Professoras são premiadas por defesa dos direitos da pessoa negra

Prêmio Tia Marcelina homenageia personalidades que lutam pela igualdade racial

Por João Paulo Rocha - estagiário de Relações Públicas
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Professora Lígia Ferreira durante a premiação
Professora Lígia Ferreira durante a premiação

Duas professoras da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), tiveram seus trabalhos na luta por uma sociedade mais justa e igualitária reconhecidos através do Prêmio Tia Marcelina. A ação é do Governo do Estado com objetivo de homenagear personalidades de Alagoas que atuam na luta pela igualdade racial. 

Na cerimônia, que ocorreu na noite da quarta-feira (12), promovida pela Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), a professora Ana Cristina Conceição Santos, do Campus do Sertão; e a diretora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da Ufal, Lígia dos Santos Ferreira, subiram ao palco para recebimento da honra por todo empenho na luta, principalmente dentro da Universidade. 

“Além de professora da Ufal Campus do Sertão, também me reconheço enquanto ativista no meio acadêmico, pois venho desenvolvendo constantes ações junto à população negra e comunidades quilombolas em torno da Universidade. Então, o prêmio não é só a valorização da cultura e da história, como também evidencia a necessidade e a ausência de políticas públicas para essas comunidades”, enfatiza Ana Cristina. 

Ligia Ferreira explica que por meio da sua militância no âmbito acadêmico, em prol das pautas identitárias com foco na população negra, o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher (Cedim), indicou seu nome ao prêmio. “Me sinto imensamente lisonjeada e, ao mesmo tempo, emocionada, devido à importância da história de Tia Marcelina em defesa das religiões de matrizes africanas no Estado de Alagoas. Receber esse prêmio me irmana à ancestralidade e me conecta às pautas de luta do feminismo negro em Alagoas, em que os índices de agressão e ausências de políticas públicas para a população negra são os maiores, especialmente para nós mulheres”, ressalta. 

Além das professoras da Ufal, outros representantes de luta pelos direitos foram homenageados. A premiação ocorre desde 2016 e foi criada em homenagem à Tia Marcelina, descendente do Quilombo dos Palmares e ex-escrava africana que tornou-se símbolo após sua morte, em 1912, durante A Quebra de Xangô, episódio conhecido como um dos piores atos de violência devido intolerância religiosa.

“Uma mulher negra, como muitas das nossas ancestrais, detentoras de saber e mãe de santo, que, em uma perseguição violenta aos terreiros de Alagoas, foi humilhada e agredida em um ato de violência religiosa. Essa homenagem à Tia Marcelina atualiza a história de resistência das nossas mães pretas em relação às forças de poder instituído neste Estado, as quais ignoram as religiões de matrizes africanas, pretas velhas e pretos velhos, enfim, os nossos ancestrais”, finaliza Ligia.