Pesquisa de professor de Arapiraca é destaque em evento nacional
Paulo Simões analisa discurso dos envolvidos no problema de afundamento do solo em Maceió
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O assunto que gera tristeza e revolta despertou no cientista Paulo Simões o interesse pela pesquisa. O afundamento do solo em cinco bairros de Maceió, decorrente de atividades de mineração na região, é tema de um trabalho do professor de Administração Pública da Ufal em Arapiraca escolhido como o melhor apresentado no Encontro de Estudos Organizacionais (Eneo 2022). O evento foi realizado no último mês de maio pela Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração (Anpad).
“Eu não conseguia acreditar que um crime corporativo de tamanha proporção pudesse estar silenciado pelos grandes veículos de comunicação do país e também me chamava atenção a conivência dos poderes públicos. Sendo docente da Ufal me senti na obrigação de transformar a curiosidade e a sensibilização ao tema em pesquisa acadêmica, que também é uma forma de denúncia”, descreveu o professor Paulo.
O trabalho apresentado no evento nacional, de forma virtual, intitulado Discurso de sustentabilidade face ao crime da Braskem em Maceió: reflexões sob a perspectiva pecheutiana recebeu Menção Honrosa e foi recomendado para submissão em periódico científico Qualis A.
A pesquisa ainda está em andamento, mas o artigo será concluído para submeter via sistema de fast track, organizado pela equipe do Eneo 2022. “Estou em busca de entender melhor os diversos pontos cegos no desenrolar dos fatos entre a Braskem, as organizações públicas que asseguram o cumprimento do Programa de Compensação Financeira (PCF), os atingidos e a população de Maceió como um todo. Não há ainda acesso público a um orçamento aberto que revele as exatas cifras a serem gastas e suas respectivas rubricas”, destaca Simões sobre a abordagem.
Segundo ele, o trabalho tem por objetivo realizar um gesto de interpretação que “confronte o dizer da Braskem com dizeres outros que o contrapõem, tendo em vista o desenvolvimento sustentável como modelo socioambiental vigente na economia-mundo capitalista”.
O professor participa do Grupo de Estudos em Análise do discurso (Grad/Ufal) e do grupo de pesquisa Estado, Governança e Administração Pública (Egap/UFGD). Ele também está organizando, junto com a professora Rosa Correia, uma coletânea de artigos de um grupo de pesquisadores da Ufal só com trabalhos que envolvem o tema.
A coletânea será publicada pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração no ano que vem.
Confira no anexo o trabalho premiado no Eneo 2022.