Construindo uma nova arquitetura: a história de Leonardo Bittencourt na Ufal

Uma trajetória de 42 anos dedicados à sala de aula, à pesquisa e à extensão

Por Izadora Nascimento – relações públicas
- Atualizado em

Como promover uma formação ampla desenvolvendo habilidades, ensino, pesquisa, extensão e consciência social dos alunos de graduação? O Programa de Educação Tutorial (PET) foi criado em 1979 com esse objetivo. E o professor Leonardo Salazar Bittencourt, pensando na formação acadêmica e de mercado dos jovens egressos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), dedicou muitos anos de sua carreira ao projeto.

Mesmo aposentado, o docente continua como voluntário do Programa de Pós-graduação da FAU. Mas sua história com a Universidade Federal de Alagoas começou bem antes, há 42 anos, quando deu início às suas atividades como professor do quadro efetivo.

O pernambucano, formado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPE em 1977, foi aprovado em um concurso público para o cargo, em 1979, apenas dois anos após concluir o curso. Assim, ele trocou sua terra natal pela cidade de Maceió. E, alguns anos depois, também trocaria, definitivamente, seu escritório de arquitetura pelas salas de aula. “Ainda era muito novo quando ingressei na Universidade Federal de Alagoas como docente. Eu tinha apenas dois anos de formado e na época me dividia entre o escritório e a Universidade, já que não tinha dedicação exclusiva”, relembrou.

Em 1989, o professor conseguiu um afastamento das atividades na Ufal para fazer o doutorado em Estudos de Meio Ambiente e Energia, na Escola de Pós-graduação da Architectural Association, no Reino Unido. Ao retornar, uniu-se ao professor Ricardo Cabús, no Grupo de Estudos em Conforto Ambiental, e passou a se dedicar a pesquisas relacionadas ao que estudou no doutorado.

Neste contexto, conseguiu adaptar os conhecimentos adquiridos fora do Brasil à realidade local e à necessidade de desenvolver o tino para a inovação e a sustentabilidade durante a formação dos estudantes. O professor considera que o espaço universitário de desenvolvimento do conhecimento é propício para a troca de diferentes saberes. “Trata-se de um local onde circulam conhecimentos de diversas naturezas, configurando um lugar de intercâmbio de saberes. A Ufal está associada à produção do conhecimento de forma séria e independente”, afirmou.

Ao avaliar a própria trajetória profissional, o professor acredita que sua principal contribuição seja fruto da seriedade com que sempre tratou os desafios educacionais do território brasileiro. Na Universidade, foi peça fundamental para a fundação do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Ufal, em 2002, com a aprovação do mestrado pela Capes. Também esteve à frente do PET de Arquitetura, que criou em 1995, sendo o único tutor e contando com quatro petianos no grupo.

O site do PET Arq mantém, na sua sessão dedicada à história do programa, uma lembrança ao legado de Bittencourt na ação. “Agradecemos imensamente ao professor Leonardo Bittencourt por ter, lá atrás, dado os primeiros passos com o grupo e por ter se dedicado a nós por 10 anos”.

Em 2011, às vésperas de se aposentar, o professor teve sua contribuição para o curso de Arquitetura e Urbanismo e para a Universidade Federal de Alagoas reconhecida, ao receber uma medalha de Honra ao Mérito pela ocasião dos 50 anos da instituição. E hoje, 10 anos depois, continua sendo fundamental para o desenvolvimento da área. “Com relação ao trabalho, meus colegas provavelmente me descreveriam como um obsessivo-compulsivo”, brinca sobre a dedicação aos projetos acadêmicos que ainda desenvolve.

Em seu tempo livre, gosta de ouvir música, cuidar de plantas, ler e fotografar. No momento, o professor planeja a publicação de mais dois livros: um sobre poesias que já se encontra em fase final de edição e outro destinado aos estudantes de arquitetura nas fases iniciais do curso.

Apesar de não se ver longe das salas de aula, tem viagens pelo mundo como um de seus muitos planos para o futuro. "Sempre retornando na bagagem conhecimentos e experiências para trocar com seus alunos, afinal de contas, viver é partir, voltar e repartir".