Ufal alerta sobre importância de intensificar isolamento social

Em manifesto encaminhado ao governador do Estado, mais de 100 cientistas defendem ações mais rígidas para conter avanço da covid-19

Por Thâmara Gonzaga – jornalista
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Diante do aumento de casos do novo coronavírus e da iminência do colapso da rede hospitalar pública e privada, pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas encaminharam uma carta manifesto ao governador de Alagoas e ao prefeito de Maceió. Os mais de 100 cientistas que assinaram o manifesto recomendam a adoção de medidas mais rígidas de isolamento no Estado. O documento recebeu todo apoio da gestão da Ufal e foi aprovado por unanimidade pelo Comitê de Gerenciamento da Covid-19 da instituição, em web reunião realizada segunda (11).

Os especialistas que assinam a carta -entre eles os coordenadores do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, Miguel Nicolelis e Sérgio Resende, além de pesquisadores da Fiocruz e do diretor do Hospital do Coração de Maceió- acompanham a evolução da doença desde o início da pandemia. E alertam que, apesar da aceleração no ritmo de contágio, as taxas de adesão ao distanciamento social estão diminuindo, ficando em torno de 44%, quando o ideal seria, pelo menos, de 70%.

“No ritmo atual de isolamento, mesmo expandindo a capacidade hospitalar, haverá um colapso da rede de saúde com data mais provável a partir da segunda quinzena de maio”, afirmam. Em matéria publicada no portal da Ufal, no início deste mês, os pesquisadores Askery Canabarro e Sérgio Lira, que também são signatários do manifesto, já faziam esse alerta.

De acordo com boletim do Imperial College de Londres, divulgado em 8 de maio, sobre a análise epidemiológica numérica e estatística da covid-19, a porcentagem de alagoanos infectados é estimada em 1,2% e o número de reprodução ficou próximo a 1,27.

Com base nesses dados e pelo estudo da evolução da doença em território local, os pesquisadores relatam que boa parte da população ainda é suscetível ao vírus e que estamos longe do pico de infecção. “As medidas de isolamento social implementadas pelos decretos estaduais surtiram efeito ao diminuir significativamente o ritmo de contágio, no entanto, ainda precisam ser intensificadas. Caso contrário, haverá um crescimento substancial na propagação do vírus”, dizem os cientístas no manisfesto.

Até segunda-feira (11), Alagoas registrava 2.343 casos confirmados e 138 óbitos por causa do novo coronavírus. Em relação ao número de leitos exclusivos para tratamento da doença, considerando a rede pública e os contratualizados, do total de 505, 315 estão ocupados. Já os leitos de UTI, do total de 155, 114 já atendem os casos graves. Os dados são do governo estadual e podem ser consultados nesta página

“A taxa de incremento de casos confirmados e de mortes é expressiva e alarmante. Os números aproximam Alagoas da tragédia italiana, uma vez que a velocidade de avanço das mortes se assemelha, sendo dobrada no intervalo médio de sete dias”, alertam.

Na nota técnica, que também foi encaminhada aos secretários Estadual e Municipal de Saúde, além de recomendar mais rigor no distanciamento social, os pesquisadores listaram alguns pontos considerados essenciais a serem implementados para controle da pandemia, a exemplo de campanhas de distribuição massiva de máscaras de pano para comunidades carentes, com instruções de uso e limpeza corretos, adequação de protocolos médicos para viabilizar internações antes do agravamento dos casos e desenvolvimento de estratégias para testagem para profissionais da saúde e população em geral.

Para conferir o Manifesto dos Cientistas, clique no arquivo abaixo. Uma versão atualizada com novas assinaturas está disponível aqui.