Grupo de Pesquisa da Ufal discute revogação do Novo Ensino Médio
Roda de Conversa sobre o tema aconteceu na última quinta (16) e deve criar Comitê Estadual
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Professores e pesquisadores das áreas da educação e formação de professores em Biologia, Geografia, Pedagogia, Letras, Filosofia, Sociologia e História; coordenadores pedagógicos; e estudantes da graduação e do Ensino Médio, estão unidos na criação de um Comitê Estadual de Luta pela Revogação do Novo Ensino Médio (NEM). A origem do comitê foi discutida durante uma roda de conversa que aconteceu na última quinta-feira, 16 de março, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
A atividade integrou a Semana Nacional de luta pela revogação do Novo Ensino Médio que aconteceu na quarta (15), em todo o Brasil. Em Maceió, o ato aconteceu no Cepa. O evento foi coordenado pelo professor Tiago Zurck e pela professora Edna Prado, ambos do Centro de Educação da Ufal e do Grupo de Pesquisa em gestão e Avaliação e Educacional (GAE/CNPq).
Uma média de 150 participantes estiveram nas rodas, que aconteceram em três turnos. Para o professor Tiago Zurck, “o que se observou a partir da Roda de Conversa é que ao contrário do que se idealizou, o NEM, nas escolas públicas, nem prepara para o mercado de trabalho, nem garante formação sólida para que a juventude da periferia sonhe com a universidade”.
Estiveram presentes ainda diversas entidades de classe (Adufal, Sinteal, Ubes, Caped, D.A. História, entidades de pesquisadores, Anfope/AL). “A expectativa é de que até o dia 26 de março seja chamada uma reunião híbrida ou remota para garantir a participação mais ampla possível”, completa o professor. A carta aberta pela revogação do NEM está disponível no site.
O Novo Ensino Médio
Criado em 2016 pelo então presidente Michel Temer, através da Medida Provisória (MP 746/2016), o Novo Ensino Médio surgiu em meio à muitas polêmicas. Com o novo modelo, os alunos deixam de ter carga horária total de 800 horas de aulas por ano e passam a ter mil horas de aulas por ano. Assim, ao final dos três anos de Ensino Médio, o aluno precisa ter, no mínimo, três mil horas de aulas. Destas, 1800 horas serão destinadas para as disciplinas obrigatórias da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as demais devem ser utilizadas para os itinerários formativos.
Segundo o professor Tiago, o modelo não atende às expectativas da juventude pobre, já que 80% das matrículas do ensino médio estão na escola pública, portanto, não garante uma escola pública com qualidade e de formação sólida para estes estudantes. “Os pesquisadores que estiveram presentes denunciaram a desconexão da lei com a realidade das escolas públicas de ensino médio já que elas não têm infraestrutura, recursos humanos, investimentos, laboratórios que de fato efetivem a reforma idealizada. Há um esvaziamento do currículo, empobrecendo ainda mais a formação dos jovens, especialmente da juventude da periferia”, afirma.
“Há um apagamento da identidade do professor, já que eles estão sendo obrigados a ministrarem itinerários que complementem sua carga horária para não ministrarem aula em outra escola, pois parte dos conteúdos das disciplinas que eles são formados foi retirada. Um dos professores presentes relatou que a carga horária de sua disciplina, Biologia, foi diminuída para uma hora semanal e que não dá para fazer muita coisa nesse tempo de aula, mas para complementar a carga horária de trabalho ministra aula sobre ‘Start! A Hora do Desafio!’, jogos digitais e e-sports, Laboratório de Práticas Experimentais ou seja, componentes fora da área de sua formação”, completa.