Nova brinquedoteca do Cedu trará maior qualificação em Pedagogia

Destinada à prática de ensino, brinquedoteca otimiza o Setor de Estudo em Educação Infantil e vem reforçar também as áreas de pesquisa e extensão

Por Diana Monteiro - jornalista
- Atualizado em

O Centro de Educação (Cedu), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), conta agora com uma brinquedoteca acadêmica como espaço curricular para a prática de ensino, mas que atende, também, princípios da pesquisa e da extensão. Além de representar mais um salto qualitativo na unidade, para avaliação e pontuação do curso, referência na formação qualificada em Pedagogia, a brinquedoteca vai otimizar o desenvolvimento de atividades acadêmicas em Educação Infantil.

A brinquedoteca também vem atender uma exigência do Ministério da Educação (MEC), onde todos os cursos credenciados em Pedagogia devem dispor de um espaço do brincar que se constitui numa ação prioritária para a prática de ensino. 

“Há um tempo atrás o Cedu já teve o espaço funcionando. Assumi há um ano a direção da unidade acadêmica e retomar o projeto para implantação da brinquedoteca, foi prioridade na plataforma de trabalho”, explica a diretora do Cedu, Mariana Guedes Raggi. Além da comunidade acadêmica do Centro de Educação, unidade que pertence ao Campus A. C. Simões, a solenidade de inauguração, no dia 29 de maio, foi prestigiada pelo reitor Josealdo Tonholo, a vice-reitora Eliane Cavalcanti e outros representantes da gestão central da Ufal.

Mariana diz que, para a dinâmica das atividades acadêmicas, o Centro de Educação está dividido em nove setores de estudos e um deles é o de Educação Infantil. A concretização do espaço resulta de um processo que envolveu estudantes e professores, especificamente, docentes responsáveis pela disciplina de Atividade Curricular de Extensão (ACE). O Cedu oferta um total de cinco disciplinas de ACE, disponibilizadas nos três turnos da graduação.

Numa das disciplinas ACE, segundo a diretora Mariana, foi dada a incumbência de estudar as brinquedotecas do mundo e pensar em como incrementar a brinquedoteca do Cedu, idealizada junto com os alunos. O projeto envolveu as professoras Lenira Haddad, Elisângela Mercado e Arlete Rodrigues. “Os estudantes devem ter um espaço destinado a brinquedoteca, com acesso a um laboratório. Para pensar o brincar dentro da lógica pedagógica, lúdica, de como se deve instrumentalizar, a partir dessa metodologia do brincar. No espaço, que dispõe de uma minibiblioteca, há estrutura para eles estudarem, como também existe um laboratório com uma série de brinquedos, todos com determinados objetivos pedagógicos”, explica.

Mariana diz que a coordenação da Brinquedoteca Acadêmica ainda será definida, o que deverá ocorrer na próxima plenária do Cedu, prevista para acontecer na primeira semana de julho. “A brinquedoteca está em processo de regulamentação para que na próxima visita do MEC ela possa ser realmente reconhecida para a prática de ensino”, comemora a diretora.

Atendimento as três vertentes

A professora Lenira Haddad, participante do projeto, além de considerar a brinquedoteca acadêmica um grande avanço para o curso de Pedagogia da Ufal, reforça a importância do espaço para as vertentes ensino, pesquisa e extensão. No que se refere ao ensino, segundo a pesquisadora, porque a formação do pedagogo precisa se aproximar de um modelo mais teórico-prático.

“E a brinquedoteca oferece esse modelo. Ela, basicamente, por oferecer as possibilidades de um laboratório no sentido de compreender mais a fundo a cultura lúdica, que se manifesta a partir desse potencial que a criança tem de brincar, mas com uma motivação intrínseca, que vem dela. E isso se manifesta num contexto físico e social”, diz. Ao explicar a dinâmica das atividades no espaço que se agrega a formação em Pedagogia, Lenira complementa:

"O aluno precisa aprender como organiza um espaço, porque a brinquedoteca não é a junção de brinquedo. Não é um lugar que acumula brinquedo. Ela tem toda uma proposta de determinados brinquedos conjugados com outros. O aluno vai aprender os princípios da organização do espaço, os princípios da brincadeira e do papel do adulto. Ou seja, como que ele deve se comportar, quais são os principais papéis para que ele possa apoiar, ampliar a brincadeira, sem interferir. Tem que aprender a observar, compreender como a criança constrói essa cultura lúdica na interação com outras crianças e isso é muito difícil de ensinar teoricamente.”, afirma.

A pesquisadora, que é mestre em Psicologia Escolar, doutora em Educação e pós-doutora em Psicologia Social, ainda sobre a construção da cultura lúdica, enfatiza que a brinquedoteca acadêmica também vai atender todos os professores do Cedu que trabalhem com a citada cultura, ampliando para várias disciplinas e não ficando restrita apenas as de educação infantil. “Como um laboratório, vai associando a várias disciplinas da Pedagogia principalmente, dentre outras, as que são voltadas a brincadeira, a arte, ao corpo em movimento” 

Sobre a importância do novo espaço para a vertente pesquisa, Lenira diz que pós-graduandos de mestrado e doutorado sob sua orientação, para a realização de suas pesquisas, tiveram a necessidade de montar um contexto do brincar.

“Com a brinquedoteca acadêmica funcionando, agora não vai ser preciso construir um contexto cada vez que houver a necessidade de fazer pesquisa que tenha como foco, a brincadeira. E ainda, possibilita variadas pesquisas. Na formação do estudante ele precisa participar de vários tipos de oficinas para saber lidar com a área de artes, por exemplo, aprendendo de como se dá esse processo”, afirma.

Extensão

 No atendimento à comunidade, que consiste na vertente extensão, Lenira informou que já há uma comissão, que vai se reunir, com a finalidade de definir que tipo de serviço brinquedoteca tem a ofertar. E aproveita para dizer: “Em geral, do que conheço de outras brinquedotecas, a do Cedu se abre p receber crianças que vêm das escolas municipais, sejam da educação infantil ou do ensino fundamental. Para atender, também, as escolas que estão dentro da universidade e crianças da comunidade. Mas toda essa dinâmica de funcionamento requer um regimento, assim como, normas, agendamento à priori e cadastramento do público-alvo”.

Mas a professora também fala que, acima de tudo, para as atividades de extensão, haverá a necessidade de uma pessoa que tenha uma formação e que saiba acolher as crianças, a exemplo de um brinquedista ou um técnico. “Na estrutura que o novo espaço oferta, vai ser colocada à disposição uma minibiblioteca, como também, haverá a possibilidade de acessar livros e outros materiais, mídia, principalmente, que possam ser referências, que contribuam com a formação e à disposição para consultas por alunos e também por professores”, finaliza Lenira Haddad.

Aprimoramento

A positividade do novo espaço curricular para a prática de ensino, é comemorada pelo estudante Roniel Antônio Rodrigues Conceição que no próximo semestre letivo vai para o quinto período do curso. Roniel é coordenador geral do Centro Acadêmico de Pedagogia (Caped) Paulo Freire, Gestão Jarede Viana e como aluno, participou do projeto, para a instalação da brinquedoteca acadêmica.

“Para muitas pessoas que não conhecem sobre a importância do brincar, a brinquedoteca vai além do apenas 'brincar'. O espaço também mostra o quanto esse ambiente é formador no processo de aprendizagem das crianças. Isso é notório em diversos estudos. Como por exemplo, Froebel e Maria Montessori, pedagogos que trazem essas discussões em seus livros e estudos. E nós, enquanto estudantes de Licenciatura em Pedagogia, aprendemos muito com as crianças na brinquedoteca”, diz.

Aprimorar conhecimentos sobre o local do brincar, observar, realizar atividades na área de extensão, assim como, pesquisas práticas e pedagógicas, foram ainda citados por Roniel, com reconhecimento e consciência do salto qualitativo dado pela unidade acadêmica para otimizar ainda mais a formação competente de recursos humanos na área.