Professor da Ufal participa de editorial em revista internacional de Química

As ações científicas voltadas à área de química medicinal e biológica em desenvolvimento na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) ganham  mais um destaque no cenário mundial com a participação do pesquisador Edeildo Ferreira, que recebeu convite para fazer parte do corpo editorial da edição especial da renomada Revista Bioorganic & Medicinal Chemistry. O periódico, com Qualis Capes A1, fator de impacto maior que 3 e índice de citação maior que 5, é publicado pela Editora Elsevier, sediada em Amsterdã (Holanda) com escritórios em todo o mundo.

Segundo Edeildo, que é professor do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB), é a primeira vez que um pesquisador da Ufal vai fazer parte da editoração de um volume especial na revista, espaço até então ocupado por convidados oriundos de outros países, tais como China, França, Japão, Alemanha, Estados Unidos, Itália, dentre outros.

“Para mim é uma grande honra fazer parte do corpo editorial, mesmo como editor convidado, de uma revista tão importante para a área da química medicinal e biológica, uma vez que o periódico possui grande visibilidade nos âmbitos nacional e internacional. Fiquei surpreso com o convite e muito feliz. Principalmente por levar o nome da Ufal em tão importante ação e de ampla abrangência, fruto de reconhecimento de um trabalho empreendido na instituição nas áreas de ciência e tecnologia”, comemora. O convite foi feito pelo editor-chefe da revista Herbert Waldmann.

Coordenador de relevantes estudos científicos, a exemplo do Projeto Síntese e Avaliação de Novos Derivados de Acrimalidas e Benzopropionamidas Frente ao Vírus Chinkungunya, com  artigo premiado internacionalmente este ano, Edeildo já vem publicando trabalhos voltados para o desenvolvimento de compostos antivirais há algum tempo, inclusive na Revista Bioorganic & Medicinal Chemistry. O último trabalho publicado tratou sobre a compilação de dados relevantes para o desenvolvimento de compostos ativos baseados em estruturas moleculares de alvos dos diferentes tipos de Coronavírus (SARS-CoV, MERS-CoV e SARS-CoV-2, causador da covid-19).

O professor destaca que o trabalho foi produto de uma colaboração que envolveu os seguintes pesquisadores da Ufal: Ênio José Bassi, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), João Xavier de Araújo, do Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF), Sílvia Helena Cardoso, do Campus Arapiraca e os estudantes de pós-graduação Leandro Silva, Paulo Santos Júnior e  Júlia Brandão. Também participante do trabalho Letícia Anderson, do Centro Universitário Cesmac. O trabalho publicado, Druggable targets from cornonaviruses for desgning new antiviral drugss, pode ser acessado pelo link.

O volume especial do periódico, que contará também com a colaboração do pesquisador Pen Zhan, é dedicado a trabalhos de alto impacto científico que envolvam o desenvolvimento de compostos ativos frente ao vírus RNA. De modo geral, os tópicos de maior interesse são: Aptamrs agaainst RNA viroses; Inhibitors  targeting resistant RNA viroses; Antibodies and monoclonal antibodies; Computer-aided peptide-vaccine design; Inhibitors targeting host glycolytic (GLUTI-4, HK-II), lipid (fatty acid synthase – FASN), and nucleoside biosynthesis (dihydroorotate dehydrogenase – DHODH) pathways; Host-based approaches for designing inhibitors; Drug repurposing against high-pathogenic RNAviruses; Protein-protein inhibitors (PPI) targeting DC-SIGN, GRP-78, BIP, TIM, TAM receptors, and glucosidase; Inhibitors targeting host proteases (furin and signalase) and kinases (c-Src, NTRKI, MAP (K), ERK, and Abl).

 Edeildo também informa que o volume não estará apenas limitado aos citados tópicos e que  estudos incluindo grandes avanços na área de desenvolvimento de outras alternativas antivirais também são bem-vindos, desde que se enquadrem na área de química medicinal. O volume especial estará aberto para submissões, a partir do dia 1º de novembro no seguinte endereço eletrônico, onde o pesquisador deverá selecionar a opção “SI: Antivirals of RNA Viruses”.

Estímulo e produção do conhecimento

Ser convidado para colaborar como editor em um periódico de grande impacto mundial no cenário científico, para o professor Edeildo Ferreira representa estímulo, inclusive para colegas da unidade a qual pertence, o IQB, como também, mostra que é possível contribuir “de casa” com o progresso da ciência e tecnologia da Ufal no país, mesmo em tão desafiante ano (2020), marcado pela pandemia do Coronavírus, ainda em curso.

Além disso, as atividades empreendidas configuram-se como um feedback à sociedade e vêm mostrar que professores pesquisadores da instituição alagoana prosseguem dedicados às pesquisas, quer sejam em aulas remotas e/ou ações científicas. “De certa forma o desenvolvimento de atividades como editoração de volumes em grandes periódicos tem estimulado os estudantes. Inclusive,  alguns dos cursos de Química e de Farmácia têm me procurado para participar de atividades, seja desenvolvendo projetos científicos na linha de antivirais e/ou escrevendo trabalhos de revisão”.

Diz saber de sua missão enquanto pertencente à Ufal: a de estimular o senso crítico e a vontade de contribuir com a ciência do país, permitindo que uma realidade diferente da atual seja alcançada, por meio da solução de diversos problemas sociais.  O estímulo para o surgimento de jovens cientistas para ações inovadoras na área em foco, a saúde, com ampla contribuição para a melhoria de vida de pessoas acometidas por diferentes enfermidades virais, também foi destacado por Edeildo.

Investimento e progresso

O pesquisador aproveitou para reforçar a importância de investimento em educação, tecnologia e, principalmente em ciência, imprescindíveis para que uma nação progrida. E, nesse sentido, contextualizou a realidade atual ao dizer que a forma clara de se analisar a importância e o impacto social da ciência e tecnologia na vida das pessoas é a questão da pandemia dos SARS-CoV-2, (covid-19), onde o mundo inteiro está aguardando e torcendo por uma resposta/solução que somente a pesquisa científica será capaz de fornecer nesse momento,  uma vacina segura e eficaz.

“Então, fica evidente a importância social que a pesquisa científica tem para uma sociedade moderna e que pensa no futuro. Assim, professores, pesquisadores, centros de ensino e Universidades têm o dever de difundir o conhecimento para além das barreiras dos muros das instituições e permitir que a população, de modo geral, saiba o que está sendo desenvolvido e os benefícios sociais que tais ideias poderão trazer no futuro”. Edeildo teceu elogios a luta constante de órgãos financiadores por melhores orçamentos anuais para a ciência, tecnologia e educação, como o CNPq e Capes e citou como exemplo local, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).