Reitor repudia ataque durante reunião de Jornada pela Reforma Agrária

Apesar do ocorrido, participantes continuaram debate em defesa do evento

Por Hiago Rocha - jornalista
- Atualizado em
Presentes  registraram repúdio aos ataques sofridos durante reunião preparatória da Jura
Presentes registraram repúdio aos ataques sofridos durante reunião preparatória da Jura

Dois ataques digitais interromperam, momentaneamente, a reunião preparatória da 7ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura), realizada na manhã desta quinta-feira (13), em sala virtual. Mais de 50 participantes marcaram presença, entre eles, diversos representantes de movimentos sociais ligados ao campo, professores, técnicos e discentes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), com presença do reitor da Uneal, Odilon Máximo.

Os ataques interromperam o diálogo com imagem de apelo sexual, som alto e uma frase chula que se ouvia ao fundo – “reforma agrária p***** nenhuma”. Os dois perfis falsos foram banidos. Esta não é a primeira vez em que ambientes virtuais universitários de diálogo sofrem ataques. Os presentes na reunião registraram repúdio em uníssono e mantiveram o diálogo, reafirmando a importância da reunião da Jura e que não haverá intimidação. “Não devemos ser tolerantes com atitudes como estas que demonstram a presença do fascismo. Com o fascismo não devemos ter tolerância. Rechaço e repudio o acontecido”, disse o reitor da Ufal, Josealdo Tonholo. 

De acordo com o coordenador de Extensão da Ufal, Cézar Nonato, a reunião foi organizada para agregar diferentes movimentos sociais presentes em cidades alagoanas e que apesar do constrangimento, mal-estar e afronta ao debate plural da universidade realizado por pessoas que se infiltraram  na sala, os presentes demonstraram total correção e postura. “Todos os presentes repudiaram os ataques desse infeliz episódio, mas que não enfraqueceu a reunião. Não há espaço ao contraditório com atitudes fascistas, por isso o rechaço dos mais de cinquenta participantes”, comentou Nonato.

Para Adalberto Neto, aluno da licenciatura em Geografia da Ufal, e integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Alagoas, independente de posicionamento político, a Jornada é de extrema importância para diversas questões, não só em fomentar o debate na academia, mas o debate nas áreas rurais e os movimentos sociais, facilitando a criação de propostas que beneficiam toda sociedade urbana ou rural.

“Esses ataques que ocorreram em nosso espaço de reunião são desprezíveis, porque pessoas com atitudes como essas não pensam em solidariedade e nem em união entres as classes ou na horizontalidade do ensino. Deixo registrado meu repúdio à intolerância dessas pessoas que entram nos espaços de debate para desmerecer todo o trabalho daqueles que se preocupam com as questões agrárias”, acentuou Neto.

Para o professor Cícero Albuquerque, do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca), o debate da Jura diz respeito à defesa básica de trabalho e vida para milhares de famílias em todo o Brasil. “O ataque é um ato de intolerância inaceitável e uma ameaça à convivência democrática fundamental. Atos criminosos como esses não podem ser tolerados jamais”, disse o professor.

A professora do Centro de Educação Ana Vergne, entende o ocorrido como uma ação articulada do movimento fascista mais amplo que desafia o Estado brasileiro. “Os movimentos sociais do campo e as universidades, espaços de resistência, têm sido alvo preferencial dos fascistas. Nossa maior ação de repúdio é resistindo. Dando continuidade às nossas atividades e militância. E, podendo identificar os responsáveis pelo ataque, denunciar e punir”, alertou a docente. 

Afronta ao debate universitário

Em junho, o professor Edivânio Duarte, do curso de Biblioteconomia, participava de reunião do Grupo de Estudos e Pesquisa em Cultura, Informação, Memória e Patrimônio, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), quando imagens pornográficas interromperam o debate do grupo. O professor Edivânio realizava sua argumentação, quando os agressores passaram a divulgar músicas, imagens e falas pornográficas mencionando o nome da professora Bernardina Maria Juvenal Freire de Oliveira, líder do grupo e de outras mulheres participantes.