Professor Geraldo Veríssimo tem 30 anos de dedicação à Ufal e à pesquisa
Por seu trabalho, ele é uma referência na área de melhoramento genético da cana-de-açúcar
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Várias são as motivações do professor e pesquisador Geraldo Veríssimo de Souza Barbosa, do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca): ensinar, pesquisar e ajudar a mudar a realidade do Estado. Tudo isso está na trajetória de 30 anos dedicados à Universidade Federal de Alagoas. Por isso, ele faz parte da história de vida dos alunos e dos 60 anos da Instituição.
Veríssimo ingressou como docente na Ufal em 1990, a partir de uma transferência, para a Universidade, de recursos humanos, estruturas físicas e tecnologia da Coordenadoria Regional do Nordeste (Coone) do Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-açúcar (Planalsucar). Nesse órgão, o professor havia trabalhado como pesquisador por 13 anos.
“Com a extinção do Planalsucar em 1990, aceitei o convite da então reitora Delza Gitaí e atuei ativamente no processo da transferência das unidades do Planauscar para as universidades federais que, na época, por meio de um convênio, formaram a Ridesa [Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético]”, explicou.
De lá para cá, foram muitas horas em sala de aula, bem como muitos projetos voltados ao melhoramento genético da cana-de-açúcar, pesquisas que fazem da Ufal uma referência em inovação no assunto, tanto no cenário nacional como no exterior. Apesar de o coração bater forte pela pesquisa, o professor se orgulha ao descobrir que seus alunos obtiveram êxito na vida profissional e pessoal, após a conclusão dos cursos de graduação ou de pós-graduação na Universidade.
“Esses trinta anos como servidor da Ufal foram enriquecedores para a minha vida, pois como professor e pesquisador tive a grata missão de contribuir na orientação e na formação de recursos humanos, tendo a constante alegria de ver dezenas de orientados desempenhando suas funções como agrônomos ou professores em empresas e instituições nacionais e internacionais. Eles sempre me atualizam com notícias de seus crescimentos pessoais e profissionais. E isto tem sido um bálsamo para mim”, avaliou o professor.
“É um grande professor, uma grande referência profissional para todos os seus alunos”, afirmou Bruno Albuquerque, estudante do curso de Engenharia Florestal.
Na comemoração dos 45 anos da Ufal, em 2006, sua dedicação à Universidade o rendeu uma medalha de Mérito Universitário, que o professor considera ter sido um momento memorável em sua trajetória na Instituição. “Várias situações marcaram a minha vida envolvendo a Ufal, mas um momento ímpar ocorreu quando fui agraciado com a Medalha de Mérito Universitário. Isto marcou muito minha estima, apreço e gratidão pela Universidade”, relembrou.
Para os colegas de profissão, o docente merece todas as homenagens prestadas. “O professor Geraldo é um orgulho para o Campus de Engenharias e Ciências Agrárias e para a Ufal”, avaliou a docente Vilma Marques.
Melhoramento genético da cana-de-açúcar
Pesquisador dedicado, o professor Geraldo Veríssimo viu seu nome virar referência em melhoramento genético da cana-de-açúcar. Atualmente, ele é coordenador do Programa de Melhoramento Genético de Cana-de-açúcar (PMGCA), do Ceca, que tem por objetivo a obtenção de cultivares [espécies de plantas que foram melhoradas devido à alteração ou introdução, pelo homem, de uma característica que não possuíam antes], as variedades RB.
“O trabalho tem início no banco de germoplasma da Estação de Floração e Cruzamento Serra do Ouro, em Murici, que, pela localização em ambiente com condições edafoclimáticas privilegiadas, permite o florescimento natural e abundante da cana-de-açúcar para a realização de hibridações e produção de cariopses da cana-de-açúcar, que são fornecidas para as dez universidades que compõem a Ridesa”, explicou o docente.
O trabalho faz parte de uma parceria firmada entre a Ufal e as universidades federais Rural de Pernambuco (UFRPE), de São Carlos (UFSCar), do Paraná (UFPR), de Viçosa (UFV), Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), de Sergipe (UFS), de Goiás (UFG), do Mato Grosso (UFMT) e do Piauí (UFPI). E conta com o apoio da maioria das empresas do setor sucroenergético nacional que dá suporte financeiro ao custeio das pesquisas.
Os impactos dessas pesquisas têm aplicação direta na comunidade, propiciando o adequado retorno social dos investimentos na Universidade. “A adoção, pelos produtores, das novas cultivares RB mais produtivas e mais ricas em açúcar [em 2021 as variedade RB representam 73% da área cultivada com cana-de-açúcar em Alagoas e mais de 60% no Brasil] têm contribuído com elevação da produção de biocombustíveis limpos, como o etanol, em substituição aos fósseis; aumento da renda e melhoria da qualidade de vida do produtor de cana-de-açúcar; preservação do germoplasma da cana-de-açúcar da Serra do Ouro, como segurança de fonte de genes, para usos futuros no melhoramento genético da cana-de-açúcar; obtenção, proteção (patenteamento) e liberação de 114 cultivares RB pela Ridesa”, avaliou.
Além disso, considerando que em 2020 a cana-de-açúcar participou com 18% da matriz energética do país [etanol carburante e bioeletricidade] e que variedades RB representaram cerca de 60% dos canaviais brasileiros, a Ufal e as universidades da Ridesa têm marcante e decisiva contribuição em mais de 11% da matriz energética do Brasil.
Simplicidade que vem de berço
O jeito simples e simpático que agrada a colegas e alunos é uma herança da vida simples no interior de Alagoas e de seus pais José Correia Barbosa e Laura de Souza Barbosa, já falecidos. “Tenho uma família numerosa, que amo muito, pessoas alegres e maravilhosas, entre irmãos, sobrinhos, cunhados e primos. Herdamos de nossos pais a humildade, a dignidade e a valorização do ser humano, sobretudo, onde o ser é mais importante que o ter”, explicou, orgulhoso de suas origens.
Da infância no interior vieram também os gostos da vida adulta. “Gosto muito de cultura, das tradições, crenças, costumes e artes. Gosto de gente, está junto ao povo, de curtir as tradições como carnaval de rua, festas juninas e natalinas. Tenho muitos amigos e procuro preservar as relações. Gosto de viajar, visitar museus, espetáculos musicais, teatro, restaurantes, bares, e aprecio um bom vinho e cerveja”, finalizou, esperançoso de que a situação se normalize para que possa voltar às salas de aula e às atividades de lazer cotidianas.