Com 35 anos de Ufal, alegria de Aloísio Nunes é lembrada por amigos
Professor lutava contra câncer de fígado e faleceu à espera de um transplante
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Um homem alegre e incentivador. É assim que os amigos e alunos descrevem o professor Aloísio Nunes, que faleceu no último sábado (23) e foi sepultado neste domingo (24), no cemitério Parque das Flores, em Maceió.
O docente dedicou 35 anos de trabalho à Universidade Federal de Alagoas e recebeu o apelido de Aló, como era carinhosamente conhecido. “Aló dedicou a sua vida à sala de aula de forma ética, competente e marcante. O querido professor nos deixou hoje, vítima de câncer de fígado, em um hospital da cidade do Recife, onde estimava um possível transplante, mas o seu nome está gravado na história, como um dos grandes mestres da academia e da nossa terra”, escreveu a família Nunes na rede social do Instituto de Ciências Humanas Comunicação e Arte (Ichca/Ufal).
José Aloísio Nunes de Lima era pai de três filhos e marcou uma geração de estudantes com seus incentivos ao estudo da Semiótica nos cursos de Comunicação e Design. Uma de suas alunas é hoje a diretora do Ichca, a professora Sandra Nunes. “O privilégio do convívio devemos celebrar e agradecer. Aló foi uma pessoa que sempre me incentivou. Foi ele quem despertou em mim a vontade de estar na Ufal como profissional. E não desistiu até que eu estivesse lá como professora”, comentou, lembrando a ironia de lamentar a morte do seu incentivador no dia em que completa 27 anos de Ufal.
Professores do Ichca se manifestaram sobre a perda do docente e amigo. “Estamos de luto. Uma pessoa humana do bem, por onde passou deixou lindas marcas. Ele já está em uma nova dimensão, com certeza, já está no céu, defendendo a Semiótica. Que lhe seja reservado um lindo lugar e de muita Paz”, escreveu Cida, que foi diretora no período de transição dos Centros para Unidades.
“Aló, colega e amigo de longa data, sempre sorridente e afável. Coordenador do curso de Comunicação Social quando eu era chefe de departamento. Ainda na minha aula, há 15 dias, perguntava à turma se tinha estudado Semiótica Peirciana com ele. Vai fazer muita falta. Sempre é e será lembrado com muitas saudades”, lembrou emocionado o professor Charles Zozzoli.
A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal) e vários diretores de unidades acadêmicas da Ufal lamentaram, em nota, a morte de Aloísio.
Trajetória acadêmica
Aloísio Nunes estudou Comunicação Social na UFPE, fez mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC e doutorado na mesma área também na PUC, em São Paulo.
Ingressou no serviço público em 1984, já na Ufal, onde passou toda a vida acadêmica orientando alunos em trabalhos de conclusão de curso e projetos de iniciação científica. Alóisio é autor de cinco livros publicados, o último deles lançado em 2014 durante o Congresso Acadêmica Integrado de Inovação e Tcnologia.
Na época, ele explicou que a obra Fricções em Graciliano Ramos foi resultado de um projeto de pesquisa realizada com alguns dos seus alunos. E sobre o título, comentou: “Fricção é o casamento entre ficção e choque. A ficção é aquilo que desejamos e o choque é o que não podemos evitar”.