Diretora da Escola de Enfermagem recebe troféu Selma Bandeira

Solenidade realizada pela prefeitura de Maceió aconteceu na última quinta-feira (30), na Associação Comercial

Por Izadora Garcia - relações públicas
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A diretora da Escola de Enfermagem (EEnf), Cícera Albuquerque, recebeu, na noite da última quinta-feira (30), o troféu Selma Bandeira, iniciativa da prefeitura de Maceió para homenagear mulheres que se destacam por sua atuação em prol da sociedade e à causa feminina. A docente foi escolhida como representante da categoria pesquisa e recebeu o prêmio junto a outras 12 mulheres que desenvolvem ações em segmentos diversos como defesa da cidadania, política, educação, música, cultura e empreendedorismo.

De acordo com Ana Paula Mendes, que coordena o Gabinete da Mulher da prefeitura de Maceió, a homenagem é um ato simbólico essencial e especialmente importante em uma sociedade estruturalmente misógina e racista. “É uma honra homenagear e celebrar essas mulheres e suas contribuições não somente para as áreas a que se dedicam, mas para toda a sociedade”, afirmou.

A escolha dos nomes aconteceu por meio de uma comissão que analisou os currículos e o peso das contribuições para a sociedade maceioense. “O principal critério que utilizamos para chegar à decisão foi o impacto positivo na sociedade que o trabalho desenvolvido pelas homenageadas causou”, explicou. A professora Cícera Albuquerque recebeu com muita alegria a indicação ao prêmio. “Analisaram meu currículo e acharam que havia muita consistência nas minhas atividades de pesquisa e contribuições diversas nos estudos da saúde mental e das relações humanas”, avaliou.

Segundo a docente, o prêmio é muito representativo para a Ufal e especialmente para a Escola de Enfermagem, composta, quase que em sua totalidade, por mulheres. “Esse prêmio se torna ainda mais importante quando pensamos na composição da Escola de Enfermagem enquanto unidade quase 100% composta por mulheres e que forma profissionais, em sua maioria, mulheres. E também quando analisamos o quanto é difícil ser mulher e pesquisadora”, explicou.

Para a professora, iniciativas que valorizam a presença feminina, especialmente na pesquisa, são fundamentais, principalmente pela dificuldade que as mulheres enfrentam ao ingressar na academia, um ambiente predominantemente masculino. “Ser mulher, por si só, já não é fácil. O universo da pesquisa privilegia muito o masculino por toda uma estrutura que eles têm, constituída, essencialmente, por mulheres. Para nós, as dificuldades se multiplicam porque, na maior parte dos casos, precisamos conciliar a pesquisa com as responsabilidades voltadas à casa, filhos e organização da vida familiar. Exige muito estudo, muito foco e muita dedicação”, explicou.

“E, além da importância para a Universidade e para a unidade em que eu atuo, o prêmio é muito importante, pessoalmente, para mim, pois é o reconhecimento de uma trajetória de mais de 30 anos de pesquisa. Esse reconhecimento me trouxe um contentamento, uma força, a certeza de que valeu a pena dedicar minha vida a pesquisar, de que o que eu estudei teve relevância, impactou a sociedade a ponto de uma comissão considerar que o meu nome poderia ser homenageado”, complementou.

“Dedico esse prêmio a minha família, cujo convívio precisei abdicar diversas vezes em prol das minhas pesquisas. Dedico também às minhas colegas de trabalho, aos meus orientandos e, especialmente, à Universidade Federal de Alagoas, que investiu em mim e me preparou para isso”, finalizou.

Uma vida de Ufal

A trajetória da professora na Universidade Federal de Alagoas começou há mais de 40 anos, quando prestou vestibular para o curso de Enfermagem e começou os estudos na Instituição, em 1981. Depois de formada, Cícera atuou como enfermeira em São Paulo. Ao retornar para Maceió, em 1989, prestou concurso para o então Departamento de Enfermagem da Ufal, onde começou a sua carreira como docente.

A primeira experiência da docente com a pesquisa foi por meio de um grupo voltado aos estudos sobre gênero e sexualidade, com as professoras Belmira Magalhães e Aparecida de Oliveira. “Incialmente, tive uma aproximação maior com a extensão porque o curso de Enfermagem tem essa característica extensionista, voltada ao social. Mas depois comecei a investir na pesquisa, me especializando e fazendo mestrado e doutorado. Iniciei investigando temas voltados à sexualidade da mulher, relações das mulheres em relação à gravidez, parto e perda de bebês. Depois de muito tempo atuando nessa esfera, minha carreira deu uma guinada e eu me voltei a questões relativas à saúde mental. Desde 2006, minhas investigações são relacionadas ao tema”, explicou.

Sendo professora titular, nível máximo da carreira docente na Instituição, desde 2016, Cícera sempre incentivou novos alunos a ingressar no universo da pesquisa, especialmente por meio da iniciação científica, contexto no qual está inserida há 23 anos. A docente também teve participação fundamental na criação do mestrado em Enfermagem. E agora, a unidade pleiteia o doutorado.

Há cerca de 3 anos, Cícera iniciou sua jornada na gestão da Escola de Enfermagem, como diretora. Anteriormente, já esteve à frente da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes). Por ser decana dentre os diretores de unidade, assume a gestão central da Universidade na ausência do reitor e da vice. Mas sua principal paixão continua sendo a investigação científica. “Eu vou continuar pesquisando. Já tenho muitos projetos na cabeça. Pretendo captar recursos para a universidade e investir na formação de muitos outros pesquisadores. Eu gosto de orientar, estar em uma sala de aula é uma experiência linda”, afirma.

Ao avaliar a trajetória acadêmica e pessoal, Cícera Albuquerque se resume como uma mulher feliz. “Eu faço tudo com muito afinco, sou uma mulher feliz. Eu amo a vida, eu amo estar em sala de aula, eu amo o que eu faço, eu mergulho no que eu faço. Pra mim, dar aula, especialmente no mestrado, é uma coisa linda. O contato humano me traz vida e a Ufal, por me permitir esse contato com tantos alunos e tantas pessoas, é um lugar que me traz vida. E assim eu vou seguindo”, finalizou.