Histórias em Quadrinhos levam professor a receber comenda em Campo Grande

Comenda foi concedida ao professor Amaro Braga, do Instituto de Ciências Sociais (ICS), que ministra nos cursos de Jornalismo e Relações Públicas a disciplina eletiva Oficina de Histórias em Quadrinhos

Por Diana Monteiro - jornalista
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Professor fez a conferência de abertura de dois eventos realizados em Campo Grande
Professor fez a conferência de abertura de dois eventos realizados em Campo Grande

A Câmara Municipal de Campo Grande, Mato Grosso do Sul (MS) concedeu  a Comenda de Moção de Congratulação ao professor Amaro Braga da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), pela ampla contribuição das pesquisas que realiza sobre as Histórias em Quadrinhos no Brasil e seus impactos e sociais.

Docente associado do Instituto de Ciências Sociais (ICS), unidade acadêmica do Campus A.C. Simões, ele é um dos coordenadores do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar Quadro a Quadro e a honraria é destinada a cidadãos que fazem a diferença para o desenvolvimento da pesquisa, da cultura e do desenvolvimento social.

A entrega da comenda ocorreu em novembro, durante a realização do 1º Encontro Internacional da Aspas e o 7º Fórum Nacional de Pesquisadores em Arte Sequencial, cuja conferência de abertura foi proferida pelo professor Amaro. Teve como local o espaço escolar denominado de Gibiteca, projeto que tem a coordenação do vereador Ronilco Guerreiro, autor da iniciativa.

“Receber essa comenda é como ser premiado por algo que você ama fazer e é o melhor tipo de reconhecimento! Um plot twist da minha trajetória acadêmica. Para mim, representa a validação de que o trabalho com histórias em quadrinhos não é só um hobby acadêmico, mas um campo legítimo de reflexão e impacto social. Como docente de Ciências Sociais, acredito que meu papel é ajudar os alunos a enxergarem o mundo de forma crítica e criativa, e os quadrinhos têm essa força transformadora. Eles dialogam com comunicação, cultura e poder de maneiras que outras mídias nem sempre conseguem” afirma Amaro Braga.

Ele complementa dizendo que as histórias em quadrinhos são verdadeiras janelas para entender culturas, sociedades e até nossas próprias identidades. “Então, receber a homenagem é como ouvir aquela frase clássica: Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, afirma. Amaro é docente do ICS e ministra nos cursos de Jornalismo e de Relações Públicas a disciplina eletiva Oficina de Histórias em Quadrinhos. Mestre e doutor em Sociologia e também Antropologia, ele está na equipe de professores do recém-aprovado Mestrado em Comunicação da Ufal.

Autor de mais de 20 livros publicados sobre o tema, muitos deles pela Editora da Ufal (Edufal), e à frente do grupo sobre histórias em quadrinhos, criado em parceria com o professor Jozefh Queiroz, da Faculdade de Letras (Fale), a  indicação ao seu nome teve análise técnica do Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos (NuPeQ) da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (Uems), coordenado pelo professor Nataniel Gomes e pelos pesquisadores da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial (Aspas), daquele Estado. 

“Eu nem sabia que professores universitários poderiam receber Comendas como essas. É um incentivo para continuar fazendo o bom trabalho e cada vez melhor, usando a arte sequencial como ferramenta para conectar disciplinas, questionar narrativas e, quem sabe, inspirar outros a verem os quadrinhos como mais do que diversão – como uma lente para compreender o mundo em que vivemos e nos fazer pensar”, enfatiza.

Sobre as atividades desenvolvidas, o professor Amaro destaca que, literalmente o Grupo de Pesquisa Quadro a Quadro é um espaço onde se explora o universo dos quadrinhos em profundidade acadêmica, mas sem perder a magia que essa mídia carrega. “Ele é uma prova viva de que as histórias em quadrinhos podem unir mundos aparentemente distantes, como o das Ciências Sociais, da Filosofia e o da Literatura”.

Atualmente, o grupo conta com cerca de 20 membros ativos, entre professores pesquisadores da Ufal e graduandos, mestrandos e doutorandos de diversas áreas – Design, Jornalismo, História, Letras e Ciências Sociais - além de curiosos apaixonados pelo tema. “Nosso objetivo principal é investigar como os quadrinhos dialogam com questões sociais, culturais e políticas, conectando narrativas visuais e textuais às realidades que vivemos”, diz o pesquisador.

Destaca que, além de artigos publicados em revistas científicas e apresentações em congressos internacionais, já foram aprovadas duas coletâneas com foco em estudos sobre quadrinhos na Edufal,  em parceria com a Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Diz que, sem sombra de dúvidas, um dos maiores frutos do grupo é a formação de novos pesquisadores apaixonados pelo tema.

“Já tivemos trabalhos que exploraram temas como representatividade de gênero, a abordagem de desigualdades sociais em Histórias em Quadrinhos brasileiras, o processo criativo do humor gráfico até o impacto das narrativas visuais no ensino básico. Atualmente, também estamos planejando uma nova coletânea com artigos do grupo, que será uma espécie de superprodução acadêmica sobre o impacto das histórias em quadrinhos na sociedade contemporânea”.

 E, comemorando a positividade das ações do grupo, complementa:  “O mais incrível de tudo isso é ver como o grupo cria um espaço de troca, onde o rigor acadêmico e o encantamento pelo tema coexistem. É como se cada encontro fosse um novo capítulo de uma graphic novel coletiva que estamos escrevendo juntos”.

Interdisciplinaridade e aprendizado

Amaro Braga diz considerar como uma das coisas mais bacanas do  Quadro a Quadro é de como o grupo promove a interdisciplinaridade. Afirma que a parceria com o professor Jozefh Queiroz,  foi essencial para ampliar os horizontes do grupo e dar à pesquisa um caráter realmente diverso. “É emocionante ver como estudantes de áreas tão diferentes se encontram nas páginas dos quadrinhos e descobrem formas de conectá-los aos seus campos de estudo, seja para discutir narrativa, identidade, política ou até economia criativa”.

Aproveitou para dizer que outro ponto que gosta de destacar é a preocupação que o grupo tem em levar o conhecimento para fora da academia, por meio de realização de oficinas em escolas e eventos culturais, mostrando como os quadrinhos podem ser uma ferramenta poderosa para a educação. Também, atuando na formação de professores com o uso dessa ferramenta.

“E claro, não posso deixar de mencionar que um dos nossos projetos é montar uma exposição com base no nosso Acervo Visual. Estamos montando um banco de dados com quadrinhos de diferentes países e épocas, que já está servindo como fonte para pesquisadores e como inspiração para nossos estudos. É como se estivéssemos criando a nossa própria Batcaverna de referências, só que com menos morcegos e mais páginas coloridas e muita crítica social relevante”. E para quem se interessar, orienta: “Se alguém na Ufal tiver interesse em pesquisar quadrinhos, basta nos procurar. Eu estou no ICS e o Jozefh na Fale. Os dois prédios são praticamente vizinhos, no fim da rua do Instituto de Ciências Humanas Comunicação e Arte [Ichca]”.