Docente do Instituto Ciências Sociais ganha prêmio Barco a Vapor de Literatura
Joyce Martins lançou A Tatuagem para falar de nazismo, ditadura e refletir sobre memórias
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Lançado pela SM edições, o livro da professora e cientista política Joyce Martins, A Tatuagem, foi o vencedor da 18ª edição do Prêmio Barco a Vapor. Conhecido entre os escritores, o prêmio é uma iniciativa da SM para revelar novos autores em literatura juvenil, e é hoje um dos mais importantes da categoria no país.
A história fala de uma personagem que descobriu o significado de uma intrigante sequência de números tatuados, mas que tenta esquecê-los a qualquer custo. Durante a história, vão se delineando memórias familiares e fatos relativos a regimes de opressão, principalmente no Brasil e na Alemanha.
“A ideia é provocar reflexões sobre o passado, o presente e o futuro do Brasil e do mundo, honrando as memórias e alertando que ‘o esquecimento é nosso mal’”, revela a sinopse da obra. Hoje Joyce dá aula de Ciência Política, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mas, antes de chegar por aqui, ela passou pelo Rio Grande do Sul, São Paulo e até pela Espanha.
“Saí de Fortaleza, Ceará, e fui a todos esses lugares ‘levada pelas Ciências Sociais’. Fiz doutorado, doutorado-sanduíche, pós-doutorado e depois dei aulas. Estas na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e na Federal de São Carlos (UFSCAR), onde trabalhei como professora substituta de Sociologia. O livro começou a ser feito ao final do contrato na UFSCAR, pouco antes de eu vir tentar concurso para professor efetivo na Ufal”, diz.
Para a professora, o que inicialmente seria um livro adulto e se tornou uma história infanto-juvenil para concorrer ao prêmio, surgiu principalmente do espanto com alguns saudosos da ditadura civil-militar, que começavam a surgir nos jornais. “Associei isso aos moradores do meu bairro em Porto Alegre, muitos eram judeus ou descendentes de judeus que vieram para o Brasil fugindo do nazismo. Apesar de ter sido escrita para o público infanto-juvenil, de forma alguma é só para ele”, revela.
“A história surgiu de um conto de meia página que eu havia escrito em 2016. O lançamento foi on-line, organizado pela SM Edições. Tenho uma grande expectativa de que A tatuagem seja lida. De que a história chegue a muitas pessoas e provoque tanto diversão como reflexão. Ela venceu outras 1.129 obras!”, comemora.
Segundo parecer do júri do concurso, “o tema dos desdobramentos do nazismo em solo brasileiro, pouco explorado na literatura infantil e juvenil, é apresentado a partir da perspectiva da narradora desde sua mais remota infância até a idade adulta, com base em seus vínculos familiares”.
A cerimônia de premiação aconteceu em novembro do ano passado, e para quem já leu o livro e quer saber mais sobre o que acontece após o desfecho, Joyce conta que haverá continuação: “Tenho projetos, para novas obras. Envolvendo tanto o público juvenil, há uma continuação de A tatuagem, e também para o público adulto. Muito em breve espero estar com mais novidades!”, anuncia.