Sessão extraordinária do Consuni debateu sobre retorno às atividades

Durante a sessão, foram empossados os novos representantes dos estudantes no Conselho Universitário

Por Lenilda Luna - jornalista
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Print da reunião do Consuni encerrada nesta sexta
Print da reunião do Consuni encerrada nesta sexta

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) reúne uma comunidade de professores, estudantes, técnico-administrativos e terceirizados com mais de 30 mil pessoas, em três campi. Mas o alcance da Ufal é muito maior. Envolve as pessoas assistidas pela ações de Extensão e atendimentos feitos pelos grupos de pesquisa. Por isso mesmo, existe uma grande expectativa com o retorno às atividades.

O primeiro óbito por covid-19 no Brasil foi registrado em 8 de março, quatro dias depois, a Ufal já estava com a Comissão de Gerenciamento do Coronavírus em funcionamento. A suspensão do calendário acadêmico aconteceu em 16 de março, dia em que se iniciaria o primeiro semestre deste ano. A decisão foi necessária diante dos riscos de contágio e certamente impactou sobre a vida de muitas pessoas, em especial os calouros e os estudantes que já estavam em vias de se formar.

Mas a preservação de vidas tem sido a prioridade, desde o início do gerenciamento da pandemia. Por isso, ao avaliar as perspectivas e cenários para o retorno às atividades, o Conselho Universitário, que é a instância máxima de discussão e deliberação dos rumos da Ufal, contou com a reflexão, ponderada e balizada por dados científicos, dos conselheiros que representam os três segmentos da Universidade.

Foram 14 horas de discussões, iniciadas na terça-feira pela manhã, que continuaram na quinta-feira e só foram finalizadas na manhã desta sexta-feira. “Essa situação completamente atípica tem nos feito trabalhar muito mais na Universidade e foram muitas horas dispendidas nessa discussão porque é uma questão de muito complexidade, que precisa ser avaliada ponto a ponto”, disse o reitor Josealdo Tonholo.

Posse estudantil

Na abertura da sessão do Consuni, na terça-feira (14), o reitor Josealdo Tonholo pediu um minuto de silêncio em memória aos mais de 76 mil mortos no Brasil e mais de 1,3 mil em Alagoas. “A comunidade universitária tem sido profundamente atingida por essa pandemia. Não são apenas números, perdemos colegas, alunos, familiares e estamos todos muito abalados com isso”, refletiu o reitor, após a homenagem.

Após a homenagem e manifestações de solidariedade, foram convocados para tomar posse os novos integrantes da representação estudantil no Consuni. Foram empossados os estudantes: Arivle Elvira Barbosa Nunes, Cliton Cristiano oliveira dos Santos, Ester Joanny Soares de Oliveira, Gabriely Eduarda Sales Duarte, Geinny Isa Barbosa Oliveira, João Vitor Soares da Silva Santos, Quézia Noemi Santos de Lima, Paulo Henrique de Araújo e Victória Gabriella Fidélix de Mecenas.

Como suplentes, tomaram posse os estudantes: Ailla Gabrielli Costa Silva, Angela Morgana Brasil Bezerra, Jenifer Bianca de Melo Silva, Jordanna Gomes Cavalcante, Leonardo Pedro da Silva Santos, Paula Santos da Silva, Paulo Vinícius Ventura, Yanael Lima de Medeiros e Yuri Lira Alves da Fe. Os estudantes empossados foram indicados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE/Ufal).

Debate e comissões

A discussão sobre a retomada das atividades foi a que levou o maior tempo na longa sessão extraordinária, com muitas intervenções dos conselheiros presentes. Foram colocados informes sobre a pandemia, as medidas elaboradas pelo MEC e situação dos campi e das unidades. A sessão foi inteiramente transmitida ao vivo pelo canal da Ufal no Youtube, onde muitas pessoas se manifestaram em comentários no chat. A audiência no canal @ufaloficial ultrapassou trezentas pessoas ao vivo.

Também foi via chat que a questão da inclusão de pessoas surdas foi levantada pelos espectadores, que solicitaram a tradução em Libras. “Prezados, a Ufal conta com cerca de 37 pessoas surdas (alunos e professores). Como fazer uma reunião dessa importância, nesse contexto, sem TILS?”, destacou Jair Silva, entre outros comentários no chat, além da intervenção de conselheiras do Curso de Letras/Libras, como a professora Lígia Ferreira. A tradução em libras foi providenciada para o restante da reunião.

Os conselheiros e conselheiras colocaram várias informações, estudos e avaliações sobre as possibilidades técnicas e pedagógicas da retomada das aulas de forma remota, com a preocupação de atender a toda a comunidade estudantil. “Jamais deixar para trás os estudantes. Esta reunião longa evidencia quão complexa é esta decisão de retomada das aulas da graduação”, escreveu a espectadora Cicera Albuquerque​.

Nos informes gerais, Reinaldo Cabral, do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) detalhou as possibilidades de medidas específicas para a retomada das aulas, que estão sendo avaliadas pelos reitores da Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), com estratégias de atendimento para auxílio-digital dos estudantes inseridos na faixa de vulnerabilidade socioeconômica. “Queremos garantir uma política que seja inclusiva e atenda às necessidades específicas dos estudantes. Entendemos o acesso a dados de internet e computadores é um fator limitante para muitos alunos ”, destacou o diretor do NTI.

Outras experiências em andamento também foram avaliadas. Anderson Barros, que além de professor da Feac é vice-reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), foi convidado para expor como estão funcionando as aulas remotas nos campi da instituição. “O comitê de crise da Uneal decidiu ainda em março manter as aulas no modelo remoto, acertamos na proposição, mas o erro foi a flexibilização, porque não foi obrigatório e então alguns cursos mantiveram as aulas e outros não”, avaliou o professor.

Ele também ressaltou as limitações com o uso das tecnologias. “As dificuldades são imensas para professores e alunos, mas estamos melhorando. Tivemos reunião para planejar esse retorno, usar o mesmo padrão atendendo a especificidade de cada um, para fechar o calendário do primeiro semestre e tentar retornar no segundo. Mas não é só problema da internet, os alunos também não tem equipamentos. Infelizmente não estamos conseguindo atender a todos, declarou o Vice-reitor da Uneal.

Já nesta sexta-feira (17), finalizando a sessão, foram organizadas três comissões: Comissão de acompanhamento de situação/Benchmark (investigação contínua de comparação na busca das melhores práticas); Comissão de Retomada não presencial e Comissão de Retomada presencial. “Todas as informações colocadas durante o Consuni são essenciais para tomar a melhor decisão, baseada em conhecimentos precisos da nossa realidade”, destacou o reitor Josealdo Tonholo.

O reitor ressaltou ainda que o Ministério da Educação autorizou desde o mês passado, por meio da portaria 544, a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durar a situação de pandemia do novo coronavírus. “O próprio MEC reconhece que é muito difícil retomar as atividades presenciais até o final do ano. Então, o que nós vamos fazer? Ficar mais seis meses parados? Nossa proposta é que essa comissão de ensino remoto possa apresentar soluções para retomarmos o nosso calendário, mesmo que numa situação extraordinária”, ponderou Tonholo.

Após a sessão do Consuni, o reitor Josealdo Tonholo ainda participou da live da Ufal e pelo período de pouco mais de uma hora, respondeu aos questionamentos dos espectadores dos canais da Ufal no Youtube e no Instagram. “É fundamental também o papel da Assessoria de Comunicação nesse momento. Temos uma grande responsabilidade social em Alagoas e precisamos responder aos desafios. Também quero agradecer aos conselheiros e conselheiras que se dedicaram a amadurecer as propostas nesta sessão do Consuni que durou 14 horas”, finalizou o reitor.

Em anexo, os informes gerais apresentados no Consuni.