Projeto da Ufal concorre ao Prêmio Newton Prize 2018
Pesquisa é sobre Leishmaniose e premiação será na próxima terça-feira (13), às 19h, na Embaixada do Reino Unido, em Brasília
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A pesquisa Dispositivos de Acoustfluídica multi-propósito para novos ensaios de doenças tropicais negligenciadas, coordenada no Brasil pelo professor Glauber Silva, do Instituto de Física (IF) da Universidade Federal de Alagoas, é uma das concorrentes ao Prêmio Newton Prize 2018 que contemplará o projeto vencedor com o valor de 200 mil libras (cerca de R$ 1 milhão) destinados a continuidade dos estudos científicos. A pesquisa na Ufal começou em julho e tem conclusão prevista para o primeiro semestre de 2020.
Esta é a primeira edição do Prêmio Newton para países da América Latina que conta também com participação do México, Chile e Colômbia como finalistas. Assim como o Brasil, cada um participa com seis projetos, para seleção de um para cada país, com igual valor de premiação. A participação brasileira no disputado Prêmio registrou mais de 50 projetos em diferentes áreas para a seleção dos seis finalistas. A solenidade de premiação será na próxima terça-feira (13), a partir das 19h na Embaixada do Reino Unido em Brasília.
O Prêmio Newton Prize é um incentivo para cientistas desenvolverem mais parcerias com o Fundo Newton e o Reino Unido na solução de desafios globais, como a pobreza, mudanças climáticas e saúde. Um dos objetivos é a troca de experiências em pesquisas desenvolvidas por britânicos e brasileiros. Três critérios conectados com a atuação do Fundo Newton são contemplados nos projetos finalistas: o foco em pessoas; pesquisas novas; e como ideias podem ser um catalisador para transformação.
Sobre a pesquisa concorrente e em andamento, Glauber Silva, que é coordenador do Laboratório de Ultrassom do Instituto de Física, destaca que o Brasil é região endêmica da doença, transmitida pelo mosquito conhecido como palha, sobressaindo-se o Nordeste com o registro do maior número de casos.
“A leishmaniose é uma doença tropical negligenciada endêmica em mais de 90 países. Quando deixada sem diagnóstico nos estágios iniciais, ela pode progredir em condições graves levando à incapacidade ou à morte. Esta doença, que causa ferida na pele e que pode acometer inchaço de órgãos como fígado e baço, reduz drasticamente a qualidade de vida piorando a pobreza e a desigualdade social”, enfatiza.
O pesquisador diz que atualmente o tratamento para a doença tem alta toxicidade e o objetivo do estudo em desenvolvimento é usar a tecnologia de ultrassom para a descoberta de novas drogas e diagnóstico mais difícil. “Uma nova tecnologia de dispositivos para diagnóstico rápido e de baixo custo oferece uma perspectiva de cura quando a leishmaniose é mais facilmente tratável. Uma outra investigação está em andamento para melhor compreender a leishmaniose, ajudando a encontrar novos medicamentos para tratar esta doença”, informa Glauber.
Ele destaca que protótipos serão testados no Brasil trazendo benefícios imediatos para essas pessoas em áreas de risco e afirma que as melhorias na saúde propiciadas pelo projeto levarão a melhor qualidade de vida e pode ser um fator de desenvolvimento econômico. “Os novos dispositivos acústicos podem quebrar o ciclo de doenças tropicais negligenciadas em regiões pobres em todo o mundo. O desenvolvimento dessa nova tecnologia em parceria com o Brasil levará a criação de novos empregos qualificados em tecnologia e manufatura”, acrescenta o pesquisador destacando a importância do projeto em seus diferentes aspectos.
Na Ufal, o projeto conta também com a participação da professora Magna Suzana Alexandre Moreira, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), que estará presente à solenidade, e tem a parceria do professor Bruce Drinkwater, da Universidade de Bristol (Inglaterra), coordenador do lado inglês do projeto.
Oportunidade de participação
A pesquisa desenvolvida no Instituto de Física e participante do Prêmio Newton Prize, segundo Glauber Silva, surgiu como resultado da colaboração do Projeto Newton Fund, entre a Ufal e a Universidade de Bristol, em 2016. Os estudos na instituição alagoana contam também com participação de dois alunos do mestrado em Física e em Biologia e dois do doutorado dessas respectivas áreas.
Físico com doutorado em Ciência da Computação, Glauber pertence também ao Grupo de Pesquisa Acústica com os professores André Baggio, José Henrique Lopes (Campus Arapiraca), Ueslen Rocha e José Pereira Neto (Unidade Penedo) e mais seis alunos dos cursos de Física e de Ciência da Computação.