviço religioso. Na Paróquia Divino Espírito Santo, o Padre Márcio reside, exerce o sacerdócio, orienta fiéis e celebra missas.
Acostumado a ouvir confissões como padre, o técnico educacional Márcio Nunes revelou ao Portal do Servidor um pouco da sua história. No total, já são quatro anos de sacerdócio e um de serviço público. “O trabalho na Ufal é muito oportuno, porque sempre gostei do estudo, da pesquisa, da academia. Acho importante conciliar bem as atividades acadêmicas e as religiosas”, explicou.
Quando o assunto é profissionalismo, o servidor não deixa dúvidas e afirma que é preciso separar as duas funções que exerce: “É sempre uma grata surpresa quando as pessoas me reconhecem como padre. No entanto, mesmo sabendo que sou sacerdote em cada segundo de minha vida, acredito que consigo separar bem as atividades acadêmicas das religiosas. Tenho respeito às diversas formas de manifestações da fé e às pessoas que têm dificuldade de acreditar nela. A pluralidade é típica da universidade”, refletiu.
Ciência e religião
No currículo, duas graduações e uma especialização demonstram vida dedicada aos estudos e à religião. Formado em Filosofia e em Teologia, pela Ufal e pelo Seminário Nossa Senhora da Conceição, respectivamente, o servidor também possui especialização em Docência do Ensino Superior, pelo Cesmac.
Filosofia e Teologia são cursos obrigatórios para o ordenamento sacerdotal, mas Márcio Manuel ampliou os horizontes. Como docente, ele lecionou disciplinas de Ética, Fenomenologia da Religião, Introdução à Filosofia e Filosofia Medieval. Segundo o servidor, a experiência como docente e pesquisador mostrou que é possível existir diálogo entre ciência e religião.
“A vivência religiosa tem grande influência na descoberta de valores que nos dignificam como homens e mulheres. Eu não vejo contradição alguma entre a pesquisa científica e a vivência da fé. Eu vejo professores e pesquisadores que participam das atividades da Paróquia. A própria ciência tem visto o papel fundamental da fé para a vida das pessoas, até para a saúde mental. Todo ser humano tem uma dimensão espiritual que precisa ser trabalhada”, reforçou.
Paixão pelo sacerdócio e pela universidade
Ainda na juventude, Márcio Manuel despertou o interesse pelo catolicismo e pelo universo acadêmico. Em 2012, ele conseguiu integrar as duas paixões. “Eu descobri a alegria de poder me consagrar a Deus. Pensava em ser outro profissional, mas sentia que faltava uma presença maior dentro da igreja. Foi dentro desse contexto que me senti chamado por Deus. Por outro lado, sempre foi um dos meus sonhos estar na Ufal. Eu sonhava em contribuir com a universidade e esse sonho foi alcançado”, revelou o padre.
Apesar de separar as duas vocações, o padre participa de projeto católico desenvolvido, voluntariamente, por estudantes da Ufal. Uma vez por mês, após o expediente, o sacerdote celebra missa no auditório da Biblioteca Central, no Campus A. C. Simões. Segundo ele, o momento oportuniza reflexões e alimenta a espiritualidade na instituição.
Outro projeto do servidor é a obra Presença da Igreja Católica em Alagoas: o primeiro bispo e a nova diocese, que será publicada pela Edufal. O lançamento está previsto para a 6ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, a ser realizada de 25 de outubro a 3 de novembro deste ano.
Participação na Jornada Mundial da Juventude
Por uma semana o padre Márcio Manuel ficou hospedado no Rio de Janeiro, para acompanhar Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Com ele, embarcaram cerca de 130 jovens alagoanos para o evento, que teve início na terça-feira (23). No sábado, 28, o sacerdote concelebrou uma missa com o Papa Francisco, na Catedral de São Sebastião, às 9h.
Para o padre, o momento é de emoção e de confiança. “Os preparativos têm sido bem intensos. É um período de grande esperança, de renovação da fé. O Papa veio para o Brasil trazer uma grande mensagem de paz, de diálogo entre as religiões e de tolerância. No evento, há aprofundamento da fé e as pessoas são convidadas a discutirem políticas para a juventude”, avaliou.
Neste ano, a JMJ carrega o lema Ide e fazei discípulos entre todas as nações (Mt. 28, 19), escolhido pelo Papa Bento XVI, que renunciou ao Pontificado em fevereiro. O padre Márcio Manuel esclarece que o intuito do encontro é envolver fiéis de todo o mundo. “A Jornada é um evento mundial. Em Maceió, por exemplo, acolhemos jovens franceses. É um momento de unidade, de reconhecimento da fé como uma dimensão universal, de união entre vários países. É um evento onde, a cada 2 anos, cerca de 1 milhão de jovens se reúnem”, salientou.