Professor da Ufal publica livro por editora multinacional britânica
Obra mostra experiências como trabalho feito na área de economia solidária em Arapiraca e no bairro Vergel do Lago
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O projeto do Banco Comunitário e da Moeda Social Sururote desenvolvido pela Universidade Federal de Alagoas é destaque numa publicação da Routledge, uma das editoras mais importantes do mundo. O professor Leonardo Leal, do Campus Arapiraca assina o trabalho recém-lançado, feito em parceria com pesquisadores de instituições europeias.
Publicado em inglês, o livro Solidarity Economy - Alternative Spaces, Power and Politics, de tradução livre Economia Solidária - Espaços Alternativos, Poder e Política é fruto de pesquisas na área que mostram fatores estruturais, regimes institucionais e formas de ação coletiva que mobilizam narrativas de mudança, identidades coletivas e práticas econômicas não capitalistas.
“O livro é resultado de muita dedicação para pôr em evidência os nossos esforços de pesquisa no campo da Economia Solidária e os Commons. Para isso, convidamos colegas de diferentes países para se juntar a nós nessa publicação”, comentou Leonardo sobre a publicação coletiva com professores do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE/IUL) e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Mostrando exemplos de projetos como o da Ufal, a obra analisa como as iniciativas de economia solidária desenvolvem espacialidades alternativas à economia dominante. O comitê da Routledge avaliou e reconheceu a contribuição das pesquisas apresentadas no livro que conta com pesquisadores e intelectuais de referência em seus respectivos países.
“Estamos muito contentes e em fase de celebração e divulgação do trabalho e queremos convidar todos e todas pra se juntar a nós, consultar e utilizar nosso livro para apoiar futuras pesquisas. Ficaremos muito felizes em saber que esse trabalho vai mobilizar pesquisadores, professores, gestores públicos e sociais em diferentes lugares”, destacou o professor Leonardo Leal.
Ele adiantou, ainda, que a terceira edição da Conferência Internacional Economia Social e Solidária e os Comuns será realizada de 8 a 10 de novembro, em Portugal. Saiba mais aqui. O evento foi criado numa parceria com a pesquisadora Ana Margarida Esteves, do ISCTE/IUL e os colegas Tom Henfrey, do programa Ecolise, e Luciane Lucas dos Santos, do CES EcoSol, que também assinam o livro.
Sobre o projeto da Ufal
Em 2019, por meio da Incubadora Tecnológica de Economia Solidária (Ites) da Ufal, o professor Leonardo Leal realizou um trabalho cujo foco foi promover o acesso a serviços financeiros solidários para as famílias de pescadores e marisqueiras do bairro Vergel do Lago que, em sua maioria, não tinham acesso aos serviços ou encontravam dificuldades para conseguir crédito nos bancos comerciais.
Com esse projeto, surgiram o Banco Comunitário Laguna e a moeda social “Sururote”.A ideia era encontrar soluções para resolver problemas econômicos e ambientais por meio de um ecossistema local de inovação social que envolvesse inciativas sociais, econômicas e ambientais, contando com apoio de diferentes parceiros. O resultado gerou trabalho e renda para comunidade.
Na proposta as marisqueiras da comunidade trocam as cascas de sururu e recebem até $ 300 sururotes por mês. A moeda social circula na comunidade e elas utilizam no comércio local credenciado, comprando itens da cesta básica, higiene pessoal e remédios.
As cascas são recolhidas pelo Mandaver e usadas para a confecção de cobogós - idealizados pelos arquitetos Rodrigo Ambrósio e Marcelo Rosenbaum e pelo artesão Itamarcio dos Santos - e, depois, comercializados no mercado brasileiro de arquitetura e design.
O resultado obtido com as vendas dos cobogós é revertido para um fundo que alimenta a circulação da moeda social e a geração de renda para comunidade. Desse modo, se dá a sustentabilidade do projeto. Em relação ao impacto socioambiental, a comunidade registra a redução do descarte das cascas de sururu.