Professora Marli Araújo recebe o prêmio Tia Marcelina

A coordenadora do Neabi Campus Arapiraca (Ufal) destacou o significado da homenagem

Por Lenilda Luna - jornalista
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A professora Marli Araújo, coordenadora do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (Neabi) Campus Arapiraca, recebeu, no dia 23 de novembro, em solenidade realizada no Hotel Jatiúca, o prêmio Tia Marcelina, concedido pelo Governo do Estado de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh) e do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir).

A premiação foi criada em 2016, em alusão ao mês da Consciência Negra, para reconhecer as personalidades que contribuem com a luta antirracista e a promoção da igualdade racial. O prêmio leva o nome de Tia Marcelina, ialorixá assassinada durante o episódio violento conhecido como “Quebra de Xangô”, em 1912, que perseguiu barbaramente os representantes das religiões de matrizes africanas.

Em todas as edições do prêmio, são indicadas personalidades como professores, pesquisadores, jornalistas, ativistas, líderes quilombolas, líderes de religiões de matriz africana e representantes de instituições para receber o reconhecimento. A professora Marli Araújo foi indicada pela sua pesquisa e pela dedicação ao Neabi na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Marli de Araújo Santos, é graduada em Serviço Social (Ufal), tem mestrado na área também pela Ufal e doutorado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ela é professora da Ufal e atua como pesquisadora de temas como Educação em direitos humanos, Violência doméstica e Políticas públicas para as mulheres.

Ao receber o prêmio, a professora destacou o significado para a população negra. Ela ressaltou que apenas 16% da docência universitária é formada por negros e negras. “Esse prêmio é, sem dúvida, um dos momentos mais significativos da minha vida, da minha trajetória de mulher negra. Porque não é receber um prêmio, é receber o reconhecimento ancestral da luta e resistência do meu povo”, destacou Marli.

A professora relembrou a necessidade de reparação histórica ao povo negro. “O meu povo chegou a esse país sequestrado, escravizado, em diásporas forçadas. Receber o prêmio Tia Marcelina é homenagear a memória dessa negra que morre em seu terreiro na Quebra de Xangô, um dos episódios mais violentos contra o povo preto de santo em Alagoas, após a escravidão no Brasil”, ressaltou a professora.

A professora Marli finalizou agradecendo à família e à equipe do Neabi, pela oportunidade de realizar as pesquisas etnico-raciais, e conclamando à resistência: “É recusarmos o apagamento, o silenciamento e a invisibilização do povo negro e do santo. Xangô rezado alto! Tia Marcelina vive!”, finalizou a homenageada.