Membros do Consuni e do Fórum de Diretores alertam sobre situação da Ufal
Em reunião ordinária, novos representantes de servidores e estudantes tomaram posse na manhã de terça-feira (4) e falaram das dificuldades que vêm enfrentando devido ao corte de recursos
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Representantes de docentes, técnicos e estudantes tomaram posse, na manhã de terça-feira (4), como novos integrantes do Conselho Universitário (Consuni) e do Conselho de Curadores (Cura) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Na ocasião, também foi feita a apresentação dos diretores e das diretoras das unidades acadêmicas e campi fora de sede, eleitos em consulta realizada em maio deste ano. A cerimônia foi realizada no Auditório Nabuco Lopes, na Reitoria, e foi conduzida pelo reitor Josealdo Tonholo, presidente do Consuni.
Maior instância deliberativa da Ufal, o Consuni é o espaço colegiado em que são debatidas e tomadas as decisões institucionais, de forma coletiva, sobre os rumos da Universidade. O Cura, por sua vez, realiza o acompanhamento e a fiscalização econômico-financeira, contábil e patrimonial da instituição.
Membros do Consuni, do Cura, diretoras e diretores de unidades acadêmicas tomaram posse para o período de quatro anos (2022-2026). Uma vez empossados, em suas falas, a preocupação era uma só: os cortes de recursos nos orçamentos das universidades federais brasileiras. No caso da Ufal, a gestão central já enfrenta a falta de dinheiro para pagar contas básicas, a exemplo do fornecimento de água.
“Temos que gerir a Ufal para que ela continue reduzindo as desigualdades, continue formando gente boa, mas, confesso, é um momento extremamente difícil que estamos passando”, informou o reitor. “Já passamos por muitas dificuldades, mas as que nos impuseram nesses últimos anos foram extraordinárias, e não foi só pela covid-19”, acrescentou.
Com 29 anos de Ufal, Tonholo destaca que docentes e técnicos estão trabalhando “sem jogar a toalha” para garantir o funcionamento da instituição, mas que as possibilidades estão se estreitando por causa da falta de dinheiro. “Antes eram tentativas, mas, agora, é um desmonte da instituição que jamais pensei em presenciar. Um desmonte absolutamente inimaginável”, alertou.
A vice-reitora, Eliane Cavalcanti, também reforçou a preocupação em relação à continuidade dos serviços. “Quero agradecer a cada um de vocês que aceitou fazer parte desses conselhos em um momento tão difícil e atribulado, na maior crise orçamentária que a Ufal já viveu. Em que os ataques contra a ciência e a democracia são constantes”, disse. E acrescentou: “Nossa universidade é resistente como o nordestino de Delmiro Gouveia, como o mandacaru, que coloca uma linda flor uma vez ao ano. Que possamos agir com equilíbrio, impessoalidade e moralidade para continuar com a Universidade em pleno funcionamento”, declarou.
O professor Jailton Lira, presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal), destacou: “Diante dos desafios enfrentados este ano, a exemplo da defasagem de pessoal e cortes de recurso, defender a universidade pública, gratuita e de qualidade é um preceito ético”.
Representante do segmento técnico da Universidade, Bruno Morais, que também está na Direção do Departamento de Pessoal (DAP) da Ufal, falou sobre "a urgência de manter a Ufal como grande elo de transformação social de Alagoas”, além de “defender a Constituição Federal, a democracia, as florestas e universidades brasileiras, bens patrimoniais tão caros ao povo brasileiro, diante das tentativas de golpe e de enfraquecimento das instituições”.
Já o diretor-geral do Campus do Sertão e vice-presidente do Fórum dos Diretores e Diretoras das Unidades Acadêmicas da Ufal, professor Thiago Trindade, desejou “força, determinação e êxito” para a nova formação do Consuni, do Cura e do Fórum para superar o atual momento de dificuldade pelo qual passa a maior instituição pública de ensino superior de Alagoas.
“Vivemos um momento decisivo para o futuro da nossa instituição. Esse coletivo (Fórum de Diretores) independente, autônomo, com liberdade para construção da união, coloca-se à disposição em defesa da ciência, da construção do saber e da defesa das pessoas”, afirmou Trindade.
E ressalta: “Em meio a tantas injustiças das quais somos vítimas e que tanto sofremos, somos a maior e a melhor instituição pública de ensino. Somos liderança, força e resistência. Viva a educação pública, gratuita e popular! Viva a Ufal!”.
Representatividade no Consuni
Composto por 61 membros titulares, esta será a primeira vez que o Consuni contará com representação de todos os campi da Ufal, da Escola Técnica de Artes (ETA) e também do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU). Essa representatividade no Conselho Superior foi ressaltada pelos conselheiros.
“O Consuni vem com a representatividade de todos os campi fora de sede. É dessa forma que ficamos mais fortes. É dessa forma que vamos vencer as adversidades”, afirmou a vice-reitora Eliane.
“Essa é a composição mais diversa que já presenciei em meus 13 anos de Consuni, com representantes dos técnicos de campi do interior e do HU, após anos sem representação do hospital”, lembrou Bruno Morais, que aproveitou para agradecer a votação expressiva que recebeu. “Agradecer a quem deu um voto de confiança. Isso nos enche de orgulho e de responsabilidade”, afirmou.
Representando a categoria discente, o conselheiro Gabriel Ferreira, graduando em Psicologia, ressaltou a participação dos estudantes nos espaços de decisão para que possam lutar por demandas que garantam mais acesso ao ensino superior, a “uma universidade mais justa e mais popular para a sociedade alagoana”.
O professor Walter Matias, representante do segmento docente, também agradeceu a votação obtida e destacou a relevância do Consuni como espaço para debate e decisões da política institucional da Ufal. “As gestões passam e a Universidade fica. Por isso, temos que ter coragem para criar a política institucional para não ficarmos reduzidos a questões circunstanciais”, disse.
Ele ainda defendeu que, no meio da heterogeneidade, o Consuni deve ser um campo de diálogo. “Temos responsabilidade com a instituição, com a produção científica gigantesca que temos. Nossa missão na Universidade é o trabalho diário para que ela continue sendo pública, gratuita e que continue trabalhando por Alagoas”, afirmou.
Apresentação de diretores e diretoras
A cerimônia realizada na manhã de terça-feira foi aberta e pôde ser acompanhada pela comunidade acadêmica e também pela sociedade. “Queremos apresentar para que as pessoas possam ver, olho no olho, quem toma as diretrizes da instituição, que é o maior vetor de desenvolvimento de Alagoas”, informou o reitor.
Tonholo também ressalta a importância da cerimônia de apresentação ao citar a “permeação geográfica da Universidade, atendendo todos os municípios de Alagoas”: “É uma grande cidade que atende a uma comunidade de mais de 45 mil pessoas. É a Universidade que está fazendo a transformação do estado de Alagoas, mas é preciso reduzir as inúmeras desigualdades que ainda temos. A Ufal é qualidade e competência. Sempre ousou a ser uma instituição plural, a favor e precursora da política de cotas, trazendo para o ambiente acadêmico uma população excluída”.
Paulista de Ribeirão Preto-SP, o reitor vive em Alagoas há quase 30 anos e aproveitou a ocasião para falar do orgulho de viver no Nordeste e de fazer parte da Ufal. “Sou um paulista radicado nesse estado há 29 anos e, mais do que nunca, tenho orgulho de ser nordestino. É a região que escolhi para viver, para exercer minha profissão. É onde me casei e formei minha família”, destacou.