Relógio biológico é tema de debate entre pesquisadores dos EUA no HU
Transmitido pelo canal E-saúde do HU, o seminário teve, na audiência, pesquisadores da Universidade de Quilmes, na Argentina, e de outras regiões do país.
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O auditório geral do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA) sediou, na terça-feira, o 1º Seminário Internacional de Medicina Circadiana, evento que trouxe os PhDs Norte-Americanos David F. Smith e Marc Ruben, membros do Centro de Medicina Circadiana do Cincinnati Children's Hospital Medical Center, para discutir a importância do relógio biológico em procedimentos e estudos da área de saúde e para profissionais no âmbito hospitalar. Transmitido pelo canal E-saúde do HU, o seminário teve, na audiência, pesquisadores da Universidade de Quilmes, na Argentina, e de outras regiões do país.
A atividade foi realizada pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), através da Faculdade de Medicina (FAMED), do Centro de Medicina Circadiana da FAMED, da Liga Acadêmica de Medicina Circadiana (LAMeC-UFAL), dos programas de pós-graduação em Ciências Médicas (PPGCM) da FAMED e Ciências da Saúde (PPGCS) do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS/UFAL), em conjunto com o Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), por meio da Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP).
Além da exposição da relevância da medicina circadiana e do relógio biológico para profissionais e sistemas de saúde, o seminário também proporcionou a discussão de colaborações, aproveitando o desenvolvimento científico e tecnológico que pode vir do crescimento dessa área, visto que o tema já rendeu o prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia de 2017 aos norte-americanos Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young. “Foram abordadas cooperações de longo prazo entre a UFAL, o HU e o Cincinnati Children's Hospital Medical Center, que podem ser consolidadas e potencializadas ao longo dos anos. O seminário foi bastante satisfatório, não apenas como evento pontual, mas como perspectiva de solidificação de parcerias na área de pesquisa clínica”, resume o coordenador do evento e do Centro de Medicina Circadiana e de Pesquisa da FAMED, o professor Tiago de Andrade.
A obtenção dos resultados dentro da medicina circadiana passa por processos ligados à análise de dados, investigando mecanismos que surtem efeito conforme o tempo. Para o PhD em genética molecular e neurobiologia, Marc Ruben, a integração entre departamentos dos hospitais para coletar e processar dados é o aspecto mais importante. “Existe uma adoção crescente de registros médicos eletrônicos ao redor do mundo. É um recurso incrível, mas são dados não tratados. Há a necessidade de análise, o que chamamos de informática clínica, que dá sentido a esses registros. Uma maneira de aprender sobre o relógio biológico é usando grandes quantidades de dados coletadas todos os dias nos serviços de saúde”, explica o pesquisador.
Muitos profissionais trabalham em plantões, com escalas no período noturno e depois no diurno. A alternância contínua e prolongada de rotina impacta no relógio biológico, causando problemas que vão além da privação de sono, podendo desencadear diabetes, obesidade, transtornos psiquiátricos, comprometimento do sistema imune e alguns tipos de câncer, além de comprometer a sua relação com o trabalho. É sobre essa variação que trata o shiftwork, outro tema de pesquisa na medicina circadiana. “Geralmente, em muitos hospitais, shiftworkers representam 25% ou mais. Eles possuem alta rotatividade. Prepará-los para que durmam no horário correto e sejam saudáveis, pode melhorar o humor, fazendo com que permaneçam nos seus empregos. Isso impacta os resultados de saúde a longo prazo”, esclarece o diretor clínico no Centro de Medicina Circadiana do Children 's Hospital Medical Center, David F. Smith.
Estudos circadianos compreendem desde associações complexas de dados até medidas como a iluminação dos quartos onde os pacientes estão internados. Para a aluna do segundo período de medicina da UFAL, Heidi Andrade, o conhecimento pode ser um diferencial na formação de futuros médicos. “Mesmo um paciente submetido a uma cirurgia pode se recuperar muito melhor se dormir bem no dia seguinte. Há a questão cardíaca, dos pacientes que dormem mal, têm apneia do sono e tantos outros danos no coração quanto pessoas com insônia crônica. O tema é muito relevante porque permite trazer ações simples, mas que podem fazer a diferença para o paciente”, resume.
Para os interessados no tema, o Seminário pode ser assistido na íntegra na Unidade de E-Saúde do HUPAA.