Cecane promove encontros para o fortalecimento da agricultura familiar

No Campus A.C Simões a atividade aconteceu nesta terça-feira (9), com a participação de produtores, gestores municipais e comunidade universitária

Por Lenilda Luna - jornalista
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O auditório da reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) foi palco, na manhã desta terça-feira (9), de um encontro entre produtores da agricultura familiar, gestores da educação de cerca de 30 municípios do leste alagoano e nutricionistas da Universidade. O objetivo foi discutir ações para o fortalecimento da alimentação orgânica das escolas públicas com a produção agrícola local.

A reunião fez parte de uma série de encontros que o Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (Cecane), da Ufal, está realizando para aproximar os pequenos produtores alagoanos dos gestores da Educação. O Cecane foi formado em 24 Universidades como unidade de apoio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia ligada ao Ministério da Educação, para prestar assessoria científica, técnica e operacional nas ações de alimentação escolar.

A professora Bruna Merten Padilha, doutora em Nutrição e coordenadora do Cecane Ufal, destacou a importância do trabalho realizado. “Aqui na Ufal, iniciamos os proejtos no ano passado e esse ano estamos dando continuidade às ações: o primeiro encontro foi realizado em Delmiro Gouveia, em abril, agora fizemos esse em Maceió e o próximo será em Arapiraca, em julho. Queremos atingir o máximo de municípios dessas regiões para promover a compra dos produtos da agricultura familiar”, destaca a nutricionista.

Além do debate com os gestores e nutricionistas dos municípios, o encontro promoveu uma exposição dos produtos no hall da reitoria. “Os agricultores apresentaram não só as produções in natura mas também trouxeram alguns elaborados saudáveis, como pães, bolos, biscoitos e laticínios. Uma diversidade de itens sem agrotóxicos e sem processamentos químicos que podem ser oferecidos na merenda escolar. É importante que haja essa troca de informações entre gestores e produtores, que traz muitos benefícios para todas as pessoas envolvidas”, ressalta a professora Bruna.

Esses benefícios socioeconômicos e para a saúde pública são enfatizados pela vice-diretora da Faculdade de Nutrição da Ufal, Thatiana Fávaro, que também é a presidenta do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea/AL). “A alimentação escolar é uma das mais importantes ferramentas de combate à fome. As últimas pesquisas da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), divulgadas em 2022, indicam que, em Alagoas, 36,7% das famílias alagoanas não têm comida suficiente para garantir as refeições diárias. Isso é muito grave. Daí a necessidade de fortalecer as políticas públicas que garantem alimentos saudáveis para a população mais vulnerável”, aponta a pesquisadora.

Segundo Thatiana Fávaro, a alimentação escolar e o incentivo à produção local garantem uma relação fundamental para mitigar a fome. “Quando a gente consegue respeitar o que diz a legislação que determina que pelo menos 30% das compras de produtos alimentícios para as escolas seja feito direito ao pequeno produtor da região, principalmente no contexto de Alagoas, vemos que essa relação da escola com a agricultura familiar garante circulação de renda nos municípios e alimentação saudável para as crianças”, pondera Fávaro.

A Lei 11.947, de 2009, dispõe sobre as diretrizes da alimentação escolar e define que “do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do Pnae, no mínimo 30% deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações”. A agricultora Maria Rita Rosa dos Santos, que veio do assentamento dom Helder Câmara, em Murici, definiu orgulhosa sua participação no encontro. “Vim apresentar a nossa produção de alimentos de verdade, para comer e compartilhar”, finalizou a assentada.