Ascom é estudo de caso em dissertação de mestrado do Profiap

Trabalho é fruto de pesquisa realizada pela servidora Camila Fialho, que integra o Núcleo de Criação da Assessoria

Por Diana Monteiro - jornalista
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Camila Fialho foi selecionada para apresentar sua dissertação no 2º Engec (Foto: Rose Ferreira)
Camila Fialho foi selecionada para apresentar sua dissertação no 2º Engec (Foto: Rose Ferreira)

Ampliar o conhecimento sobre ações estratégicas para otimizar a divulgação institucional e científica sempre foi pauta na Assessoria de Comunicação (Ascom) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Em conexão com essa realidade, a publicitária Camila Fialho, programadora visual do setor, baseou sua dissertação de mestrado para mostrar a importância da divulgação científica e como a comunicação organizacional deve ser uma ferramenta estratégica para dialogar com outros setores da sociedade e, com isso, fortalecer a imagem institucional.

O trabalho, denominado Divulgação Científica na Universidade Pública: um estudo de caso na Assessoria de Comunicação na Universidade Federal de Alagoas, é fruto do mestrado concluído recentemente por Camila no Programa Profissional em Administração Pública (Profiap), da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac) da Ufal. Ela é graduada em Publicidade e Propaganda, com especialização em Comunicação Digital, Webjornalismo e Novas Mídias e, agora, mestre em Administração Pública.

Sobre o trabalho defendido, ela traça o seguinte panorama: “O estudo trata sobre a importância da divulgação científica para as universidades públicas no atual panorama político, econômico e social brasileiro e provoca uma discussão sobre a comunicação organizacional como ferramenta estratégica para dialogar com a sociedade a fim de fortalecer a imagem institucional. Também, exercer a transparência e cumprir a função social da universidade pública, já que a sociedade é a principal razão de ser dessas instituições”.

Camila é uma atuante profissional num setor tão estratégico para a comunicação pública e científica na Ufal. Realizar um estudo sobre o setor ao qual está lotada teve a finalidade de ampliar o conhecimento para colaborar com o dinamismo da rotina das ações, assim como, apontar soluções para os desafios postos, que são frequentes para o andamento das atividades sem enfrentar tantos entraves.

Pesquisa

No estudo realizado, Camila diz que foram levadas em consideração a análise de documentos institucionais e a opinião de agentes envolvidos no processo de divulgação científica da Ufal. Isso possibilitou elencar problemas muito mais complexos do que os observados no dia a dia.

Em conexão com sua área de formação, a servidora aponta que durante a pesquisa pôde investigar as ferramentas da comunicação organizacional no contexto das universidades públicas e utilizar os seus conhecimentos específicos de direção de arte e criação publicitária na proposição de soluções para alguns problemas elencados e na construção de um Guia de Procedimento de Divulgação Científica.

Segundo a pesquisa, a efetivação da comunicação interna está entre os problemas elencados. A pouca visualização da Ascom como um dos setores estratégicos da Ufal também é outra realidade apontada no estudo realizado. “O maior desafio diário é fazer com que os outros setores da Universidade visualizem a comunicação como uma área profissionalizada e a incluam em nível estratégico e não apenas no operacional. A comunicação precisa trabalhar em parceria com os setores da instituição”, acrescentou Camila.

Camila aproveita para destacar que o que foi visto na pesquisa não é um problema específico da Ufal, pois, em muitos casos, a comunicação não é institucionalizada nas universidades. Ou seja, não é regulamentada em documentos institucionais e, segundo a pesquisadora, o que acaba contribuindo para que seja trabalhada de maneira informal, pessoalizada, sem critérios objetivos de normas e procedimentos, linha editorial, dentre outras. “Isso tudo prejudica, e muito, o fluxo de todas as atividades realizadas no setor de comunicação”, disse.

Rotina e desafios

Das inúmeras dificuldades constatadas e das muitas sugestões de melhoria durante o levantamento realizado, Camila destaca que, mesmo havendo o compromisso da Ufal com a divulgação científica – e isso é visivelmente expresso nos documentos institucionais –, seria necessário o setor Ascom estar incluído ou ser considerado no planejamento estratégico vigente para otimizar o fluxo de divulgação científica. A pesquisa apontou que as problemáticas existentes são causadas, especialmente, pela ausência de normas e diretrizes que confiram regulamentação ao setor de comunicação.

“Por esse motivo, o trabalho apresentou uma proposta de Procedimento de Divulgação Científica, com o objetivo de estabelecer um fluxograma, estruturar e padronizar o processo de divulgação científica, estabelecendo critérios de seleção de pautas, definição de prazos e responsabilidades. Além de disponibilização de formulário para padronizar o contato inicial para solicitação de divulgação científica”, apontou, acrescentando: “O fluxo proposto considera duas vias: prospecção e atendimento, estabelece o contato direto do jornalista com o pesquisador e a efetiva parceria entre a Ascom, a Propep e os pesquisadores da Ufal.

Trata-se do Produto Técnico e Tecnológico (PTT), que o mestrando tem a obrigatoriedade de apresentar como processo de intervenção nas dissertações do Profiap. Com esse documento Camila vê a oportunidade de fortalecer a comunicação visual das pautas científicas. “Meu trabalho sugere, inclusive, a criação da linha editorial Ufal é Ciência, com a sinalização do selo proposto em todas as imagens ilustrativas das notícias de divulgação científica para criar uma identidade forte e um reconhecimento imediato dessas matérias no site e nas redes sociais da Ufal”, reforçou.

E reforça: “Este documento tem como objetivo estabelecer o fluxograma do procedimento de divulgação científica realizado pela Ascom da Ufal em consonância com a missão da instituição e com a função de transformação social intrínseca à universidade pública. Com a institucionalização da atividade, será possível potencializar a disseminação da produção científica da universidade, melhorar o relacionamento com a imprensa e ampliar o diálogo com a sociedade”.

Camila considera ser um grande desafio a Assessoria de Comunicação ser encarada pela comunidade universitária como estratégica. Porém, reconhece que as oportunidades são muitas, especialmente, porque é o setor que viabiliza o contato direto com a imprensa e, consequentemente, com a sociedade. “É importante ressaltar que a comunicação depende muito da integração com os outros setores da universidade para que esse relacionamento com a sociedade seja fortalecido e que a população tenha conhecimento, de fato, da verdadeira dimensão da universidade pública e da sua importância no desenvolvimento local, regional e nacional”, ressaltou.

Fortalecimento institucional

A dissertação de mestrado de Camila Fialho teve como orientador o professor Rodolfo Lima, da Feac, que considera a divulgação científica fundamental para o fortalecimento das universidades públicas e para disseminar na sociedade o conhecimento gerado, importante para a perenidade das instituições. “A Ufal não foge disso e tem uma grande quantidade de pesquisas que na maioria das vezes é até desconhecida pelo público interno”, enfatizou.

Lima reforça que a divulgação científica é uma excelente ponte para se estabelecer com a sociedade e conseguir romper os muros da universidade e apresentar resultados do investimento que é feito nesse espaço público, fundamental para o desenvolvimento de qualquer sociedade, principalmente, a alagoana. Destacou a importância do trabalho realizado por sua orientanda para otimização do fluxo de informação e da necessidade de ser a Ascom um setor estratégico para as ações da área.

“O trabalho da Camila Fialho assume uma importância não só no âmbito da Ufal. No desenvolvimento ficou evidente que a questão da comunicação aparenta ser negligenciada em outras universidades. Não é uma particularidade só da instituição alagoana. O estudo veio a lançar um olhar sobre a comunicação especificamente dos resultados da produção científica da Ufal e, nesse contexto, apontou que falta uma estruturação de um processo que possibilite uma melhor divulgação dos conhecimentos gerados na universidade”, enfatizou o professor.

Ele considera que Camila realizou um trabalho primoroso para aprofundar e gerar a discussão que se necessita para soluções, enquanto comunidade científica. Rodolfo destaca, mais uma vez, a importância da Ascom nesse processo por ter um papel fundamental de ser a promotora que materializa a comunicação na universidade.

O professor faz um destaque para a positividade do processo de orientação, com troca de aprendizado. Nesse contexto, Rodolfo cita dois pontos da importância do estudo realizado pela servidora Camila: “Primeiro por ela fazer um mestrado profissional em Administração Pública. Os trabalhos que o Profiap busca desenvolver é justamente tentando estabelecer uma ponte entre a teoria e a prática. O programa tem como uma das premissas fazer com que os alunos busquem soluções para os problemas que estão no cotidiano deles e com a Camila também não foi diferente”.

O outro ponto destacado pelo orientador é por ser parte da comunidade acadêmica da Ufal: “Vejo que pensar em uma forma de divulgação científica vai ter um retorno para mim também, para que eu tenha uma forma mais tranquila de divulgar minhas produções. Foi uma orientação extremamente prazerosa no sentido de ter gerado muito aprendizado para mim e ter promovido essa contribuição para a universidade, no sentido de tentar achar caminhos que possibilitem solução para um problema que toda a comunidade acadêmica acaba enfrentando”, comemorou Rodolfo.

Artigo aceito

A dissertação de Camila foi um dos trabalhos selecionados para apresentação na segunda edição do Encontro Nacional de Gestão e Comunicação (2º Engec), realizado de 24 a 26 de agosto, dentro do eixo temático Comunicação de Interesse Público. O evento foi promovido pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Sobre a importância de ter tido seu trabalho selecionado para apresentação num evento que trata Gestão e Comunicação, ela considera que foi uma grande oportunidade de debater a problemática em conexão com a realidade atual. “Foi uma ótima oportunidade de fomentar a discussão, em nível nacional, a respeito da importância da comunicação no âmbito estratégico, porque, mais do que nunca, as universidades públicas precisam estabelecer e manter pontes com outros setores da sociedade para mostrar que a dimensão dessas instituições vai muito além do ensino. Que as universidades públicas, são protagonistas no desenvolvimento social, econômico e cultural do país e não servem exclusivamente àqueles que ali estudam”.

Camila também teve o artigo A Divulgação Científica nas Políticas de Comunicação das Universidades Federais do Nordeste aceito para publicação na Revista de Educação, Cultura e Comunicação (Eccom), para o volume 14, nº 27, a ser lançado em janeiro de 2023. “Esse artigo que foi aceito ainda não é o que apresenta os resultados da dissertação, é uma parte do estudo que analisa a divulgação científica nas políticas de comunicação das universidades federais nordestinas”, informou.