Inpi concede registro da marca do Programa CITox da Ufal

O programa, vinculado ao Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF) e ao Grupo de Pesquisa em Toxicologia (GPTox), desenvolve atividades que contemplam a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão

Por Diana Monteiro - jornalista
Coordenadora Aline com monitores do PET Saúde -Informação e Saúde Digital
Coordenadora Aline com monitores do PET Saúde -Informação e Saúde Digital

O Centro de Informações Toxicológicas da Ufal (CITox) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) dá mais um salto qualitativo em sua rotina de atividades interdisciplinares: acaba de receber o registro de sua marca, pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O CITox promove atualmente, e de forma significativa, a popularização da ciência toxicológica, além de realizar a inserção social da universidade e contribuir para a formação crítica, reflexiva e humanística dos estudantes, em nível de graduação e pós-graduação.

“O registro da marca é significativo porque fortalece a identidade, a reputação do programa e do Grupo de Pesquisa em Toxicologia (GPTox), da Ufal/CNPq. Ademais, protege o uso do nome e da marca do CITox de fins que não sejam autorizados pela coordenação e pela instituição alagoana. Além de conferir projeção às ações de ensino, extensão, pesquisa e desenvolvimento realizadas pelos estudantes, em nível de iniciação científica, mestrado e doutorado, técnicos e docentes da Ufal, vinculados ao grupo de pesquisa”, destaca a coordenadora,  Maria Aline Barros Fidelis de Moura, mestre e doutora em Química e Biotecnologia. A pesquisadora é professora titular do Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF), unidade acadêmica do Campus A.C. Simões, em Maceió.

Em atuação desde 2009 o Centro de Informações Toxicológicas da Ufal (CITox) é um programa de extensão contínuo, vinculado ao GPTox (Ufal/CNPq) e ao ICF. Desempenha suas ações de forma interdisciplinar envolvendo estudantes, técnicos e docentes da unidade acadêmica ao qual está vinculado e de outras das áreas de Saúde, das Ciências Biológicas e de Relações Públicas. Aline Fidelis, que também lidera o Grupo de Pesquisa, informa que, desde a fundação o CITox tem sido aprovado em diferentes editais institucionais e editais de ampla concorrência nacional. O depósito para o registro da marca junto ao INPI se deu no dia 22 de janeiro de 2024 e foi concedido no dia 23 do recente mês de setembro.

“Sinto-me feliz em ter contribuído no processo criativo da marca, hoje registrada pelo INPI, relevante organização que chancela em sua avaliação aspectos inerentes à disponibilidade, originalidade, licitude e veracidade da marca. Além disso, é uma honra ter a oportunidade de realizar este feito junto à Ufal e contribuir pontualmente para a excelência com que a instituição atua no estado de Alagoas”, comemora o professor e co-criador da marca,  Daniel Barros, docente do curso de Relações Públicas, que pertence ao Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (Ichca).

Com dinâmica atividade acadêmica, na graduação em Farmácia Aline leciona as disciplinas Tóxicologia e Atividade Curricular de Extensão (ACE Citox) e no Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, Tópicos Avançados em Toxicologia. Segundo a pesquisadora, duas ações do programa se destacam como as principais: CITox nas Escolas e CITox nas mídias. A primeira, promove momentos em escolas da rede de ensino, pública e privada, na capital e tem como público-alvo estudantes da Educação Básica, inclusive, Educação de Jovens e Adultos (EJA). A segunda ação consiste na presença do citado Centro de Informações Toxicológicas, nas principais redes sociais por meio do @citoxufal.

Ciência toxicológica

Os pesquisadores do GPTox atuam, desde a formação do grupo, nas linhas de Toxicologia Psicossocial e Toxicologia Forense. Atualmente, está sob a coordenação de Aline Fidelis, em nível de Iniciação Científica (IC), Ciclo Pibic 2025-2026 (com bolsa CNPq), um projeto intitulado de “Cannabis sativa, da panaceia à evidência científica: um estudo sobre evidências para o uso clínico racional do óleo full spectrum e seus canabinoides, para tratamento de comorbidades associadas à dependência química e contribuições para a elaboração do novo Plano Nacional de Políticas sobre Drogas (PLANAD). O projeto conta com a participação de dois estudantes de iniciação científica, sendo um, do ICF e uma estudante, da Faculdade de Medicina (Famed). Dois alunos do mestrado do ICF fazem a co-orientação do trabalho.

O CITox promove a difusão da ciência toxicológica acerca de toxicantes que podem causar danos às pessoas, a saber: medicamentos, drogas psicoativas, agrotóxicos, metais pesados, plantas tóxicas, animais peçonhentos, entre outros. O principal tema abordado junto aos escolares são as substâncias psicoativas (drogas e medicamentos).

“Esta temática foi estabelecida pelas gestões de escolas e seus professores, tendo em vista a necessidade de trabalhar o assunto de forma ampla, baseado em evidências científicas e com abordagem na lógica da redução de danos. Nas mídias, além das drogas, são abordados outros temas, objetos de estudo da Toxicologia, sempre visando popularizar e difundir a ciência, por meio da educação em saúde”, enfatiza Fidélis.

Conexão com os pilares da universidade

Como programa de extensão, Aline destaca a indissociabilidade entre os três pilares da universidade: ensino, pesquisa e extensão. “A extensão representa e enaltece o potencial da universidade para garantir a inserção social em seus processos acadêmicos. Na última década, gestores, docentes, técnicos e estudantes vêm lutando mais fortemente e garantindo que a extensão universitária conquiste seu espaço oficialmente”, afirma.

Aproveita para dizer que, em 2018 o Conselho Nacional de Educação, por meio da resolução nº 7/2018, determinou a curricularização da extensão universitária nos cursos de graduação. Em 2024, a Capes lançou o edital Programa de Extensão da Educação Superior na Pós-Graduação (PROEXT-PG),  “por entender a importância da extensão para garantir a expansão do universo de referência dos estudantes de pós-graduação e reafirmar o compromisso ético e solidário da Universidade Pública, além de contribuir para a redução de disparidades no Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG)”.

Em nível de graduação, o CITox foi aprovado junto ao Edital do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET: Informação e Saúde Digital (PET-Saúde/I&SD), por meio de um Grupo de Atividade Tutorial (GAT). O grupo faz parte do projeto institucional da Pró-reitoria de Graduação (Prograd), sob coordenação geral da professora Cristiane Nascimento, do Campus Arapiraca.  

O GAT CITox tem a coordenação de Aline Fidelis e vice-coordenação do professor Daniel Barros, por sua dupla expertise, em Relações Públicas e em Sistemas de Informação. Conta com a participação de seis preceptores bolsistas, farmacêuticas e psicólogos, da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió e do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU). Também fazem parte do grupo oito monitores bolsistas oriundos das seguintes graduações: Medicina, Enfermagem, Farmácia, Psicologia e Relações Públicas.

Na graduação, o CITox atua por meio do Programa Institucional de Extensão Universitária – PIEX – CITox e suas Atividades Curriculares de Extensão (ACE). Ambos estão registrados junto ao Projeto Pedagógico do curso de Farmácia e à PROEXC/Ufal. Na pós-graduação, a atuação do citado Centro, se dá por meio do PPGCF nas Escolas, projeto aprovado junto ao edital PROEXT-PG/Capes, institucionalizado pela Pró-reitoria de Pesquisa (Propep). O projeto é composto por cinco subprojetos coordenados por docentes permanentes do PPG em Ciências Farmacêuticas da Ufal, sendo um deles o CITox nas Escolas, com ampla participação de mestrandos e doutorandos do Programa de Pós-graduação da unidade acadêmica.

Em nível de pós-graduação, há alguns estudos científicos em andamento sob a orientação da professora Aline, a exemplo do projeto desenvolvido pelo farmacêutico Sávio Ricardo, mestrando pelo Programa de Pós-graduação do IC e também bolsista da Fapeal. Denominado de Padrões de uso de medicamentos e substâncias psicoativas entre profissionais de Farmácia: Um estudo quantitativo em um hospital universitário, o projeto tem a co-orientação da farmacêutica Larissa Vieira, do HU.

“A importância desse estudo se justifica pela necessidade de compreender os padrões de uso de medicamentos e substâncias psicoativas entre profissionais de Farmácia, especialmente em ambientes hospitalares universitários, onde o acesso facilitado a fármacos e a elevada carga de estresse ocupacional podem favorecer comportamentos de automedicação e uso inadequado dessas substâncias”, destaca Fidelis.

A pesquisadora complementa dizendo que, ao investigar esse fenômeno, “busca-se não apenas identificar possíveis fatores de risco à saúde mental e física dos profissionais, mas também subsidiar a formulação de estratégias institucionais de prevenção, apoio e promoção da saúde no ambiente de trabalho. Ainda,  fortalecimento da segurança do paciente, da ética profissional e construção de políticas públicas voltadas ao uso racional de medicamentos no contexto da saúde ocupacional”.

Na área da Toxicologia Forense, a professora Aline orienta uma pesquisa intitulada de Perfil toxicológico como ferramenta para o enfrentamento do uso de substâncias facilitadoras de violência sexual (DFSA) em vítimas atendidas pela Rede de Atenção às Violências (RAV) de Alagoas. O estudo é de significativo impacto social e vem sendo desenvolvido pelo farmacêutico e mestrando do PPGCF, Thalmanny Goulart, perito da Polícia Científica de Alagoas e chefe de perícias do Laboratório Forense de Alagoas.

“Essa pesquisa é de grande relevância ao propor a análise do perfil toxicológico como ferramenta estratégica no enfrentamento da violência sexual facilitada por substâncias psicoativas (DFSA), uma forma insidiosa e crescente de agressão que compromete não apenas a integridade física e psicológica das vítimas, mas também desafia os sistemas de saúde, segurança e justiça”, diz Aline Fidelis que complementa,  destacando:

“No contexto da Rede de Atenção às Violências (RAV), em Alagoas, a identificação precoce e precisa das substâncias envolvidas nos casos de DFSA é fundamental para assegurar o acolhimento adequado das vítimas, subsidiar a produção de provas técnicas em processos judiciais e orientar ações de prevenção e políticas públicas intersetoriais”. De acordo com a professora, a pesquisa contribui para o fortalecimento das práticas forenses e assistenciais, promovendo uma resposta mais eficaz, humana e baseada em evidências diante de uma grave violação de direitos humanos.

“É importante destacar que essa pesquisa é fruto de subsídio do Estado de Alagoas na área de Segurança Pública e do Governo Federal por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (SENAD), pois, nasce a partir da rotina de análises toxicológicas da Polícia Científica de Alagoas. Dessa forma, o papel da pós-graduação e do GPTox tem sido coadunar o fazer científico no processo para contribuir na qualificação de alto nível do farmacêutico perito Thalmanny Goulart, além de contribuir para a inserção social do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Ufal”, finaliza.