Projeto sobre conservação da Caatinga é indicado a prêmio internacional
Mato da Onça é a única Reserva Particular do Patrimônio Natural às margens do Rio São Francisco
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Com ações estratégicas de conservação do bioma Caatinga, a iniciativa Reserva Mato da Onça: Um Futuro para a Caatinga, localizada no Baixo São Francisco, foi indicada pelo Fórum de Paris Pela Paz para a edição 2024 do The Earthshot Prize, premiação ambiental criada pela Família Real Britânica. Coordenada por Carlos Ribeiro Jr., a ação ganhou ainda mais destaque após participação dele ao lado do docente da Unidade de Penedo, Igor da Mata, e Mariana Aragão, do Humanitarian OpenStreetMap Team (HOT), no mesmo Fórum em novembro passado.
A Reserva Mato da Onça é um projeto da Sociedade Canoa de Tolda, parceira institucional da Ufal, e tem como diferencial a sua especificidade em torno do bioma Caatinga, do caso da bacia hidrográfica do São Francisco e o êxito nas ações de proteção, preservação e conservação da biodiversidade do semiárido do Baixo. Segundo o professor Igor, isso também contribuiu para que o projeto fosse indicado à premiação.
“Num momento em que todas as atenções estão concentradas apenas no bioma Amazônia, carece de atenção o fato de que uma iniciativa voltada para o bioma Caatinga e na bacia hidrográfica do rio São Francisco tenha sido qualificada, segundo os rígidos critérios de seleção utilizados pelo Fórum, como prioritária para o enfrentamento da crise climática”, destacou o docente.
Ele contou ainda que serão cinco as iniciativas vencedoras, sendo uma para cada categoria: Limpar Nosso Ar; Reviver os Nossos Oceanos; Construir um Mundo sem Resíduos; e Consertar Nosso Clima e Proteger e Restaurar a Natureza – sendo esta à qual o projeto foi indicado. “O processo de seleção do TEP é rigoroso, a cargo de uma grande equipe de especialistas em diversos países”, complementou Igor.
O docente revelou ainda que, para cada uma das categorias citadas acima, o The Earthshot Prize reserva um prêmio de 1 milhão de Libras Esterlinas (cerca de R$ 7 milhões). “A proposta da RPPN Mato da Onça está concorrendo com inúmeras outras, de todas as partes do mundo o que reforça sua relevância não só para nossa região, para o nosso país, mas também para outras regiões no planeta”, explicou.
Sobre a Reserva
Formalizada em 2014 e decretada em 2015 pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA-AL), a Reserva Mato da Onça (RMO) é uma Unidade de Conservação (UC) que integra a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), com área de 46,2 ha. Localizada na antiga Fazenda Mato da Onça, no município de Pão de Açúcar, a Reserva é, feita, mantida e coordenada pelo seu proprietário – Carlos Eduardo Ribeiro Jr. da Canoa de Tolda – e também é, até o momento, a única RPPN às margens do São Francisco, se juntando às seis outras UCs do Baixo São Francisco (federais, estaduais e municipal).
“Apesar de sua pequena área, hoje, pelas ações de coibição à caça e captura de animais silvestres, na Reserva Mato da Onça tem sido observada uma considerável ocorrência de espécies variadas de aves, mamíferos – inclusive de maior porte como onças pardas, jaguatiricas, capivaras, répteis, anfíbios que se beneficiam da proteção na área”, explicou Igor.
A Reserva Mato da Onça é um projeto que conta com o apoio da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), por meio do Laboratório de Investigação e Manejo da Pesca (Imap), em Penedo e do Humanitarian OpenStreetMap Team (HOT). E ainda de acordo com o professor, existem outros projetos em andamento por conta desta parceria, classificada por ele como muito frutífera.
“Temos outros projetos em uma parceria que é muito frutífera. E, em breve, mais ações na Reserva. A primeira delas será a realização de laudos técnico-científicos por meio do recentemente criado GT Ecossistêmico do Baixo São Francisco, que agrega professores de diversas áreas da Unidade de Penedo que estão dedicados a analisar as diversas expressões de caos ecossistêmico que atingem a região”, contou Igor da Mata.
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Sobre a premiação
Criado em 2020 e lançado no ano seguinte, o The Earthshot Prize surgiu com a intenção de ser o prêmio ambiental mais prestigiado da atualidade com o objetivo de mudar o foco do debate sobre o meio ambiente: ao invés do foco na perspectiva negativa, ter um direcionamento mais voltado a algo esperançoso e otimista.
“Há pessoas maravilhosas fazendo coisas incríveis no mundo todo, em pequenas comunidades em vários lugares. Se uma delas tem uma ideia maravilhosa, nós podemos ajudar a projetá-la, podemos usar isso para lidar com vários problemas”, disse o Príncipe William em entrevista à CNN Mundo na época do lançamento.
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