Posse de servidores na Ufal é marcada pela emoção
Reitor Eurico Lôbo emociona-se ao destacar o africano Vagner Bijagó entre os empossados
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Lenilda Luna - jornalista
Toda solenidade de posse é repleta de emoção. Para os responsáveis pelo Departamento de Administração de Pessoal (DAP), que no último ano tem coordenado processos de contratação de servidores concursados quase que mensalmente, a atividade poderia até cair na rotina. No entanto, a história de cada servidor que chega, não permite que esse ritual se torne repetitivo.
Foi assim, mais uma vez, na manhã desta quinta-feira, 12, no gabinete do reitor Eurico Lôbo, quando o diretor do DAP, Frederich Ebrahim, leu a relação dos nove servidores que estavam sendo empossados. A Ufal recebeu mais um químico, um auxiliar em administração, cinco assistentes em administração, um administrador e um docente, para os três campi.
Após a leitura do termo de posse e o juramento do servidor, o reitor franqueia a palavra aos recém-chegados e surgem os relatos que emocionam. São ex-estudantes da Ufal, felizes por continuar ligados à instituição, pessoas que vieram de outros estados em busca de novas oportunidades, profissionais formados em outras instituições comemorando a conquista profissional.
O reitor Eurico Lôbo faz então a saudação, parabenizando a todos pelo esforço empreendido para conquistar um cargo no serviço público federal. Destaca também o crescimento da Ufal na última década e a importância da interiorização para o desenvolvimento socioeconômico do Estado de Alagoas e solicita que os novos servidores se engajem nos projetos. "Estamos agora com 53 obras em andamento em todos os campi. Vamos enfrentar esse período de cortes financeiros sem deixar de crescer", ressaltou o reitor.
O africano docente da Ufal
Na solenidade, o momento marcante foi mesmo a presença de Vagner Bijagó entre os empossados. Tanto que, depois de cumprimentar um por um dos empossados, o reitor teve que fazer uma pausa para conter a emoção quando se referiu ao Bijagó. "Acompanhei a sua trajetória dentro dessa instituição e todo o seu esforço para crescer profissionalmente. Fico muito feliz em empossá-lo como professor do Campus do Sertão", declarou Eurico Lôbo ao africano.
Vagner Bijagó veio da Guiné Bissau e chegou na Ufal em 2003, como estudante bolsista do Programa de Cooperação Educacional do Governo Brasileiro com países da África e América Latina (PEC-G). A proposta do programa é garantir a formação profissional de estudantes de países com menor oferta de vagas no ensino superior, para que eles possam voltar e contribuir com o desenvolvimento em seus locais de origem.
Mas, no caso de Bijagó, os laços foram se estreitando por aqui mesmo. Assim que terminou a graduação, ele foi aprovado no mestrado em Sociologia. O retorno a seu país com uma situação política conturbada foi adiado mais uma vez. "Não foi uma decisão fácil. Estava longe da minha família e queria contribuir com a democratização do meu país, mas por outro lado, precisava abraçar as oportunidades que surgiram aqui", relatou Bijagó.
E essas oportunidades não pararam de surgir. O africano foi aprovado, em 2012, na seleção para professor substituto do Campus Arapiraca. O contrato era temporário, mas ele conseguiu um visto para permanecer no Brasil. "Neste período em que estou aqui, passei por momentos difíceis, como o falecimento do meu pai. Mas contei com o apoio dos amigos da Ufal para superar a tristeza e seguir em frente", disse Valter Bijagó.
Agora, o africano celebra mais uma grande conquista. A posse como professor efetivo do Campus do Sertão representa um vínculo permanente com a instituição, justamente em uma região que enfrenta índices de desenvolvimento humano muito precários. "A Ufal se tornou parte importante da minha vida. Espero colaborar com a qualidade do ensino do Campus do Sertão e com o desenvolvimento dessa região sofrida do Estado. Sei bem o que é superar obstáculos para estudar", ressaltou o novo professor.
Essa trajetória do africano foi relatada recentemente pelo reitor Eurico Lôbo à ministra Nilma Lino Gomes, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir). "Vagner Bijagó é um exemplo de como podemos crescer cultural e intelectualmente estreitando o intercâmbio com os países africanos. Assim como temos profissionais que buscam novos mercados por lá, ganhamos muito com a presença deles em nossa instituição", concluiu Eurico Lôbo.
Leia a entrevista que Bijagó concedeu em 2012, quando foi aprovado como professor substituto