Professor da Ufal encerra intercâmbio na Bélgica e pretende ampliar parceria

Rodolfo Tenório, da Feac, reforçou a importância da internacionalização e do fortalecimento da pesquisa no Brasil

Por Manuella Soares - jornalista
Professor José Rodolfo Tenório Lima
Professor José Rodolfo Tenório Lima

O professor José Rodolfo Tenório Lima, vinculado à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac) e docente do mestrado em Sociologia (ICS) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), está encerrando o ciclo como pesquisador visitante na Universiteit Gent, na Bélgica, no próximo dia 15 de outubro. Ele conta que a experiência foi enriquecedora e expandiu seus horizontes acadêmicos por meio dessa iniciativa internacional.

A oportunidade surgiu após ter a proposta de pesquisa aprovada numa chamada para financiar a estada de pesquisadores provenientes da América Central e do Sul. Durante um mês Rodolfo ficou lotado no Departamento de Estudo sobre Conflito e Desenvolvimento onde realizou reuniões com pesquisadores, participou de seminários e apresentou um seminário de resultados dos seus estudos.

Egresso da Ufal, professor por quase uma década no Campus Arapiraca antes de integrar a equipe da Feac em 2024, Rodolfo Tenório pesquisa sobre as transformações do setor canavieiro no Brasil, especialmente no impacto da mecanização na geração de empregos. Ele conta que em aproximadamente 15 anos, esse setor eliminou cerca de meio milhão de postos de trabalho na produção de cana-de-açúcar.

“São mudanças extremamente relevantes, principalmente quando a gente olha para a questão do trabalho, o avanço das máquinas, que ocorreu nesse curto período. Procuro estudar não só a perda dos postos de trabalho, a redução, mas também tem outras implicações. E o atual estágio da minha pesquisa, que é justamente de um projeto que eu consegui aprovar junto ao CNPq, é tentar entender para onde os trabalhadores estão indo ao deixar os canaviais”, destacou, contextualizando que o foco do estudo é em Alagoas e os resultados foram compartilhados com os pesquisadores da UGent.

A experiência no intercâmbio permitiu ao professor refletir sobre diferenças essenciais entre os contextos acadêmicos brasileiro e europeu. "Inúmeras sensações são sentidas. Primeiro é a riqueza e também o desafio de lidar com outra cultura e, principalmente, com outra língua. A gente no Brasil, particularmente Alagoas, estamos muito isolados”, aponta. Outro aspecto importante que ele ressaltou foi a forte presença da internacionalização na universidade belga. Em apenas um mês ele conheceu pessoas de países como Itália, Alemanha, Irã, Paquistão, Argélia, além de interagir informalmente com pesquisadores de várias outras nacionalidades. Para José Rodolfo, essa diversidade enriquece o ambiente acadêmico e reflete a centralidade da universidade na cena global.

Ele destaca também a disparidade nas condições de trabalho e infraestrutura, ressaltando que na Bélgica os recursos disponíveis para pesquisa de professores e alunos são significativamente superiores aos do Brasil. “Diante de todas as adversidades que a gente tem, ainda conseguimos produzir conhecimento, fazer ciência. Isso nos torna muito especiais, porque fazer com as condições que a gente tem é fazer muito. Isso evidencia o quanto nós somos bons no que fazemos, que tem que ser reconhecido e, principalmente, valorizado”, reforçou.

Ao concluir sua experiência, o professor Rodolfo expressa o desejo de ampliar a parceria entre a Universiteit Gent, e a Ufal, visando fortalecer mobilidades acadêmicas, intercâmbio de estudantes e pesquisadores, especialmente na área de estudos do trabalho e conflitos sociais. “Acho que é importante essa parceria, essas formas de internacionalização, até para que a gente possa divulgar as nossas pesquisas, ampliar as redes de conhecimento e pesquisas”, comentou.