Professora e projeto do IM recebem honrarias da Câmara de Vereadores
Destaques são pelos serviços na área de ciências exatas com alunas de escolas públicas
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A paulistana de Jaboticabal Juliana Roberta Theodoro de Lima, moradora da capital alagoana desde 2016 e professora do Instituto de Matemática (IM) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é agora maceioense. O título de Cidadã Honorária foi concedido pela Câmara Municipal no mês de junho, durante uma solenidade que também entregou a Comenda Senador Aurélio Viana para o projeto Meninas nas Ciências Exatas, coordenado pela docente.
“Receber esses prêmios foi uma grande felicidade e um grande orgulho, pela luta, pela dificuldade financeira, pelas vezes que colegas de trabalho menosprezam e até atrapalham de forma gratuita o nosso trabalho por questões políticas mesquinhas, mas que são anulados pelo amor, pela seriedade e pela qualidade do trabalho de dezenas de mulheres que fazem parte do projeto. O reconhecimento nos faz gerar forças para fazermos cada dia mais, trabalharmos mais e lutarmos contra toda a desigualdade e assimetria de gênero na academia e na sociedade como um todo”, reforçou a professora Juliana, que também é vice-diretora do IM.
Filha de Elísio Antônio Theodoro de Lima, já falecido, e Mara do Carmo Pacífico Theodoro de Lima, professora aposentada, Juliana sempre foi destemida e estudiosa. Aprendeu a ler sozinha aos quatro anos, ingressou na escola aos 5 e com 16 anos já estava cursando Matemática numa das melhores universidades públicas do país, a Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Depois de se aprofundar nos estudos da Matemática Teórica, durante o mestrado e o doutorado pela Universidade de São Paulos (USP), foi acolhida por Alagoas, como professora da Ufal. “Maceió foi a cidade que me recebeu como cidadã e foi a cidade que eu escolhi para alçar os meus feitos enquanto profissional e enquanto possuidora de uma educação e visão libertadora de tudo e de todos que são constantemente esquecidos ou perseguidos dentro de uma sociedade mesquinha que adoece pessoas todos os dias”, disse.
Juliana é incansável na busca de conhecimentos. Ela tem parte do doutorado e pós-doutorados em instituições internacionais como University of British Columbia, University of Winnipeg e Ubiversité du Quebec a Montreal. Toda bagagem e experiências pessoais lhe impulsionaram a criar, em 2018, o projeto Mulheres nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação, classificado em primeiro lugar na chamada de extensão à época.
Em seu sexto ano, os frutos já foram muitos, como curso de formação de professores, atividades lúdicas para as alunas do ensino fundamental e médio, propostas de empreendimentos e prêmios. A iniciativa já trouxe alunas de escolas participantes para o curso de Matemática na Ufal; levou alunas para fora do Instituto de Matemática; e está formalizando e finalizando produtos, a exemplo de um TCC que vai render um livro e artigos nas áreas de matemática, matemática aplicada no empreendedorismo e divulgação de ciências exatas feitas por mulheres, mulheres negras e mães cientistas.
Esse importante projeto da Ufal recebeu a Comenda Senador Aurélio Viana, que é conferida a personalidades, entidades e instituições nacionais e locais, que tenham prestado relevantes serviços na área de educação e conhecimento em prol do município de Maceió.
Serviços pela matemática, pelas mulheres e por amor
A professora Juliana Theodoro é, atualmente, a vice-diretora do Instituto de Matemática, coordenadora de Extensão, coordenadora do curso de licenciatura em Matemática EaD, e conselheira dos cursos de exatas da Editora Universitária (Edufal). Além do incentivo às mulheres nas ciências exatas, possui projeto de divulgação de ciência 100% feita por mulheres e projetos futuros em construção para o incentivo aos presidiários estudarem ciências exatas dentro do sistema prisional de Alagoas.
Com isso, tem uma parceria acadêmica com a professora Elaine Pimentel, que prestigiou a entrega do Título de Cidadã Honorária de Maceió e a quem agradece o apoio e as inspirações. Juliana destacou que, este ano, lançou o projeto Mulheres na Stem: ciências por trás das grades, em parceria com o sistema penitenciário de Alagoas. A ideia é, além de levar conhecimento às mulheres privadas de liberdade, construir uma plataforma especial de ensino para a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas.
“Estamos trabalhando e faremos as testagens da plataforma no sistema prisional feminino primeiro, onde o objetivo é construir um núcleo de educação para mulheres privadas de liberdade, junto a Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris). O apoio interno da Seris é impecável. O projeto tem vínculo com o Conselho da Comunidade de Maceió, órgão da 16ª Vara Criminal de Alagoas, em nome da primeira chefe mulher do Conselho, a policial penal Larissa Vital”, adiantou Juliana.
Ela conta que todo o projeto está sendo operacionalizado por mulheres, “para que a sociedade normalize a cultura de ver mulheres cientistas e em posições de gestão, protagonizando seu próprio espaço”.