Servidora do MHN integra equipe de trabalho nacional sobre coleções de mamíferos
Estudo teve como objetivo coletar, organizar e compartilhar informações para gerar um primeiro catálogo
- Atualizado em
A bióloga do Museu de História Natural (MHN) da Ufal, Anna Ludmilla da Costa-Pinto, integrou uma frente de trabalho nacional com a missão de reunir informações sobre as coleções de mamíferos no Brasil. A ação resultou em um artigo científico, publicado no fim de 2021 na revista Brazilian Journal of Mammalogy (BJM), da Sociedade Brasileira de Mastozoologia (SBMz), que pode ser acessado no arquivo abaixo.
A servidora da Ufal conta que a publicação é a primeira produção do Comitê de Coleções Mastozoológicas (CCM), criado no final de 2020, da SBMz. “O artigo teve como objetivo principal coletar, organizar e compartilhar informações sobre as coleções de mamíferos brasileiras. Em outras palavras: quais são, onde estão e o que abrigam essas coleções em todas as regiões do Brasil? Conhecer um pouco sobre a situação dessas coleções e gerar um primeiro catálogo nacional sobre elas”, relata.
Ludmilla coordena o Setor de Mastozoologia do MHN e também é curadora da Coleção de Mamíferos da instituição. Ao explicar a importância do trabalho de coletar e reunir tais dados, ela afirma que as coleções “armazenam informações históricas de milhares de anos e são fundamentais para gerar conhecimento em diversas áreas: desde a educação ambiental, evolução, ecologia, biogeografia, ciências agrárias, passando pelo funcionamento dos ecossistemas e até conservação da biodiversidade”.
E destaca: “Gosto de pensar nas coleções científicas como verdadeiras bibliotecas da vida. Quando falamos de coleção de mamíferos, estamos focando em um grupo de seres vivos com história evolutiva fantástica e de papel ecológico fundamental para a vida, inclusive dos seres humanos. Lembrando que nós, seres humanos, somos mamíferos!”
A bióloga ressalta que a preservação do acervo tombado que conta a história dos mamíferos, e também de outros grupos de animais, é de importância científica, social e constitui patrimônio da humanidade. “Conhecer nossa biodiversidade é conhecer o mundo que vivemos, seus personagens e seu funcionamento. Os acervos são uma fonte infinita de dados científicos inclusive para as ciências aplicadas, com uso na recuperação de áreas degradas, na produção de alimentos, controle de zoonoses até na produção de vacinas!”, afirma.
Mesmo com tanta importância, ela lamenta a falta de investimentos na área. “Nossas coleções estão invisíveis aos olhos institucionais e governamentais. Não há investimento mínimo em condições básicas para se manter esses acervos, a exemplo da nossa própria coleção, cujas salas não possuem climatização e seguem há um ano com infiltrações e problemas estruturais”.
Setor de Mastozoologia da Ufal
O espaço do MHN da Ufal dedicado para esse ramo da zoologia foi criado em 2012, com a chegada da servidora Ludmilla. “Cheguei em agosto de 2011 e em fevereiro de 2012, com o total e fundamental apoio do ex-diretor do MHN, Fábio Henrique Ferreira, que cedeu a própria sala, surgiu o Setor de Mastozoologia, que abriga a Coleção de Mamíferos da Universidade”, lembra
A Coleção de Mamíferos do MHN da Ufal é a única de Alagoas. Segundo Ludmilla, a maioria do material oriundo daqui se encontra em coleções fora do Estado e distribuída em 11 instituições, entre elas o Museu Nacional, Museu de Zoologia da USP (MZUSP), Universidade Federal da Paraíba e de Pernambuco.
“Atualmente, estamos com 570 espécimes de mamíferos tombados e mais umas poucas dezenas na fila para tombamento. A maioria das peças é de roedores e morcegos, dentre eles o primeiro holótipo (material único, usado para descrever uma espécie) de mamífero para o Estado, mas também possuímos espécimes de mamíferos maiores, como cateto (porco selvagem) e veado, além de crânios e outras partes de alguns mamíferos marinhos”, descreve.
Aberto para visitação
Todo esse material científico e histórico guardado no MHN está disponível para conhecimento público. A coleção didática pode ser vista nas exposições do Museu ou através de agendamento para aulas de escolas, faculdades ou grupos de estudo.
“Já as coleções científicas são públicas, mas o acesso precisa ser agendado e registrado, pelo tipo de material que armazenam”, informa Ludmilla.
Para acompanhar as ações do Setor de Mastozoologia do MHN e obter informações sobre agendamento, siga o instagram .