Professora Clara Suassuna recebe Comenda Nise da Silveira
Pesquisadora foi reconhecida por seu trabalho nas comunidades quilombolas
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Jacqueline Freire – jornalista colaboradora
Na noite da última terça-feira (31), o Governo de Alagoas homenageou dez mulheres alagoanas conhecidas por defender as minorias. Entre elas, a professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Clara Suassuna, combatente na luta pelos direitos dos índios Koram Xucuru-Cariri e dos povos quilombolas.
A docente, que atua no Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab), disse que a comenda representa um dos maiores prêmios para qualquer pessoa da sociedade brasileira, “pelo papel que ela [Nise da Silveira] desenvolveu na área médica e social, quando quase ninguém via no doente mental um ser produtivo e sensível”.
Segundo Clara Suassuna, “quando a própria condição de mulher produtiva era vista de forma preconceituosa, no início do século 20, Nise da Silveira conseguiu abrir várias portas para as gerações futuras e todas nós (mulheres) temos que nos lembrar dos caminhos complexos e injustos que, as vezes, ela teve que enfrentar”.
Ela ainda fala das heroínas atuais. “Hoje, há outras personalidades femininas. É impossível citar todas, mas uma em especial quero lembrar: nossa querida e amada: Cida (Maria Aparecida), que tem na vida pessoal e profissional o encanto da filosofia”, conclui Clara.
A Comenda é entregue sempre no mês de março, numa referência ao Dia Internacional da Mulher, e remete à Nise da Silveira, psiquiatra alagoana, uma das primeiras mulheres a se formar em medicina, em 1926. É fundadora do Museu de Imagens do Inconsciente (1952), no Rio de Janeiro, no qual trabalhos artísticos de pintura e modelagem, produzidos por pacientes esquizofrênicos, são armazenados e estudados. Além disso, também fundou a Casa das Palmeiras (1956), ambiente que nasceu com o intuito de dar um tratamento diferenciado aos egressos de hospitais psiquiátricos.