Claudinha: dedicação aos estudantes em mais de 40 anos na Ufal
Claudinha se aposentou em março e afirma que sua preocupação era que os discentes priorizassem o estudo
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O desempenho no trabalho e o jeito gentil de lidar com estudantes e servidores deram para Claudemilsan de Queiroz o apelido carinhoso de Claudinha. Aos 75 anos de idade e 43 anos de serviços prestados à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a servidora se aposentou em março deste ano. A despedida foi marcada por mensagens de agradecimento, numa homenagem realizada pela comunidade do Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF), setor no qual Claudinha se encontrava vinculada.
“Foi uma surpresa muito emocionante. Não esperava a homenagem. Chorei muito”, disse ela. O diretor do ICF, professor Irinaldo Diniz, recorda que foi Claudinha que o recebeu quando chegou à Universidade há 15 anos e detalhou o porquê da servidora ser tão querida. “Claudinha é e sempre será uma servidora pública exemplar, profissional competente, comprometida, dedicada, prestativa e apaixonada pelo que faz. Quem a conhece como pessoa, sabe que é um ser humano especial, com um dos corações mais generosos que conheci, sempre disposta a ajudar, sem esperar nada de troca”, disse.
A história de Claudemilsan na Ufal vai da condição de estudante até servidora. Seu primeiro contato foi em 1975 no curso de Letras, tornando-se servidora efetiva em 1981, quando tomou posse no dia em que comemorava o aniversário. Trabalhou em diversos setores ligados ao antigo Centro de Saúde (CSAU), ao Departamento de Administração de Pessoal (DAP) e ao Departamento de Enfermagem. Saiu para trabalhar no antigo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), mas foi por um período breve e logo voltou para a Ufal.
Dos anos de trabalho na Universidade, Claudinha recorda com carinho da relação de amizade que mantinha com os estudantes. “Lidei muito com estudante. Era um aperreio no dia de matrícula, os alunos pedindo: ‘Não me deixe de fora, Claudinha!’, ‘Veja se consegue me deixar naquela disciplina!’”, lembra ela aos risos.
E não foi só isso. Ela foi procuradora de aluno, trabalhou aos sábados para que tivessem espaço para estudar, ajudou com lanche, cópias e até abrigou estudante do interior que não tinha como voltar para casa. “A minha preocupação era que eles priorizassem o estudo, que não desistissem do curso. Lembro de um estudante que saía a pé do Jacintinho (bairro de Maceió) para estudar na Ufal. E, hoje, vejo todos eles formados, trabalhando. Isso para mim é uma alegria muito grande. Vi muita gente se formar”, conta ela.
O bom relacionamento da servidora se estendia aos colegas e às chefias. Mudar de setor não era problema, pois sempre conseguia se adaptar. “Gostei de passar por todos os setores. Foram uma segunda casa. Trabalhei com diretores bons, que têm amor e respeito aos servidores”, enfatizou.Durante anos, Claudinha precisou conciliar a rotina de trabalho na Ufal com os cuidados da irmã com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e da mãe idosa. Ela recorda que, diante do falecimento das duas, ocorrido no mesmo mês, foi a Ufal que a ajudou a superar o luto.
“A Ufal é a minha casa. Eu amo a Ufal. Independente de falhas, pois somos diferentes. Sempre soube lidar com as pessoas e entender os colegas. Vou sentir muita falta da união, dos professores unidos, divertidos. Vou sentir muita falta do dia a dia”, afirmou.E ressaltou: “Não tem nada melhor do que fazer algo com amor. Minha maior consideração, meu desempenho, foi amar aquilo que fazia”, falou emocionada.
Professor Irinaldo ressaltou que o ICF e a Universidade, nesse momento, “perdem não só uma servidora, perdem uma amiga, um pilar, uma verdadeira mãe”. E agradeceu: “Queremos, em nome do ICF, agradecer pela dedicação nesses mais de 40 anos de serviços prestados à nossa instituição, prestando um trabalho qualificado e importante para toda a comunidade acadêmica. Sou muito grato e desejo toda a felicidade do mundo à nossa colega Claudinha”.