Docente da Ufal publica estudo sobre diabetes em revista internacional
Artigo do professor Haroldo Ferreira, da Fanut, foi publicado na Nature Medicine
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O artigo intitulado Global variation in diabetes diagnosis and prevalence based on fasting glucose and hemoglobin A1c (Variação global no diagnóstico e prevalência do diabetes com base na glicemia de jejum e na hemoglobina A1c), que tem entre os autores o professor do curso de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Haroldo Ferreira, foi publicado recentemente pela revista internacional Nature Medicine.
A publicação, é fruto de um estudo realizado pelo NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC), uma rede internacional de cientistas que fornece dados rigorosos e oportunos sobre os principais fatores de risco para doenças não transmissíveis para instituições de todo o mundo. Desde março de 2021, o professor Haroldo Ferreira é um dos integrantes dessa equipe, com a qual, além desta nova publicação, já havia publicado dois outros artigos, sendo um na Lancet e outro na Nature.
O artigo publicado na última edição da Nature Medicine trata de uma metanálise envolvendo mais de 600 mil participantes alocados em 117 estudos de base populacional conduzidos, respectivamente, em todas as regiões do mundo. O professor Haroldo destaca a importância da pesquisa. “Embora a glicemia plasmática de jejum (GPJ) e a hemoglobina A1c (HbA1c) sejam usadas para diagnosticar diabetes, elas possuem diferentes habilidades para essa finalidade em virtude das distintas características e condições metabólicas dos indivíduos”, explica.
“Investigamos a prevalência de indivíduos com diagnóstico prévio de diabetes e averiguamos dentre aqueles sem diagnóstico prévio, a proporção dos que foram identificados com essa enfermidade por ocasião das pesquisas que entraram na presente metanálise, comparando as proporções daqueles que tinham hiperglicemia de jejum, HbA1c elevada ou a duas situações”, relata o professor.
Para realizar o trabalho, continua, “desenvolvemos equações de predição para estimar a probabilidade de que uma pessoa sem diabetes previamente diagnosticada e com um nível específico de glicemia de jejum, tivesse HbA1c elevada e vice-versa”. Os resultados apresentados na publicação revelam que a proporção de diabetes não diagnosticado previamente, mas que foi detectado nas pesquisas variou de 30% nas regiões de alta renda a 66% nas regiões mais pobres do planeta.
Entre aqueles com diabetes detectado nas pesquisas, a proporção de pessoas que apresentavam hiperglicemia e níveis elevados de HbA1c simultaneamente foi de 29 a 39% conforme as regiões; o restante apresentou elevação discordante de glicemia ou HbA1c. Na maioria das regiões de baixa e média renda, a HbA1c elevada isolada foi mais comum do que a hiperglicemia isolada. Nestas regiões, a utilização isolada da glicemia de jejum pode retardar o diagnóstico da diabetes e subestimar a prevalência da diabetes.
Por fim, Haroldo Ferreira afirma que o estudo é relevante pelo fato de que as equações de predição estabelecidas ajudam a alocar recursos finitos para medir a HbA1c e reduzir o déficit global no diagnóstico e vigilância do diabetes.
Numa perspectiva de estudos realizados em parceria internacional, no último mês de setembro o professor Haroldo Ferreira esteve na Suíça visitando laboratórios de pesquisa clínica e interagindo com renomados cientistas. Dessa interação, está sendo finalizado mais um artigo de caráter multicêntrico que, seguramente, será publicado em revista científica de alto impacto.
O pesquisador
Haroldo é bolsista de produtividade científica do CNPq, orientador credenciado nos Programas de Pós-Graduação em Nutrição e Ciências da Saúde, onde orienta oito alunos de mestrado, seis de doutorado e um de pós-doutorado, a maioria envolvida com temas relacionados ao projeto “Nutrição, Saúde e Segurança Alimentar dos Povos Indígenas do Estado de Alagoas”, financiado pelo CNPq, Fapeal e Ufal, e que se encontra em fase final de coleta de dados.
Recentemente teve um novo projeto aprovado no âmbito do Edital Universal/CNPq, o qual se refere a um ensaio clínico que está sendo desenvolvido no Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes e que tem por objetivo testar a eficácia da suplementação com a própolis vermelha de Alagoas sobre o perfil metabólico e de composição corporal de mulheres obesas. De acordo com Haroldo, “a comprovação da eficácia da própolis vermelha na melhoria dos parâmetros bioquímicos e de composição corporal de pacientes com obesidade contribuirá para a disponibilização de mais um recurso a ser adotado na promoção da saúde de pessoas com essa condição nutricional, a qual vem ganhando relevância como importante problema de saúde pública. Adicionalmente, irá agregar valor a esse importante produto alagoano, possibilitando o fortalecimento de sua cadeia produtiva e a geração de emprego e renda no estado de Alagoas”.
Haroldo é coordenador do Laboratório de Nutrição Básica e Aplicada (LNBA/Fanut/Ufal), o qual tem como lema “Ciência com compromisso social” expresso em sua logomarca.
“Agradeço e enalteço a força de vontade, empenho e dedicação dos estudantes que, ao longo dos anos, têm passado pelo nosso LNBA. Eles não apenas contribuem na execução dos trabalhos, mas também me inspiram e me motivam a continuar buscando produzir informações que sejam relevantes para o incremento da qualidade de vida da população, particularmente aquelas submetidas a vulnerabilidade social, maior foco de nossas realizações”, complementa Haroldo Ferreira.