Aos 49 anos de serviço servidora conta que rotina universitária é “sentir-se viva”
Das quase cinco décadas como servidora, Carminha se dedica há 27 anos ao Cerimonial Universitário
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“Senhoras e senhores sejam todos bem-vindos e bem-vindas”. A saudação, que marca rotineiramente as solenidades da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) na voz da cerimonialista e mestre de cerimônia Maria do Carmo Leite Azevedo, coroa grandes momentos da instituição. O mais recente, no dia 19 de junho, ao conduzir a aula inaugural de 2023, um dia após completar 49 anos de jornada de trabalho na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Destes, são 27 dedicados à função onde ela diz sentir-se feliz e realizada, pelo privilégio de participar ativamente de solenidades marcantes da maior instituição de ensino superior de Alagoas.
Quem não conhece a “Carminha do Cerimonial?”. Como ela mesma diz: “eu já não sou eu mesma. Passei também a ser chamada, de 'Carminha da Ufal', o que ocorre rotineiramente, fora do ambiente universitário”, conta feliz a espirituosa e bem-humorada servidora, demonstrando do quanto a instituição tem grandes significados para sua vida. “A Ufal, onde ingressei por concurso, para mim é um prêmio que recebi na vida. Sempre agradeço esse meu privilégio de pertencer a uma instituição que vi crescer, participei de sua evolução como estudante e depois de um tempo, como servidora, onde estou há quase 50 anos”.
E com propriedade, Carminha elege como maior evolução da Ufal a expansão para duas regiões de Alagoas. “Foi gratificante participar do lançamento da pedra fundamental dos campi Arapiraca e do Sertão e, posteriormente, também da colação de grau das suas primeiras turmas, contemplando a felicidade e a gratidão daqueles alunos e de suas famílias, com aquela conquista”, afirma.
Mas em seu percurso como servidora, possivelmente os anos de 2020 e 2021 foram os de maiores desafios para ela. Devido à desafiante covid-19, dentro dos protocolos de segurança estabelecidos de cuidados e de enfrentamento à pandemia, Carminha só em 2022 pôde retomar à sua rotina universitária no Cerimonial Universitário que ficou aguardando o momento considerado certo para a volta.
“Fui tomada pelo pânico, pela melancolia, achei que não voltaria mais ao trabalho e vendo tanta gente 'partir', pessoas amigas, sentia-me também sob ameaça e achei que não resistiria também. O distanciamento do trabalho, do convívio social e da Ufal, mesmo com a consciência da realidade de então, enfrentar e encarar uma mudança tão radical de vida, não foi fácil para mim”.
Mas passada essa “fase de tormenta”, ela continua comemorando o seu retorno. Diante da experiência que viveu com tantos desafios, diz que a maior diferença é o viver. “Ir para a Ufal é como se eu tivesse voltado a viver, sinto-me viva, sem cansaço, sem medo. É maravilhoso estar onde a Ufal está”, vibra Carminha com o recomeço da continuidade de sua jornada de trabalho. E aproveita o novo momento que vive na Ufal, tecendo agradecimentos aos reitores que depositaram nela a confiança para fazer parte do Cerimonial Universitário. Em especial ao atual reitor.
“Agradeço a todos os reitores pelos meus 27 como participante do Cerimonial Universitário, junto com as servidoras Fátima Leobino e Maria do Carmo Silva. Do apoio sempre recebido da servidora Maria do Carmo Viana. Agradeço, sobretudo, ao reitor Josealdo Tonholo por ter me dado a oportunidade de permanecer exercendo a minha função como cerimonialista e mestre de cerimônia depois de longos meses de afastamento devido ao ritmo imposto pela pandemia da covid- 19 nas rotinas universitárias”.
O convite para participar do cerimonial ocorreu na gestão do reitor Rogério Pinheiro, quando foi regulamentado o Cerimonial Universitário. Por meio de uma Portaria foi instituída uma comissão para organização e execução de todos os eventos da Universidade: colações de grau, seminários, congressos, lançamentos e títulos honoríficos.
Além de atuar como mestre de cerimônia, ela participa de todas as etapas inerentes à atividade institucional “Participar, ativamente, dos grandes momentos na vida da instituição é algo que me compraz imensamente. Saber-me integrante do cerimonial que conduz a história da Ufal é gratificante e honroso para mim. Um misto de dever cumprido. Nada mais prazeroso do que viver esses momentos com a comunidade externa, com a sociedade”, reitera.
Aposentadoria chegando
Em 2024 Carminha faz 50 anos de trabalho e 75 anos de vida. Essa realidade trará para ela uma outra grande mudança em sua rotina, quando atinge a idade máxima, regida em lei, para a aposentadoria compulsória. A servidora disse estar começando a se preparar para “a grande mudança”. E sobre esse novo momento que está se aproximando, Carminha diz:
“Eu estou no meu crepúsculo da vida e da Ufal. Ano que vem atingirei o meu prazo máximo. Mas esperarei alguém que me substitua no cerimonial, uma função, como servidora, onde eu me sinto totalmente realizada. Saber-se integrante do cerimonial que conduz a história da Ufal é gratificante e honroso para mim. Um misto de dever cumprido”.
Dinâmica trajetória
Carminha ingressou como servidora na instituição alagoana em 18 de junho de 1974, na gestão do reitor Nabuco Lopes, quando a Ufal ocupava o Campus Tamandaré, lá no bairro do Pontal da Barra e tem uma longa jornada como Maria do Carmo Leite Azevedo em sua trajetória de ensinamento, aprendizado e colaboração em seus 49 anos de trabalho ativo. Como ela costuma dizer, que se confunde com sua história de vida, da sua formação pessoal e profissional.
O primeiro setor de trabalho foi o Departamento de Educação que integrava o então Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA), no cargo de amanuense auxiliar, que corresponde atualmente a agente administrativo. Hoje técnica em Assuntos Educacionais está lotada na Pró-reitoria Estudantil (Proest). O acúmulo de experiências adquiridas na trajetória de crescimento da instituição, como ela mesma diz, proporcionou, também o seu crescimento pessoal.
“A Ufal representa tudo na minha vida, neste meu caminhar de 74 anos de vida e, desses, 49 anos como servidora da instituição. Acima dela, para mim, Deus e a minha família. É um longo caminho percorrido, com erros e acertos, resultando em experiência de vida. Nela, cresci como ser humano; cresci intelectualmente; cresci como cidadã e tornei-me o que sou hoje: ‘Carminha da Ufal’, ‘Carminha do Cerimonial’ e, ainda, há os que me chamam ‘A Voz da Ufal’. Existe alguma coisa melhor para um servidor ou servidora ser visto dessa forma, pela sua comunidade e pela comunidade externa? Deus me presenteou quando permitiu que eu obtivesse êxito naquele concurso”, relembrou emocionada.
A intimidade e o amor de Carminha pela Ufal começaram ainda quando estudante do curso de Letras Português/Inglês, sua primeira graduação. Tempos depois, veio a segunda, dessa vez em Direito, iniciada numa faculdade particular, mas concluída na Ufal. Segundo ela, uma prazerosa volta aos ‘bancos escolares’ da querida instituição com tantos significados para a sua vida. Identificada com as artes, também fez teatro e participou do Corufal, à época regido pelo maestro Benedito Fonseca.
No percurso da vida institucional de Carminha estão a participação na Comissão da Constituição de 1988, no âmbito universitário, o trabalho como primeira secretária do Centro de Educação (Cedu), quando de sua criação, onde também foi representante de seu segmento no Conselho da unidade acadêmica.
Com a mesma finalidade, também participou do Conselho do então CCSA, mas Carminha faz um destaque para a sua grande identificação com setores de atendimento ao aluno, atividade iniciada nas coordenações de Pedagogia, Serviço Social e Direito e, posteriormente, no então Departamento de Assuntos Acadêmicos (DAA), atual Departamento de Registro e Controle Acadêmico (DRCA). Sobre o trabalho com diversificação de tarefas para lidar com a dinâmica de todos os cursos, a experiente servidora diz:
“A atuação no DAA foi um grande desafio, uma vez que saí do universo do secretariado nas coordenações de apenas três cursos para atuar com todos os cursos de graduação da Universidade. Sendo necessário o desenvolvimento de habilidades para o uso da legislação, normativos, resoluções no âmbito institucional e do Ministério da Educação. Outro desafio, foi trabalhar com a monitoria e estágios na Proest, pois, além do corpo discente, ainda tinha que tratar com as instituições parceiras dos campos de estágio”, enfatizou Carminha, sem dúvida, uma servidora que sempre fez toda diferença nas rotinas universitárias da Ufal.