Pesquisa de professora da Ufal conquista 1º lugar em evento nacional de AVC

Estudos comparam impactos em pacientes que receberam tratamento com telemedicina em São Paulo

Por Manuella Soares - jornalista
- Atualizado em
A professora Letícia Januzi (ao centro) com o orientador Octávio Pontes e a co-orientadora Jussara Baggio
A professora Letícia Januzi (ao centro) com o orientador Octávio Pontes e a co-orientadora Jussara Baggio

A professora Letícia Januzi, da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), voltou do maior congresso brasileiro sobre Acidente Vascular Cerebral (AVC), realizado no mês de outubro, em Florianópolis-SC, com o 1º lugar na categoria Melhor Trabalho Científico do Prêmio Norberto Cabral. A conquista no prestigiado evento promovido pela Sociedade Brasileira de AVC, evidencia o impacto e a relevância do seu estudo na área de neurologia e saúde pública.

A pesquisa de Letícia é uma importante contribuição para o avanço do atendimento ao AVC no Brasil, especialmente para aqueles que vivem em regiões com acesso limitado a neurologistas. O trabalho, que faz parte do seu doutorado pelo programa de Neurologia da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, investiga o uso da telemedicina (telestroke) no cuidado ao AVC isquêmico, uma das doenças que mais causa mortes e incapacidades no país.

De acordo com a professora, a taxa de trombólise endovenosa no Brasil — tratamento que dissolve o coágulo responsável pelo AVC — é inferior a 5%. Para ampliar o acesso a essa terapia vital, o uso da telemedicina tem se mostrado uma estratégia promissora. O estudo de Letícia analisa dados epidemiológicos de sete anos, desde 2016 a 2022, do banco de dados público da cidade de Matão, São Paulo, comparando os períodos antes e depois da implementação do telestroke na região.

Principais resultados e contribuições

Os resultados mostraram uma expansão significativa no tratamento do AVC via telemedicina: a taxa de trombólise quadruplicou após a implantação da ferramenta. Além disso, houve uma redução de quase 80 minutos no tempo entre a chegada do paciente ao hospital e a administração da medicação trombolítica, um dado crucial para melhorar os desfechos dos pacientes.

Outro aspecto importante foi que a implementação do telestroke não aumentou as complicações, como hemorragias intracranianas, e tampouco afetou negativamente os desfechos funcionais dos pacientes, medidos pela escala de Rankin modificada. Isso indica que essa estratégia é segura e eficaz, principalmente em regiões com escassez de neurologistas disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana.

Reconhecimento

O trabalho contou com a colaboração da professora Jussara Boggio, do curso de Medicina do Campus Arapiraca, e da aluna da Ufal Maria Anaysa Soares Santos, além do apoio de colegas e pesquisadores de Matão. O primeiro lugar no Congresso Brasileiro de AVC destaca sua relevância para a ciência e para a saúde pública brasileira.

Para Letícia, a premiação representa um reconhecimento importante ao esforço de criar estratégias inovadoras para reduzir desigualdades no acesso ao tratamento do AVC no Brasil, rompendo barreiras geográficas e de recursos humanos.

“Agradeço a parceria dos meus orientadores e amigos Octavio Pontes e Jussara Baggio, e ao apoio da equipe do Hospital Carlos Malzoni, em nome do doutor César Minelli e da enfermeira Esther. E agora, como somos bicampeões, que venha a defesa!”, comemorou, já na expectativa de concluir o doutorado.