Ufal tem autores em livro sobre maior pesquisa em transformação digital

Obra foi lançada internacionalmente e traz diagnóstico de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal

Por Diana Monteiro – jornalista
- Atualizado em
Organizadores: Thiago Ávila, Beatriz Lanza e Daniel Valotto
Organizadores: Thiago Ávila, Beatriz Lanza e Daniel Valotto

O processo de transformação digital em Alagoas está documentado em artigo elaborado por quatro pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas, e compõe livro que traz a maior pesquisa sobre essa temática. Trata-se da obra Transformação digital, tecnologia e inovação nos estados brasileiros: Os caminhos propostas para o período 2023-2026, publicado pela Red Académica de Gobierno Abierto International (Raga), entidade sediada na Argentina.

O conteúdo da obra está em destaque porque pode impulsionar a ciência, a tecnologia e a inovação nos estados do Brasil. Tudo isso, por trazer um diagnóstico de todos os estados brasileiros e mais o Distrito Federal em termos de transformação digital para a oferta de serviços de qualidade para a população.

Lançado internacionalmente no último 21 de abril, o livro conta com a participação de 35 pesquisadores dos 26 estados e do Distrito Federal. Dentre os pesquisadores envolvidos, quatro são da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que, em coautoria, elaboraram o capítulo Alagoas.

Os professores destacaram informações com a finalidade de colaborar em decisões governamentais e nos órgãos públicos de Alagoas, incluindo a atuação das universidades e de pesquisadores em prol de mais qualificação no processo de transformação digital do estado. O capítulo foi trabalhado pelos docentes Francisco Rosário e Luciana Santa Rita, ambos da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade (Feac), do Campus A.C. Simões, Victor Carvalho e Robério Santos, docentes do eixo das tecnologias do Campus do Sertão.

Francisco e Luciana são economistas com destacada atuação em pesquisas sobre desenvolvimento econômico, inovação tecnológica, empreendedorismo, competitividade e políticas públicas. Já Victor e Robério são da área da informática, com o olhar sobre a eficiência e o impacto do emprego das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), e da inovatividade envolvida no uso destas ferramentas para a entrega, às pessoas, dos serviços digitais com qualidade.

Os pesquisadores participantes do livro analisaram 45 indicadores e 1.343 propostas de 85 candidatos a governador e governadores eleitos. A partir daí, produziram ampla reflexão sobre o alinhamento das propostas dos candidatos com os desafios das unidades federativas  identificados pelos indicadores analisados.

Alagoas está no quarto capítulo e o artigo trata do levantamento e da análise de indicadores, demonstrando o desempenho local em termos de transformação digital e inovação no uso de tecnologias para a entrega de serviços para a população. Busca ver, também, as propostas desenvolvidas por governadores do estado, delineando um caminho a ser seguido para o período de 2023 a 2026.

O professor Victor Carvalho revela que, posteriormente, a pesquisa identificou 34 propostas dos candidatos a governador em Alagoas, e apresentou uma associação preliminar de tais propostas aos indicadores selecionados. Elas indicam um ambiente favorável, especialmente ao tema Governo Digital. Verificou-se que foi nessa temática que houve um maior número de propostas apresentadas pelos candidatos.

Os pesquisadores fizeram um cruzamento das propostas com os resultados já alcançados para se determinar a abertura, ou melhor, a favorabilidade do estado aos temas relacionados à transformação digital. O capítulo elaborado analisou diversos indicadores municipais e estaduais sobre a temática, caracterizando a situação do estado no contexto local e nacional. “Apontamos também alguns caminhos que, combinados com outros, seguramente potencializam e podem construir uma infraestrutura sólida para que o estado de Alagoas possa trafegar e melhorar a sua posição em nível nacional nos temas de transformação digital, tecnologia e inovação”, afirmou Carvalho.

Ele acrescenta que o livro emprega os indicadores de forma proficiente para demonstrar a atual situação do estado em termos da entrega de serviços digitais. “Também apresenta quais seus pontos fortes e os pontos que precisam de atenção para garantir que estes serviços tenham maior penetração na nossa malha de municípios, sempre buscando também atender às políticas públicas desenvolvidas pela Federação e pelo estado”, completou.

Pioneirismo

Os envolvidos no capítulo sobre Alagoas falam da importância de a Ufal fazer parte de numa obra inédita e de grande relevância para o estado de Alagoas. “O estudo é um marco no estado e no Brasil. Para Alagoas, o levantamento e a análise dos dados sobre transformação se tornaram um marco na formulação de políticas públicas. Além disso, os dados permitem um panorama do sistema regional de inovação. Como pesquisadora da área de inovação, participar do capítulo Alagoas é uma consolidação de competências para se avançar na pesquisa sobre indicadores de inovação”, enfatizou Luciana Santa Rita.

O professor Robério diz que a participação da Ufal na obra é uma demonstração de que seus pesquisadores estão engajados em questões relativas ao avanço da transformação digital no estado, como sendo uma das indutoras do processo de transformação social e econômica da sociedade alagoana, assim como para o governo e economia locais: “Para Alagoas o trabalho pioneiro representa um marco na análise das bases da transformação digital da sociedade, como também, a formação de recursos humanos altamente qualificados para induzir os meios de inovação em diferentes áreas do saber”.

Victor Carvalho também afirma que a obra é um marco para as análises sobre a evolução de transformação digital no Brasil, tendo reflexões claras sobre a necessidade de se continuar desenvolvendo pesquisa científica sobre o tema, que envolve os contextos social, econômico, político e tecnológico da entrega de serviços digitais de qualidade para o cidadão. "A participação de professores pesquisadores da Ufal demonstra a seriedade dos organizadores, buscando profissionais com know-hows diversificados, para que a análise desenvolvida possa gerar comentários e insights com uma visão multifacetada dos fenômenos adjacentes à transformação digital dos serviços no nosso estado”, destacou o docente, graduado em Sistemas de informação pela Ufal, mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde está concluindo o doutorado nessa mesma área.

Relevância da Ufal

O pesquisador Francisco Rosário enfatiza que a Ufal talvez seja a única grande formação de inteligência, no sentido analítico em Alagoas. “Estar numa obra de muita relevância, por meio de uma equipe de pesquisadores, confirma e mostra seu valor [a Ufal] para as análises sobre o que está acontecendo no estado. Nossa Universidade tem papel fundamental no desenvolvimento de Alagoas. Modificou a estrutura de várias cidades onde se instalou no interior e tem que ser levada em consideração para qualquer coisa que trate do crescimento e do desenvolvimento local”, disse.

O pesquisador aproveita para destacar que o livro trata de uma situação pouco usual na academia, assim como na sociedade, que é a de avaliar as políticas públicas e seus políticos: “É uma obra que repercute diretamente sobre a evolução de elementos relacionados ao governo digital no Brasil, em cada um de seus estados e no Distrito Federal”.

E completa: “A reforma administrativa, por exemplo, se ocorrer no atual governo federal, vai ser toda baseada em governo digital. E analisamos a infraestrutura de Alagoas e dos demais estados para dar conta desse governo digital que vai ofertar serviços à população e como esses governadores estão percebendo isso. Vimos mais discursos do que efetivação em ações em políticas públicas do ponto de vista do governo digital, do acesso da população aos serviços digitais oferecidos e à agilidade que o digital oferta para os seus serviços públicos”.

Francisco sugere a criação de Observatórios na Ufal, dado ao seu determinante papel na sociedade. Diz que a instituição alagoana precisa ser mais requisitada. “Falta na Universidade, com apoio do Estado, a criação de observatórios sobre desenvolvimento, políticas públicas, para a análise do que acontece. Como a que trata sobre o inchaço da máquina pública, por exemplo, sem planejamento, que não se avalia se é bom ou se ruim, dentre outras situações. E a universidade é o local das competências. Tem a habilidade de fazer avaliação transparente, mais objetiva, mais igualitária e mais equânime. A universidade tem esse papel e ainda assim é pouco utilizada. Há, inclusive, dificuldade até da obtenção de dados”, reforçou Francisco Rosário.

Organização do livro

Egresso da graduação em Ciência da Computação e do mestrado em Modelagem Computacional, ambos do Instituto de Computação da Ufal, Thiago Ávila é um dos organizadores do livro. Ele está cursando doutorado em Administração Pública e Governo na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é tido como um dos mais destacados pesquisadores em Alagoas e no cenário nacional quando o assunto são questões envolvendo governo eletrônico.

Junto com Thiago Ávila, também fazem parte da equipe de organizadores do livro Beatriz Lanza e Daniel Valotto, ambos com formação na Universidade Federal do Paraná (UFPR). “O livro consolida os principais desafios dos estados brasileiros para a sociedade do conhecimento. Ao dar visibilidade aos estados, esperamos contribuir com um debate qualificado sobre a atuação dos agentes políticos e institucionais para o desenvolvimento da transformação digital, tecnologia e inovação no Brasil. Cumpre destacar que o livro, no seu capítulo 30, promove uma rica discussão sobre os desafios para o desenvolvimento destas importantes agentes”, destacou o organizador.

"A Ufal deu uma contribuição bem relevante ao contar com quatro dos seus principais pesquisadores na área para investigar a refletir o contexto do estado nas temáticas do livro. Os pesquisadores alagoanos apresentaram sete propostas para o desenvolvimento da agenda em Alagoas e contemplam uma visão mais ampliada da realidade local”, afirmou Thiago, reconhecendo o trabalho desenvolvido pela instituição alagoana em prol do desenvolvimento local.

Ele também fala sobre a importância e a competência das instituições públicas de ensino superior pelos relevantes estudos científicos realizados: “Outra coisa que merece destaque é que, 18 das 27 universidades federais e institutos federais, tiveram pesquisadores colaboradores para a realização do livro”.

Além da Ufal, participam da obra as instituições federais do: Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Roraima, Paraíba, Rio Grande do Norte, Paraná, Santa Catarina, Tocantins, Rio de Janeiro, Amapá, Rondônia e Goiás. Também são participantes do livro a Universidade de Brasília (UNB) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP).

O livro publicado em formato de e-book com a chancela da própria Raga pode ser baixado gratuitamente aqui. Mais informações, basta clicar aqui.