Trabalhos de professores de Engenharia Química são citados mais de mil vezes
A base internacional de dados que calcula essas citações mostra a relevância de um trabalho para o meio científico
O curso de Engenharia Química da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) ganhou notoriedade ao alcançar um feito importante: pela primeira vez, dois professores tiveram seus trabalhos citados mais de mil vezes na base de dados internacional Scopus, em 2024.
João Inácio Soletti foi o mais citado, 1132 vezes, sendo um artigo sobre Compósitos de Biocarvão o de maior referência, com 210 citações. Um dos parâmetros mais aplicados para demarcar a importância das produções de um pesquisador para o meio científico é o índice h (h-index). Quanto maior esse índice, maior é o impacto e a produtividade dos pesquisadores. O professor João obteve um índice h = 21.
“Fico bastante grato e orgulhoso de conseguir esta marca na minha trajetória científica, que é algo, para mim, grandioso. Esta marca é testemunho do impacto e da relevância do trabalho que venho desenvolvendo nos últimos 30 anos na comunidade acadêmica, principalmente na Universidade Federal de Alagoas, e no setor produtivo. Cada citação reflete não apenas o reconhecimento da qualidade e da inovação nas pesquisas que venho desenvolvendo, mas também a influência que elas têm gerado no avanço do conhecimento em várias áreas do conhecimento”, ressaltou Soletti.
O Scopus se encarrega, entre outras funções, da sistematização das publicações científicas além da contabilização de vezes que esses trabalhos foram citados em outras publicações. É uma base onde as revistas científicas de maior relevância estão indexadas. A partir desses dados, podem ser obtidos parâmetros que mostram a importância das pesquisas, ou seja, quanto mais relevante, mais vezes o estudo realizado e publicado será citado.
Outro professor que se destacou no curso de Engenharia Química da Ufal foi Carlos Eduardo de Farias Silva, que alcançou uma marca desejável para um pesquisador no contexto regional, obtendo 1047 citações no Scopus 2024 e um índice h = 19. De acordo com a plataforma, o artigo mais relevante do docente foi sobre bioetanol de microalgas e cianobactérias, sendo citado 235 vezes.
“Estou muito feliz com esse resultado, provindo de um trabalho árduo, fazendo pesquisa científica de qualidade sem ter as mesmas condições e oportunidades de outas instituições de renome nacional e internacional, necessárias para alcançar bons financiamentos e ampliação de escala das tecnologias estudadas. Espero contribuir ainda muito para o desenvolvimento científico do Estado”, destacou Carlos Eduardo.
As áreas de estudo dos professores João Soletti e Carlos Eduardo são diferentes, mas convergem em alguns temas, resultando em colaborações científicas, como os artigos citados na Scopus sobre o processo de coalescência para tratar água produzida e outro sobre Etanol Celulósico da Palha de Cana que desenvolveram juntos.
Currículo pela ciência e transformação social
Os dois professores da Ufal são bolsistas de produtividade do CNPq, João Soletti em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora DT-2 e, Carlos Silva em Pesquisa - PQ-2 nas Engenharias II; e participam do Programa de Pós-graduação em Engenharia Química (PPGEQ/Ufal).
Soletti é graduado pela Universidade Estadual de Maringá, no Paraná, fez mestrado e doutorado em Engenharia Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-doutorado na University of British Columbia, no Canadá. Sua experiência na área de Engenharia de Produção tem ênfase em pesquisa operacional, e na área de energia atua nos temas de biodiesel, tratamento de efluentes, adsorção, pirólise de biomassa e produção de bio óleo, otimização de processo, petróleo e separação petróleo-água, além da área de propriedade intelectual e transferência de tecnologia.
Todo seu conhecimento está espalhado em publicações e trabalhos de orientação, dos quais tem 44 de dissertação e uma tese de doutorado. “É o resultado de muita dedicação, da paixão e do compromisso com a excelência que coloco em cada projeto que desenvolvo”, comentou e reforçou o entusiasmo com a marca alcançada na Scopus 2024: “Ter esse reconhecimento me inspira a continuar na busca por novos desafios e descobertas, e a manter o meu empenho em promover pesquisas que contribuam significativamente para o progresso científico e para a solução de questões relevantes da sociedade”.
O professor Carlos Eduardo de Farias Silva, iniciou a trajetória acadêmica na própria Ufal, onde fez graduação e mestrado em Engenharia Química, e depois seguiu para o doutorado em Engenharia Industrial na Universitá degli Studi di Padova (Itália). O docente sempre atuou no contexto dos bioprocessos aplicando microrganismos e enzimas na obtenção de produtos ou condução de processos de interesse para a humanidade. Tem trabalhos com bactérias, fungos, microalgas e já orientou 13 dissertações de mestrados acadêmicos e profissional, além de uma tese de doutorado.
“Estudei toda a minha vida em escola pública, e vi a minha vida mudar totalmente pela persistência e pelo estudo. É importante criar oportunidades a todos, e nos consolidar na formação de recursos humanos valiosos para a transformação social que precisamos em Alagoas e no Nordeste do país. Alcançar uma marca de destaque me orgulha bastante, me faz refletir no quão importante é poder sonhar e verificar esses sonhos acontecendo por meio da educação”, comentou o professor.