Servidor da Unidade Viçosa fala dos desafios para conciliar vida acadêmica com trabalho
Tiago Rodrigues concluiu Medicina Veterinária na mesma unidade onde trabalha
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Diana Monteiro – jornalista
No disputado mercado de trabalho a luta para ingressar no serviço público faz parte do sonho de muita gente. Quando o êxito é alcançado, além de gratificante, motiva comemorações e marca nova etapa de vida, mas às vezes, traz também muitos desafios. Imagine conciliar estudo e trabalho e conseguir ter bom desempenho em tarefas tão distintas como as de aluno e de servidor. Assim foram os últimos cinco anos da vida do servidor técnico da Universidade Federal de Alagoas, Tiago Rodrigues, lotado na Unidade Viçosa e recém-graduado no curso de Medicina Veterinária, em funcionamento naquela unidade.
Residente em Maceió, Tiago ingressou na Ufal em 2010 como técnico de laboratório de Anatomia e Necropsia e disse ter despertado para fazer a graduação a partir da sua vivência como servidor. "Foi bastante cansativo conciliar a atividade acadêmica com as laborais e consistiu num grande desafio, mesmo trabalhando e estudando no mesmo local. O meu desempenho só foi possível porque tive sempre o apoio da família, dos colegas de trabalho, da coordenação do curso e da própria direção da unidade”, disse em tom de agradecimento a todos que colaboraram e torceram por seu crescimento e formação superior.
Ele aproveita para citar alguns sacrifícios necessários para que a caminhada, como aluno, transcorresse como devia, dando conta das tarefas. "Algumas vezes foi preciso eu me utilizar das faltas as quais tinha direito para preparar aula prática, utilizar também parte da hora do almoço para elaborar as peças para as aulas práticas, assim como reforçar os demais conteúdos do curso”, enfatiza.
Ao descrever a rotina enquanto estudante e servidor técnico-administrativo, o deslocamento para chegar no horário das primeiras aulas, às 7h20 da manhã, também é apontado por Tiago como outro grande sacrifício. “Costumava pegar a primeira van complementar em Maceió às 5h da manhã para chegar às 7h em Viçosa para aulas e provas e também para trabalhar. Os períodos que exigiram essa mobilidade foram poucos, mas o desafio foi grande e consegui dar conta das respectivas tarefas sem prejudicar ambas", frisa Tiago.
Na correria de vida, otimizar o tempo e o aprendizado foi prioridade na então carreira acadêmica de Tiago e com essa obstinação e consciência aproveitou todas as oportunidades. Daí a participação em projetos de Iniciação Científica e de Extensão e atuação, como colaborador, em projetos. Na dinâmica vida de graduando foi monitor das disciplinas anatomia e farmacologia. “Sempre gostei muito de anatomia e encontrei na Medicina Veterinária uma forma de me manter estudando anatomia, só que agora dos animais, minha área de formação", frisou.
TCC
Como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) Tiago Rodrigues desenvolveu estudo, sob a orientação do professor Thiago Barros Correia, denominado de Avaliação da exposição laboral ao formaldeído e efeito adversos em alunos do curso de Medicina Veterinária de uma universidade pública em Alagoas e diz que utilizou o próprio ambiente de trabalho para desenvolver a pesquisa.
Segundo Tiago, alunos do curso, durante a formação, são expostos a diversos riscos físicos, químicos ou biológicos. Entre os químicos está o formaldeído que causa efeitos adversos à saúde. Tiago explica: “Durante o estudo foi avaliada a exposição dos alunos ao formaldeído em aulas de anatomia, relatando-se seus efeitos adversos em pré e pós-exposição observando a concentração ambiental. Como houve a constatação de efeitos maléficos à saúde, concluiu-se que a substituição do formaldeído se torna um fator decisivo na qualidade de vida dos alunos”, destacou.
Novos desafios
Medicina Veterinária é a primeira graduação de Tiago Rodrigues e para a admissão do cargo ao qual fez concurso não foi necessária a formação superior. Em seu projeto de vida profissional disse vislumbrar a carreira docente e vai se submeter à seleção do mestrado do Programa de Pós-graduação em Inovação e Tecnologia Integradas à Medicina Veterinária para o Desenvolvimento Regional, em funcionamento na Unidade Viçosa .
Ele aproveita para destacar a importância e positividade da interiorização da Ufal, iniciada no Agreste e diz considerar arrojado e inovador o projeto ao qual pertence. "Mesmo sabendo das dificuldades, como a falta de recursos, num desfavorável contexto atual, a interiorização levou as regiões do Agreste e do Sertão ao crescimento em vários aspectos, entre eles, movimentação da economia local e da vida social. Há muitos estudantes oriundos de outros estados, que optaram por morar no interior”, reforça.
Sobre a desvinculação da Unidade Viçosa do Campus Arapiraca, já aprovada pelo Conselho Universitário (Consuni) da Ufal, ele diz vê-la como uma expansão e forma de captar mais recursos dando maior suporte ao curso, bem conceituado com nota 4, e essa realidade é uma demonstração de que todo o investimento feito no local não foi em vão.
Com a nova realidade, outra positividade apontada por ele trata-se do dinamismo das ações do curso: "O Centro de Ciências Agrárias, localizado no município de Rio Largo, é próximo à região metropolitana e é provável que a demanda de atendimentos a pequenos animais venha a crescer, como também traz a perspectiva da garantia de mais recursos. Além de proporcionar a interação dos alunos com outros cursos e programas de pós-graduação em funcionamento e propostos pela citada unidade", acrescentou Tiago Rodrigues mostrando-se antenado com as mudanças em andamento.