Docente da Ufal participa de capacitação intercultural em dança clássica indiana
Ao finalizar curso e cumprir todos os princípios, Ana Clara Oliveira receberá o diploma em Bharatanatyam
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A dança indiana costuma encantar pela beleza e precisão dos movimentos, além de despertar atenção pelos conhecimentos que remetem a uma tradição histórica milenar. Em busca de se profissionalizar nessa arte, a professora de dança da Escola Técnica de Artes (ETA) da Ufal, Ana Clara Oliveira, iniciou uma série de capacitações interculturais para receber o diploma em Bharatanatyam, uma das danças clássicas originadas na Índia, no estado de Tamil Nadu.
“Essa dança é uma arte sagrada e cênica completa que possui precisão geométrica, um trabalho técnico e forte dos pés, movimentos refinados e vigorosos com todo o corpo, com um sistema rítmico bastante complexo e expressividade facial e gestual das mãos, que conta diversas histórias e cria uma atmosfera entre diversas artes e outros saberes. O estudo do Bharatanatyam é tão rico que qualquer definição nunca vai abranger a imensidão dessa arte”, detalha a docente.
Ela conta que está na primeira etapa da formação, que vem sendo feita a distância, sob mediação da guru brasileira Kamalaski Rupini e avaliação do guru indiano Sharad Pandya. O processo de aprendizagem possui o período previsto de cinco a sete anos e a cada semestre ou exame é concedido um certificado. “Ao finalizar o curso teórico-prático, tendo cumprido todos os princípios, avaliações semestrais e o espetáculo de formatura, isto é, o Arangetram, receberei o diploma em Bharatanatyam”, diz.
A professora da Ufal explica que essa arte clássica indiana é de extrema importância para o âmbito da dança em geral por articular diferentes conhecimentos no corpo do dançante, tais como o estético, contemplativo, cognitivo, físico e crítico. “A relevância do Bharatanatyam para a cultura indiana no meu ponto de vista, que será sempre um olhar de fora, mas respeitoso, é não somente o enraizamento artístico, ético, espiritual, histórico e filosófico, como também a manutenção dessa dança enquanto arte viva promovedora de conhecimentos para o mundo”, afirma.
Lecionando as disciplinas de exercícios técnicos (ballet e dança moderna), composição coreográfica, improvisação, desenvolver motor e, por vezes, montagem cênica na ETA e no Instituto de Ciências, Comunicação e Artes (Ichca), ela destaca que o curso de capacitação que vem realizando vai impactar de forma positiva o ensino na Ufal e abrir novos caminhos institucionais em Alagoas.
“Vai ampliar o repertório de movimentos e expressões no aluno cênico, além de despertar o interesse para a natureza intercultural, tanto através das possibilidades que a extensão universitária pode oferecer, como em disciplinas eletivas, seminários, simpósios ou eventos que poderão ser ofertados para toda a sociedade, com a participação de artistas e mestres renomados”, argumenta.
Primeiro contato
Ana Clara Oliveira é licenciada em educação física e mestre em dança, com formação em ballet clássico, danças do ventre e suas fusões tribais. Ela também está fazendo doutorado em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cujo objeto de estudo é a fusão entre as danças do ventre e indiana.
O contato inicial com o Bharatanatyam, conta a docente, foi em 2017 durante o curso de extensão da Ufal Danças Poéticas da Índia, ministrado pela professora Joana Wildhagen. Em 2019, Ana Clara começou a estudar com a mestra Kamalaski Rupini, em Belo Horizonte (MG), seguindo a linhagem tradicional da dança indiana. No mesmo período, cursava o primeiro ano de doutorado na UFMG.
Já em 2020, passou a estudar com a Rupini de modo virtual. Um pouco antes da pandemia, a docente da Ufal teve a oportunidade de viajar para a Índia e, ao retornar, passou “a refletir sobre a experiência cultural, estética, história e cultural durante a peregrinação”.
“A capacitação veio como uma confirmação de toda a minha trajetividade na área da Dança. Em maio de 2021, após todo o contato com a guru Kamalaski Rupini, iniciei a capacitação promovida por Natya Yoga Brasil - Spiritual Arts, da própria Rupini e Baladeva Nitai, em parceria com as avaliações da Escola Purva de Bhartanatyam, com sede em Baroda, Índia, dirigida pelo guru Sharad Pandya, discípulo de C. V. Chandrashekhar”, relembra.
Mestres
Durante a capacitação, a docente da Ufal tem sido acompanhada por profissionais de referência em dança indiana.
Karen Martins, também conhecida como Kamalaksi Rupini, é uma brasileira mestra em Artes pela UFMG. “É dançarina, professora, pesquisadora, coreógrafa e atriz dedicada, principalmente, às danças clássicas indianas. É discípula da renomada e tradicional guru de dança B. Bhanumati desde 2007, quando foi morar na Índia pela primeira vez”, conta.
Já o guru indiano Shri Sharad Pandya, informa Oliveira, começou a aprender Bharatanatyam na Faculdade de Artes Cênicas, Universidade de Baroda, Gujarat. “Mais tarde, fez um treinamento intensivo em Bharatanatyam com renomados professores de dança, como o guru Shri C.V. Chandrashekhar, Smt. Nargis Katpitia & Late Shri Pradeep Baruah. Ele já se apresentou em várias cidades da Índia e em diversos países como Vietnã, Tailândia, Malásia, Filipinas, Indonésia, Estados Unidos da América e Brasil”, ressalta Ana Clara.