Histórias de superação marcam posse de novos servidores
Três docentes e uma técnica falaram das provações que enfrentaram no percurso até a Ufal
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Jhonathan Pino - jornalista
A Universidade Federal de Alagoas recebeu mais quatro novos servidores semana passada. A posse foi no gabinete da vice-reitora Rachel Rocha, que ouviu histórias de superação de três docentes e uma técnica até chegar à efetivação como integrantes do quadro de pessoal da Ufal. Também participaram da cerimônia o diretor-geral do Campus do Sertão, Agnaldo Santos, e dos professores Francisco Monteiro e Sérgio Onofre.
Os 583 Km de distância entre as cidades de Salvador e Maceió, um assalto e uma noite na delegacia não impediram Joseane dos Santos de fazer o concurso para a Ufal; os 4.121 km e os altos preços de passagens aéreas entre Porto Velho, Rondônia e a capital alagoana não impossibilitaram Marcos Grutzmacher de participar do mesmo processo seletivo; nem os 930 km e a família em Irecê-BA tornaram mais distante o sonho de Julio Bispo dos Santos de ser professor de uma universidade federal. Essas foram parte das jornadas enfrentadas pelos docentes que tomaram posse na Ufal, no último dia 27.
Além dos três, a vice-reitora Rachel Rocha ouviu a arapiraquense Sâmela Brito, na cerimônia de posse de servidores. “Eu estou super feliz, porque fui formada aqui na Universidade e poder servir a esta casa, pra mim, tem um gostinho a mais. Eu venho de uma outra graduação, também na Ufal, a de Ciências Contábeis, mas me identifiquei mais com Biblioteconomia, minha segunda graduação. Aqui passei por tudo, ensino, pesquisa e extensão. Agora, eu vou poder colocar na prática tudo que aprendi. Eu me sinto abençoada por poder fazer o que eu gosto na minha casa”, disse a nova bibliotecária do Campus do Sertão.
Joseane dos Santos também irá compor o quadro de servidores dos campi do interior da Ufal. Ela será professora de Libras da Unidade de Ensino Penedo, depois de enfrentar uma série de obstáculos: “Pra mim foi um desafio muito grande conseguir fazer esse concurso, porque quando estava vindo para Maceió, eu e minha colega, a gente sofreu com aquela onda de assaltos que estava ocorrendo em dezembro. Foram levados todos os nossos pertences, inclusive a mala com os nossos títulos. Fomos para a delegacia, passamos a noite toda lá e saímos direto para o concurso”, relembrou a nova docente, que viu aumentar, nessas dificuldades, a sua força de vontade para trabalhar na Ufal.
Grutzmacer é o outro professor de Libras que a Ufal recebeu. Ele integrará o quadro da Faculdade de Letras (Fale), em Maceió. “Eu não tinha dinheiro para fazer o concurso, porque eu morava em Rondônia, mas num congresso eu conheci uma pessoa da área e fui convidado para ficar na sua casa, aqui em Maceió. Na mesma semana fui ver as passagens e vi que estavam mais baratas exatamente nos dias em que precisava”, disse o docente, que é de origem humilde.
O outro docente empossado, Júlio Bispo, também tem uma trajetória de superação. Ele vem de uma família de baianos, que foi viver em São Paulo para fugir da seca. Ainda criança, ele voltaria à Bahia, onde adquiriu toda a sua formação na área de Educação. Agora, na situação de docente do Campus Arapiraca, terá que percorrer mais de 800 km semanalmente para conciliar família e trabalho. “Agora venho para outro estado, vou trazer minha família para cá também e aqui vou construir um novo histórico”, disse.
Recepcionados pelos mais antigos
Acompanhada do diretor-geral do Campus do Sertão, Agnaldo Santos, e dos professores Francisco Monteiro e Sérgio Onofre, a vice-reitora relatou que a entrada desses servidores representa uma força nova para a instituição. “Do mesmo jeito que a gente fica muito feliz com a entrada de nossos ex-alunos, como é o caso de Sâmela, ficamos muito felizes com as pessoas que vêm de fora, com essa bagagem cultural que enriquece muito a instituição”, disse Rachel Rocha, que se sente privilegiada ao acompanhar essas mudanças na Ufal desde a época que era discente.
O diretor do Departamento de Administração de Pessoal (DAP), Frederich Ebrahim, relatou que a perseverança tem que ser algo contínuo nos servidores. Ele deu seu recado para os empossados: “A mesma chama que os alimentou durante toda a trajetória que vocês tiveram, numa preparação para passar pelo certame, vocês têm que mantê-la acesa pelos próximos 30, 35 anos na Universidade”, destacou o responsável administrativo pela cerimônia.
O diretor do Campus do Sertão também falou das adversidades na instituição. “A Ufal é uma Universidade que cresceu muito nos últimos dez anos, que era pequena e se transformou numa instituição grande, mas com uma infraestrutura ainda em desenvolvimento, onde há necessidade de ampliar a infraestrutura e o quadro de servidores técnicos”, relatou Agnaldo Santos.
Fechando a cerimônia, Sérgio Onofre explanou as gratificações de se trabalhar no interior do Estado. “O nível de reconhecimento do professor é muito grande. A importância da Universidade é enorme, dado às carências existentes. Costumo dizer que esse é o melhor emprego do mundo, porque de certa forma, nós somos os nossos próprios chefes. Somos todos, sem exceção, gestores, porque participamos em alguma medida das instâncias de decisão da Ufal, seja no colegiado do curso, da unidade, num fórum, dirigindo, ou mesmo fazendo parte do conselho”, falou o professor da Unidade Penedo, ao dar as boas-vindas aos novos colegas.