Defesa da valorização da carreira marca homenagem aos professores da Ufal

Lenilda Luna - jornalista

A homenagem aos professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), realizada na manhã da última terça-feira (17), no auditório do Centro de Interesse Comunitário (CIC), foi marcada por muita emoção, homenagens e música. Logo no início, houve uma aplaudida apresentação de dois professores do curso de Música, Mario Marochi, ao piano, e Flávio Ferreira, na clarineta.

Em seguida, os professores mais novos e os decanos de cada unidade, receberam rosas como uma simbólica homenagem. “Uma forma de privilegiar esse encontro entre o entusiasmo de quem está começando e a experiência de quem já se dedica há décadas ao ensino, pesquisa e extensão na Universidade”, destacou a professora Sandra Regina da Paz, pró-reitora de Graduação e organizadora do evento.

A mensagem aos docentes foi feita pela professora Betânia Brito, doutoranda em Educação. “Não sei fazer discurso formal, sou uma pessoa regida pelas emoções e falar de educação toca os meus sentimentos. Sou filha de uma família de trabalhadores que morava no povoado Camaçari ( na Usina Coruripe). Todos os dias, quando meu pai ia para o trabalho, levava-me pela mão até a escola e dizia: é aqui onde você pode encontrar o seu futuro”, narrou a educadora.

A professora relatou ainda como aprendeu a importância da escola e do papel do professor com os ensinamentos do pai que era semianalfabeto, mas educou oito filhos. “Cada um de vocês mostrou que é possível ir além das invisibilidades. Vocês enxergam feito águias e, apesar das circunstâncias difíceis, o mundo pode abrir-se para cada um de nós através do olhar de vocês. Aqui, eu afirmo, como dizia Paulo Freire, que há um espaço de possibilidades”, ressaltou Betânia.

Após as homenagens, a reitora Valéria Correia, ao lado do vice-reitor José Vieira, saudou aos professores. “Este momento de encontros e encantos também nos remete a reflexões necessárias na atual conjuntura. Destaco três acontecimentos que nos preocupam. São elementos da realidade que ressaltam a necessidade de reafirmar o protagonismo dos professores”, pontuou a reitora.

O primeiro acontecimento destacado foi a ação judicial contra a ex-ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleanora Menicucci. No próximo dia 24, será  julgado o processo movido pelo ator Alexandre Frota contra a ex-ministra porque ela criticou o fato de um estuprador confesso ser recebido em audiência no Ministério da Educação. “Que inversão é essa, quando as pessoas consideram a apologia ao estupro como piada, mas a ex-ministra é punida por criticar essa postura”, alertou Valéria Correia.

Outro fato ressaltado pela reitora foi o trágico suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier, na madrugada do dia 2 de outubro. Um mês antes, ele havia sido preso em operação da Polícia Federal, sob a acusação de desviar recursos da Educação a Distância, fato que o reitor negava. “Foi uma espetacularização, sem a devida presunção de inocência, sem direito ao contraditório e à defesa. O reitor foi preso, despido, constrangido intimamente e exposto publicamente. Além de tristes, ficamos preocupados com a vulnerabilidade a que estão expostos os gestores das universidades”, criticou a reitora.

Por fim, Valéria destacou a Sugestão Legislativa que tramita no Senado propondo a revogação da Lei que instituiu Paulo Freire como Patrono da Educação Brasileira. “Respeitamos o legado de Paulo Freire à educação brasileira, tão bem citado na homenagem feita aqui hoje entre os professores e professoras. Esses três fatos nos instigam a cumprir o papel de formação das consciências críticas, que Paulo Freire defendia, para enfrentar o obscurantismo e a corrupção em que está mergulhada a nação brasileira”, concluiu a reitora.

Os discursos da professora Betânia e da reitora Valéria Correia podem ser conferidos na íntegra na página da Ufal no Facebook:

Betânia Brito http://bit.ly/2hOHgCz

Reitora Valéria Correia http://bit.ly/2gkiNoc