Docente da Ufal apresenta trabalho em evento da Universidade da Califórnia
Atividade discutiu ativismo e arte da deficiência durante seminário internacional que abordou a eugenia na América Latina
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A professora Nádia Meinerz, do Instituto de Ciências Sociais da Ufal, foi uma das palestrantes no evento Legados Eugênicos na América Latina, promovido pela Universidade da Califórnia. Ela participou do Painel Legados Eugênicos Brasileiros e Ativismo da Deficiência e apresentou um trabalho em coautoria com a professora Pamela Block, da Western University, Canadá.
Intitulado Ativismo e Arte da Deficiência, o trabalho é parte das atividades do seu pós-doutorado na Universidade de Western e fruto do projeto Retratos Defiças, que conta com a parceria do Ateliê Ambrosina, de Maceió.
O evento foi realizado no formato on-line nos últimos dias 12 e 13 de outubro com o propósito de abordar como a eugenia e suas ramificações se desenvolveram em diferentes contextos nacionais e regionais em toda a América Latina. O seminário reuniu diversos pesquisadores, em especial do campo da história social e destacou o trabalho de ativistas, acadêmicos e artistas que lutam por justiça para aqueles que foram alvo de tais ideias e práticas eugênicas.
A programação do painel onde a professora Nádia apresentou seu trabalho fez uma reflexão sobre o ativismo da deficiência e o papel da arte na resistência e na luta contra a persistência da eugenia.
“Nossa contribuição foi pensar cocriação de retratos sonoros e visuais como uma tecnologia social voltada à transformação da sensibilidade para com a deficiência. Defendemos uma imaginação antieugênica interseccional, capaz de perseguir futuros em que os ‘danos’, as ‘sequelas’, as ‘dores’, as ‘discrepâncias’ sejam reconhecidas como uma responsabilidade coletiva, como parte do presente e não como resquícios de uma história que precisamos combater e superar”, destacou Nádia.
Sobre o projeto e as realizações
O trabalho das professoras Nádia Meinerz e Pamela Block é resultado do projeto nacional Retratos do Brasil com Deficiência, que teve início em setembro de 2021, com a mobilização e a seleção de 44 cocriadores que apresentaram propostas em duo, feitas com ou por defiças. O projeto selecionou duos de cocriação de retratos e episódios de podcast em todo o país.
A produção alagoana está contemplada na galeria da exposição virtual no site do Retratos Defiças e, recentemente, o projeto lançou um vídeo de sete minutos que resume toda a história e conta com versões em inglês e português, legendas para surdos e ensurdecidos, além de áudio descrição.
Além da galeria com lustrações, desenho, pintura, fotografia, Gifart, e outras produções que retratam as pessoas com deficiência, de maneiras novas e progressistas no Brasil, o site publica podcasts com temas livres para difundir narrativas defiças independentes e relatos etnográficos vinculados à deficiência. A ideia trazer entrevistas e debates sobre experiências vividas em torno dos direitos de inclusão, política e justiça, família, cuidados, sexualidade e redes de ativistas do Brasil.
Em novembro o projeto fará uma exposição presencial no Canadá e vai incluir algumas produções alagoanas que têm suporte artístico do Ateliê Ambrosina