Força-tarefa do óleo apresenta resultados preliminares
Demandas para a continuação das pesquisas também foram apresentadas à equipe da gestão central da Ufal
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Pesquisadores da força-tarefa para monitoramento do óleo na costa brasileira participaram, pela primeira vez, de reunião com o reitor Josealdo Tonholo para apresentar os resultados preliminares das pesquisas realizadas pelo grupo. Eles informaram que as pesquisas estão na fase do acompanhamento dos problemas causados pelo vazamento. Também estão sendo acompanhados os impactos na cadeia produtiva e na vida de cerca de 3 mil pessoas que trabalham diretamente com a venda de frutos do mar e pescados.
A reunião aconteceu no gabinete do reitor, na manhã da sexta-feira (21) e contou com a presença dos pesquisadores Marília Goulart (IQB), Emerson Soares (Ceca), Sandra Vieira (Ctec), José Vieira (Campus Arapiraca), Dayana Gusmão (Ctec), Leonardo Vianna (IC), Renato Gaban (ICBS), João Inácio Soletti (Ctec) e Mozart Daltro (Ctec). Além deles, a equipe conta com a participação de outros 18 pesquisadores das mais diversas áreas.
Os professores apresentaram os resultados de suas pesquisas, divididos pelos eixos temáticos estudados. Na ocasião, foram demonstrados os impactos do desastre ambiental na qualidade das águas, na contaminação de pescados, na atividade migratória de aves limícolas, o teor de contaminantes na areia, a quantidade de metais pesados encontrada e as condições ambientais para a biorremediação dos danos.
“Esse modelo multidisciplinar me agrada muito, acredito que esta seja uma forma muito eficiente de trabalhar. Estou, particularmente, muito feliz com a força-tarefa e espero que possamos aprender a atuar desta forma aqui na Ufal porque pretendemos aplicar esta fórmula para pesquisas importantes em outras áreas”, afirmou o reitor.
De acordo com o professor Emerson Soares, a equipe realizou diversas expedições às áreas afetadas para fazer a avaliação inicial, coletar materiais e observar a presença dos contaminantes nos sítios pesquisados. Para o pesquisador, além da questão do óleo, que já é importante por si só, a composição de uma equipe multidisciplinar na Universidade também tem ajudado a estruturar uma melhor forma de avaliar impactos ambientais para o Estado de Alagoas.
“Com esse problema foi possível perceber algumas questões que precisam ser trabalhadas e melhoradas. Por exemplo, nós não temos um histórico da qualidade da água, não temos rastreabilidade do nosso pescado. E isso é algo que precisa ser revisto. Para que, em situações como essa, nós possamos atuar prontamente, devemos revisar a forma como as pesquisas são feitas em situações de relativa normalidade, pois temos problemas crônicos que nunca foram monitorados”, avaliou Soares.
Agora, as pesquisas entram na fase do acompanhamento dos problemas causados pelo vazamento e na busca por alternativas de biorremediação. A 5ª coleta para análise da qualidade da água foi realizada no litoral sul e a 3ª análise de metais pesados também está em andamento. Os impactos na cadeia produtiva e na vida de cerca de 3 mil pessoas que trabalham diretamente com a venda de frutos do mar e pescados também estão sendo acompanhados pela força-tarefa.
Para a reversão de danos, os pesquisadores vislumbram algumas possibilidades. Uma delas é o uso de microorganismos que possuam o potencial de degradação gerando subprodutos que não agridam o meio ambiente e que deem um destino nobre aos contaminantes que estão sendo recolhidos no litoral. A ideia é transformar o óleo em dióxido de carbono, água e biomassa.
“Estamos na fase de identificar o que podemos utilizar nesta empreitada. As pesquisas estão avaliando o comportamento da microbiota local, a possibilidade de utilizar lodo industrial ou microorganismos como o Aspergillus sp. para tratar os resíduos recolhidos. O armazenamento foi uma alternativa emergencial, mas manter o óleo em aterros sanitários é inviável”, enfatizou Soares.
“O vazamento de óleo foi um problema inédito que exigiu uma ação rápida e essa nossa configuração com pesquisadores de diversas áreas para avaliar um problema comum sob diferentes perspectivas foi uma maneira excelente de trabalhar. Para a ciência não existem respostas rápidas, mas estamos trabalhando para dar as informações e as possibilidades de resolução que a população tanto anseia”, disse Marília Goulart.
O reitor Josealdo Tonholo avaliou a reunião como bastante produtiva e afirmou que o encontro foi apenas o primeiro de muitos para tratar do tema. “Falamos a mesma língua [da ciência] e estamos do mesmo lado. Fico feliz de ver o progresso que nossos pesquisadores. A Ufal reúne a melhor equipe, somos o que há de melhor neste estado. Temos que nos gabar da equipe competente e talentosa que existe aqui e essa força-tarefa é um modelo a se reproduzir para tantas outras temáticas que atingem Alagoas. Com recursos limitados, precisamos trabalhar de maneira eficiente e é exatamente isso o que vocês estão fazendo”, finalizou.