Servidor da Ufal escreve poema sobre afundamento dos bairros em Maceió
Sensibilidade e indignação dão o tom às palavras de Rodrigo Severiano
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Nos últimos dias, a cidade de Maceió voltou a ser tema dos noticiários locais e nacionais, dessa vez por causa do iminente colapso da mina 18 da Braskem, na área de risco afetado pelo fenômeno da subsidência em razão da exploração de sal-gema na região. Algo que entristece qualquer morador da cidade, inclusive o assistente em administração da Ufal, Rodrigo Severiano, que conseguiu expressar por meio das palavras o sentimento que toma conta dos maceioenses desde 2018, quando tudo isso começou.
Lotado no Instituto de Ciência Humanas, Comunicação e Artes (Ichca) há dez anos, o servidor, que é formado em Letras pela Ufal e mestre em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), explica de onde surgiu a motivação para escrever o poema.
“A motivação vem da observação in loco, haja vista se tratarem de bairros que frequentei boa parte da vida. Fui vendo nos últimos anos intervenções em muros mais fortes que qualquer verso que eu tenha escrito, além da escuta de relatos dos que viram suas memórias e seu patrimônio corroídos pela mineração predatória”, explica Severiano. A angústia de ver ruir muitas memórias, sobretudo durante a pandemia, também mexeu com o poeta. “Quando ainda estávamos em quarentena, percebi que as histórias estavam passando sem a força do registro necessário, pois as perdas decorrentes do novo corona vírus – com toda razão – ocupavam o noticiário diariamente. Ao me interessar pelo tema, conheci outros atores dentro e fora da Universidade que já estavam mergulhados em registrar sem demora tudo que fosse possível”, completa o servidor.
Embora não tenha sido diretamente atingido pelo afundamento dos bairros, Rodrigo Severiano mantém uma relação com a região. “Acredito que um grande número de maceioenses tem relação direta ou indireta com os bairros afetados, quer seja por laço familiar, pelo trabalho, pela fé, ou até pela memória de pertencimento da cidade, com ênfase nos locais evacuados. Minha mãe mora no Vergel e lá há uma grande preocupação com o entorno da Lagoa Mundaú”, destaca Severiano.
O servidor explica, ainda, que com a iminência do colapso da mina 18, foi orientado por uma professora da unidade acadêmica em que trabalha a gravar um vídeo recitando o poema. A publicação em seu perfil pessoal no Instagram obteve 14 mil visualizações.
Outras obras do autor
O poema “Buraco” faz parte do livro de poemas intitulado Na medida do (im) possível, com mais de 40 textos escritos por Rodrigo. A obra está em fase final de organização e é ilustrada por Yara Pão, Bruna Barbosa e Beatriz Azevedo. Com poemas que transitam entre o jogo de palavras e signos visuais e a observação de temáticas mais engajadas. É nessa linha que o poema Buraco se inscreve.
Além disso, o servidor do Ichca também publicou outros dois livros de contos, sendo o primeiro deles ainda durante a graduação, chamado Contando o sete. Já o livro Sinestesia e o cheiro do olhar, foi publicado em 2013.
Clique aqui para ter acesso ao poema.