Cursos de comunicação homenageiam professor Érico Abreu
O encontro teve objetivo de homenagear e confraternizar resgatando a memória do Cos
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Neste mês comemorativo de dezembro, os cursos de Relações Públicas e Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) prestaram uma homenagem ao professor Érico Abreu, graduado pela Ufal. Durante a carreira de Jornalista, trabalhou como editor e repórter do Jornal de Alagoas e Semanário Extra e integrou a Assessoria de Comunicação do Banco do Brasil, além de contribuir como professor de Comunicação Social (COS) do Campus A. C. Simões desde de 1986 até outubro deste ano, quando se aposentou.
O evento também teve como objetivo confraternizar e relembrar a história do COS. Segundo a coordenadora do curso de Jornalismo, Raquel Monte, o encontro foi idealizado como forma de agradecimento. ‘‘A ideia foi do curso de Jornalismo, nosso objetivo é justamente fazer um gesto que simboliza a nossa gratidão e o afeto ao legado do professor’’, destacou.
Na abertura do evento, foi realizado um cineclube com um documentário intitulado Estou me guardando para quando o carnaval chegar, de Marcelo Gomes, também protagonista que retrata a cidade de Toritama do estado de Pernambuco, considerada um centro ativo do capitalismo local. Mais de 20 milhões de peças jeans são produzidas anualmente em fábricas caseiras. Orgulhosos de serem os chefes, os proprietários destas fábricas trabalham sem parar em todas as épocas do ano, exceto o carnaval, quando chega a semana de folga, eles vendem tudo que acumularam e descansam em praias paradisíacas.
Na sequência, teve uma roda de conversa com o professor da Faculdade de Letras (Fale), Marcus Matias, e a professora Raquel Monte, discutindo sobre a humanização e a utopia do Campus A.C. Simões (Ufal). O professor Marcus, tratou do interesse em trazer pontos da comunicação ao seu doutorado que tem como o intuito trabalhar a temática no documentário Utopia no Campus AC Simões, em parceria com a Universidade de Portugal.
Marcus Matias falou sobre a importância do trabalho em conjunto para ‘‘uma pesquisa multidisciplinar, na qual cada membro representante do curso poderá contribuir com a narrativa do imaginário do campus para uma perspectiva idealizada de um sonho de uma Universidade humanizada’’.
Homenagem
Foram 33 anos de luta e participação do professor nos cursos de Jornalismo e Relações Públicas por um ensino de qualidade e, por sua competência, foi homenageado, na última segunda-feira (16). Foi exibido um vídeo narrado pelo próprio professor, com o intuito de abordar sobre a resistência do bloco de comunicação e o seu papel como mestre do saber.
Alunos e professores expressaram a gratidão ao legado que deixará para o COS. O estudante de jornalismo, Lucas Amorim, conta do aprendizado que adquiriu: ‘‘O Érico foi um professor atencioso e dedicado. Sempre que tinha alguma dúvida ou precisava de alguma ajuda ele se prontificou em ajudar. Ele acompanhava de perto o desenvolvimento do aluno em sala de aula e nas atividades extraclasse’’.
A professora Sandra Nunes retratando sobre a expertise do professor Érico: “Quando conversávamos do surgimento da internet ele já dominava assuntos ligados à revolução tecnológica em aspecto de comunicação e informação’’.
A professora ainda ressaltou que ele fez parte de um time que acolheu várias turmas em tempos difíceis para o curso. Um time que fez história. ‘‘Quando cheguei aqui eram extensas as lutas estudantis, pelo reconhecimento do curso, por laboratórios, por equipamento, mesmo aquele que foi adaptado’’, conta.
‘‘Para quem escolheu e se dedica com amor, apesar de tudo, a essa profissão, a sala de aula é sem dúvida uma extensão das nossas ideias, da forma como compreendemos os pensamentos, com as pessoas e acima de tudo com o ato político. Érico é um professor e que sempre esteve próximo da igualdade social, de valorização do trabalho e da luta pela profissão’’, ressaltou a professora Janayna Ávila.
Janayna citou dois exemplos desse compromisso: ‘‘Quando criou uma categoria de premiação para a produção dos estudantes - O ‘prêmio Freitas Neto’, foi um gesto de incentivo e reconhecimento de grande importância para os recursos profissionais”.
Outro exemplo é da década de 80, quando Érico era estudante de jornalismo, investigou e escreveu em parceria com outro colega, atualmente jornalista, Mário Lima, uma reportagem especial que previa uma das piores tragédias já vividas pela população de Maceió, o afundamento dos bairros Bebedouro, Mutange e Pinheiro. ‘‘A reportagem publicada em 1985, no jornal do laboratório do curso revelou a partir de uma rigorosa apuração a relação direta que poderia ter entre os problemas dos bairros e as atividades de mineração na região, e foi ignorada pelas autoridades na época. A reportagem foi uma lição de jornalismo investigativo comprometido por uma causa de extrema importância como se vê hoje’’, conta a professora Janayna Ávila.
O estudante de Jornalismo, Jamerson Soares, relembra as aulas de editoração realizadas pelo professor. ‘‘O Érico tem o jeito muito único de ensinar, paciente e sábio; e entende muito de tecnologia e tem domínio no assunto’’, conta o estudante.
O professor Régis Cavalcanti revela a experiência de conhecer Érico: ‘‘Ele foi meu aluno, tão dedicado que virou professor. Passou toda sua carreira como mestre dedicado ao curso de Jornalismo na Ufal. É importante isso, no momento em que a profissão do jornalista vem sendo atacada e perseguida, porque é um tipo de atividade que cobra responsabilidade social das demais áreas existentes na nossa sociedade. E isso sempre incomoda’’.
Apesar da crise que existe na comunicação, o professor afirma que ainda há esperança: ‘‘Estamos em uma fase crítica e a forma que ela está sendo colocada deve ser repensada, mas o jornalismo em si vai sobreviver, porque tem muito futuro pela frente’’, ressalta e completa dizendo que ‘‘sempre será necessário o serviço de selecionar e checar as informações, que é o papel do jornalista. A função do jornalista sempre vai existir na sociedade. E será mais necessário agora do que antes. E a maneira como hoje trabalhamos, o jornalismo está mudando’’.
O mestre da sabedoria tornou-se uma das referências em comunicação e com reconhecimento de seu trabalho recebeu a Medalha Dênis Agra, em 2015, promovida pelo Sindicato dos Jornalistas do Estado de Alagoas (SindJornal).
Árvore do Saber
O professor Érico Abreu plantou, com os alunos, uma árvore da espécie Ipê no novo bloco de comunicação, a árvore do gênero Handroanthus da família Bignoniaceae. É muito conhecida por sua beleza, exuberância das flores das cores amarela, brancas ou roxas. Pode atingir 30 metros de altura e 60 centímetros de diâmetro, é uma planta que, numa certa estação do ano, perde suas folhas, geralmente nos meses mais frios e sem chuva, como outono e inverno; floresce de julho a setembro e frutifica em setembro e outubro.
Ser grato é sentir o amor nos pequenos detalhe da vida, e a forma que os alunos e professores encontraram de retribuir esse afeto foi de plantar e cultivar o que chamaram de ‘Árvore do Saber’. A lembrança da árvore será o resgate de uma memória vivida por todos aqueles que puderam conhecê-lo. ‘‘É gratificante ter o reconhecimento de ser lembrado’’, frisou Érico.
Desde adolescente, Érico Abreu mergulhava no universo da poesia. Em 2015, lançou seu livro intitulado Notícia Líquida - Ensaios sobre Jornalismo no século 21. Mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em Gestão Empresarial pela Universidade Federal de Alagoas e especialista em Gestão da Comunicação nas Organizações (Banco do Brasil/Universidade de São Paulo - USP). A Árvore do Saber representará a eternização de um profissional.