Ufal participa de Congresso Nacional de Pesquisadores Negros em Belém (PA)

Neabi da Ufal contou com mais de 30 trabalhos aprovados no congresso

Por Larissa Martins - estudante de Relações Públicas e Jessyka Faustino - jornalista
Neabi da Ufal contou com mais de 30 trabalhos aprovados no congresso
Neabi da Ufal contou com mais de 30 trabalhos aprovados no congresso

O Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Universidade Federal de Alagoas (Neabi/Ufal), esteve presente no 13º Congresso de Pesquisadores Negros (Copene), evento nacional que aconteceu em Belém no Pará, de 9 a 13 de setembro. Foram 18 trabalhos, quatro sessões temáticas, quatro mesas redondas e duas publicações especiais aprovadas e desenvolvidas por pesquisadores, professores e bolsistas.

Alguns dos trabalhos aprovados são voltados para a atuação inicial do Neabi junto ao Movimento Negro, que vai ter como consequência o tombamento da Serra da Barriga, em União dos Palmares e a criação do Memorial Zumbi, em 1980.

Segundo Ana Clara, estudante de História, alguns dos trabalhos falam sobre a implementação das ações afirmativas na Ufal e sobre o caráter pedagógico que o Neabi e o Movimento Negro desenvolvem juntos. “A Universidade, juntamente com Núcleo, é a pioneira no Brasil na implementação de ações afirmativas, sobretudo nas questões de gênero. Dentro da reserva de vagas para os cotistas, é feito um recorte maior para as mulheres negras, graças à atuação das professoras e militantes no Movimento Negro Ângela Bahia, Maria Aparecida e Fátima Viana, entre outras mulheres que participaram desse processo”, explica.

Neabi/Ufal: 45 anos de história

Em 2025, o Neabi da Ufal completará 45 anos de existência. Para comemorar esse marco, foi realizada no congresso uma mesa redonda especial intitulada “O Memorial Zumbi e os 45 anos do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Ufal”, que reuniu, no Museu da Arte Sacra de Belém, diversas gerações de pesquisadores do Núcleo, bolsistas, coordenadores, representantes dos Neabis do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e da Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) e congressistas em geral.

Grandes nomes do Movimento Negro alagoano da década de 1980, como Zezito de Araújo, Ângela Bahia, Fátima Viana e Moisés Santana, além da historiadora Tâmara Duarte e dos coordenadores do Neabi da Ufal, Danilo Marques, Rosa Correia e Mayk Nascimento, compuseram a mesa.

Tamara, recém-formada e mestranda em História pela Ufal, representou a nova geração de pesquisadores do Neabi e conta sobre como se sentiu ao sentar ao lado de grandes ícones do movimento negro alagoano. “Eu sou fruto das ações afirmativas, graças à luta e resistência de mulheres e homens negros que pavimentaram o caminho para que eu pudesse andar e alcançar a minha graduação e agora a minha pós-graduação. Foi muito emocionante saber que aquelas pessoas se mobilizaram coletivamente para criar projetos de políticas públicas, que me permitiram adentrar no ambiente universitário e permanecer. Me senti extremamente feliz e abraçada naquele momento, porque o Neabi é sinônimo de acolhimento. A palavra que define aquela ocasião é emoção”, relata a historiadora.

Conneabs

Durante o encontro, o atual coordenador geral do Neabi, o professor Danilo Marques, foi eleito representante da regional Nordeste do Consórcio Nacional de Neabs, Neabis e grupos correlatos (Conneabs), juntamente com a professora Michele Lopes da Silva Alves, do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).

O professor Danilo Marques explica a participação do Neabi da Ufal na construção de outros Neabis ao longo da sua história e a importância dessa nova etapa.

“Como o Neabi da Ufal é o mais antigo do Brasil, historicamente nós já tivemos participação nas direções e nas coordenações de outros Núcleos, então, nesse sentido, a gente já tem um histórico de coordenadores de Conneabs, sendo a última a professora Lígia Ferreira, que coordenou entre 2016 e 2020. A partir de nossa atuação na organização do IV Copene Nordeste, realizado ano passado, fui convidado para compor a coordenação do Conneabs regional Nordeste que visa articular ações em torno da nossa região para o fortalecimento da rede de Neab(i)s, das instituições de nível superior e iniciar uma expansão desses Núcleos dentro da rede básica de ensino com foco nas escolas públicas de ensino médio”, relata.

Nesse sentido, a gente tem como grande objetivo, além de desenvolver essas ações, articular a região para organizar e para se fazer presente do 5º Copene Nordeste, que será realizado em Salvador, Bahia em 2025”, finaliza Danilo.

Atualmente, o Neabi é um órgão de apoio acadêmico é vinculado à reitoria e tem como finalidade colaborar e acompanhar as políticas institucionais de ações afirmativas da Ufal, de modo a atuar em articulação com as pró-reitorias, as unidades acadêmicas e as diretorias dos campi fora de sede. Todos os campi da Ufal possuem um Neabi com sede própria.